O assessor da presidência do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares no Estado de Goiás (SCHSEG), Antônio Carlos de Souza, um dos organizadores da manifestação "Salvem Nossas Famílias", concedeu entrevista ao jornal Diário da Manhã nesta quarta-feira (10). O protesto ocorreu hoje em frente ao Paço Municipal, no Parque Lozandes. O ato reuniu trabalhadores que pediram a reabertura do comércio.
Segundo o assessor a manifestação transcorreu dentro do previsto e tinha o objetivo de mostrar para a sociedade o cenário que vivem as famílias goianas diante da pandemia do novo coronavírus. "As famílias goianas de várias categorias de trabalhadores estão numa situação muito complicada passando por necessidades, perdendo seus postos de trabalho por não ter um planejamento da parte da Prefeitura de Goiânia para reabertura do comércio".
Ele destaca que um cronograma de reabertura havia sido sinalizado na penúltima manifestação, no entanto não foi efetivado. "O prefeito recuou, não assumiu o compromisso que havia feito. Dentro dessa realidade nós resolvemos fazer essa manifestação porque fome também mata".
Apesar da circulação do vírus, o assessor aponta que a reabertura se daria com respeito ás recomendações sanitárias de especialistas para conter a disseminação da Covid-19. "Nós sabemos do risco da pandemia, sabemos o que o mundo está enfrentando, mas a proposta que nós estamos fazendo é que se abra com responsabilidade, cumprindo todos os protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS) e que não coloque nenhum trabalhador, nenhum família em risco mais do que já está com relação ao desemprego e a falta de alimento".
"Nós seremos responsáveis"
Conforme o assessor da presidência do SCHSEG a proposta de reabertura dos bares e restaurantes do comércio seria de acordo com os protocolos de segurança e higiene da Organização Mundial da Saúde (OMS) para diminuir a propagação do vírus.
"Nós seremos responsáveis para que o cliente que venha até nós tenha toda essa orientação de utilização de máscaras, de manter o distanciamento, de utilização do álcool em gel, de higienizar bem as mãos. Nós temos toda essa preocupação. Nenhum trabalhador, nenhuma família, nenhum empresário quer ter esse vírus circulando dentro do seu ambiente social. A gente quer distância, quer manter o ambiente saudável para que a gente possa receber os nossos clientes, para que a gente possa receber os nossos familiares com segurança e saúde. E mais importante: ter o que comer em casa", explica.
Falta diálogo com as autoridades
De acordo com Antônio Carlos de Souza o diálogo é sempre bem-vindo nessas horas para chegar-se em um entendimento. No entanto, existe uma dificuldade para essa conversa ser estabelecida. "O que mais prejudica esse diálogo nesse momento, são pessoas realmente comprometidas a resolver o problema, empenhadas a dar uma solução. Não pode-se administrar uma prefeitura do porte de Goiânia com ingerência, delegando as atribuições à outras pessoas".
Segundo o assessor, hoje a Prefeitura está à deriva. "O prefeito não toma uma posição, joga para a secretária de Saúde, que também não tem a posição para apresentar para a sociedade e a sociedade fica nessa questão toda, sem perspectiva de dias melhores".
Ele realça que até houve uma reunião entre a secretária de Saúde, Fátima Mrué, com donos de restaurantes e alguns representantes do foro empresarial, da qual a SCHSEG não participou. Durante o encontro, ela havia sinalizado um cronograma de reabertura, mas foi suspenso, conforme o assessor.
"Dia 6 ia reabrir alguns shoppings, dia 13 o pessoal da 44. Inclusive muita gente comprou material para estoque, para confeccionar e colocar a produção novamente em ordem. E com esse cancelamento frustrou-se todo um planejamento e voltou à estaca zero. Então isso para a gente é muito prejudicial. Tem gente que não consegue mais ter um raciocínio mental saudável por estar nessa angústia toda e não ter nenhuma posição", argumenta.
"A gente tem que acordar com a realidade de que a gente vive hoje num holocausto de empresas quebradas, holocausto de famílias sem ter o que comer, e essa é a nossa realidade. O vírus mata, a gente tem consciência disso. A transmissão é muito fácil, sim. Mas a fome também mata. A depressão também mata. Então isso é o que preocupa a gente nesse momento: a sobrevivência dos trabalhadores da categoria, de todos os trabalhadores do comércio"Assessor da presidência do Sindicato dos Empregados no Comércio Hoteleiro e Similares no Estado de Goiás (SCHSEG), Antônio Carlos de Souza, em entrevista ao DM.
Sem resposta positiva da Prefeitura
O assessor pontua ainda que o sindicato não recebeu, até o momento, nenhuma resposta positiva por parte da Prefeitura de Goiânia ou do governo de Goiás com relação à proposta de reabertura do comércio.
"Mas isso não significa que iremos parar com o movimento não. Ele irá continuar até que se abra um canal de negociação no que se tenha uma definição concreta da reabertura do comércio", ressalta.
"Espero que isso se resolva o quanto antes porque é um efeito dominó. Começa no comércio, que está sendo mais afetado, mas vai se desdobrando para outras categorias e isso pode gerar consequências desastrosas para a sociedade".