A relação de consumo mudou durante o período de isolamento social imposto devido à pandemia do novo coronavírus. Dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) informam um aumento de 30% nas vendas pela internet durante as duas primeiras semanas de abril. “Milhares de consumidores que nunca haviam feito uma compra on-line fizeram agora”, afirma Maurício Salvador, presidente da entidade. Empresários e consumidores precisaram se adaptar aos novos tempos.
Um exemplo é o do comerciante Arineu Lemes Vieira, de 51 anos. Ele passou por várias mudanças na carreira, pois há 20 anos começou com uma banca na Feira da Lua, em Goiânia, vendendo chinelos de quarto. Após cinco anos, atendendo pedidos de clientes, passou a comercializar também pijamas. O negócio cresceu e há 10 anos ele abandonou o emprego para abrir a loja Estação Fofura, localizada no Estação da Moda Shopping. Por fim, três anos atrás o empresário deu mais um passo: deixou de ser feirante e atende somente no centro comercial.
Depois de tanta caminhada, ele acreditava que tudo caminhava para a estabilidade quando a pandemia começou e seu comércio teve de ser paralisado. E as vendas pela internet passou a ser o novo aprendizado para a sobrevivência. Vendendo pijamas e chinelos de quarto . “Passei a vender mais pelo whatsapp. O lado bom é que, como atendo a muitas gestantes, uma vai me indicando para a outra”, conta ele, que afirma fazer entre cinco e oito vendas por semana.
Sobre a reabertura da loja, Arineu espera que seja em breve. “A expectativa é de retornar logo, porque o processo de venda vai demorar também. Os clientes não voltarão rápido a fazer compras como antes”, analisa o comerciante acerca da volta das pessoas a uma rotina normal de compras após o período de isolamento social e reabertura total dos estabelecimentos em Goiânia, que é um polo de vendas de vestuário para todo País.
Incremento
Instalada no mesmo centro comercial, a empresária Kelly Cristina Dallagostinho, de 35 anos, já havia experimentado as vendas por canais digitais antes do decreto do governo o Estado que determinou o fechamento do comércio.
“Tenho um grupo de lojistas e já fazia algumas vendas pela internet, mas quando veio a paralisação investi no Instagram. Chamei meus clientes, mandando novidades e sempre perguntando como eles estavam e o que precisavam”, explica sobre a atuação on-line, por onde vende para a capital, Aparecida de Goiânia, Mato Grosso, Paraná, Acre, além do interior de Goiás. “Em Goiânia nós mesmos entregamos e para fora estamos mandando por transportadora, Correios e carros de entrega”, explica.
Ela começou há 14 anos vendendo do peças íntimas em feiras, um segmento no qual o pai já atuava, e chegou a participar de 12 feiras livres por Goiânia. Com a abertura do Estação da Moda a comerciante instalou no local quando as lojas ainda tinha formato de bancas. Logo depois se tornou a loja Duda Moda Íntima, onde possui duas lojas: a primeira com produtos femininos e a segunda com masculinos, além de outras três na região da 44.
Kelly Cristina confirma que o período é complicado, mas ao contrário de alguns colegas está conseguindo vender. “Considerando o momento que estamos passando, não posso reclamar, faço de seis a oito vendas por semana”, revela.
A expectativa para a retomada das vendas presenciais é grande e ela já se programa. “Estamos organizando todas as lojas, limpando e nos adequando ao que for pedido para podermos voltar logo. Estou pensando em novidades e preços excelentes para incentivar o giro novamente, pois não está fácil”, afirma.