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Vitiligo - o estigma social por trás das manchas

De acordo com a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), o vitiligo é uma doença dermatológica crônica que está relacionada com a diminuição ou ausência de melanócitos – que são as células responsáveis pela coloração da pele. As principais características da condição que atinge cerca de 2% da população mundial são manchas brancas espalhadas pela pele.

As causas do vitiligo ainda não foram completamente esclarecidas embora existam teorias que buscam explicar o surgimento da doença. As mais conhecidas fazem associação da condição com algumas doenças autoimunes, à tireoide, histórico familiar e fatores emocionais como o estresse.

Não existe uma maneira específica de prevenir a doença e além das manchas brancas e dos pelos da região atingida também serem brancos, há uma maior sensibilidade de pessoas com vitiligo às queimaduras solares. Pode se tornar sistêmica, há pacientes que sofrem perda de audição e inflamação ocular.

Tratamento

A doença é progressiva e não possui cura, mas há diversas opções de tratamentos que ajudam a barrar o avanço das lesões e a repigmentar a pele, sem que haja diferenciação de cor.

O tratamento é feito com médico dermatologista e acompanhamento psicológico é indicado aos pacientes para melhorar a qualidade de vida. De acordo com os especialistas, também é importante buscar uma alimentação saudável que possa auxiliar no controle da imunidade.

Apesar de não ser contagioso, por se espalhar e atingir áreas visíveis do corpo, o vitiligo causa desconforto ao paciente por sua aparência e é cercado de preconceito.

Além do impacto social, os estigmas que cercam a doença impactam seriamente na saúde emocional dos portadores – o que pode piorar a doença.

Convivendo com Vitiligo

A enfermeira goiana Mirna Pereira Ribeiro, de 35 anos, sofre com a doença desde os nove anos de idade. De acordo com ela, no seu caso o vitiligo tem fundo emocional, justificado por sua história de vida. Mirna contou ao DM um pouco de sua experiência com a doença com a qual convive há 24 anos.

“Minha história é de superação”, Mirna Ribeiro afirma que seu pai adotivo trabalhava no hospital onde foi deixada pela mãe biológica em Jataí (GO), “todo mundo que ia me ver não me queria, porque falavam ‘ela é pretinha’, então minha mãe (adotiva) resolveu ficar comigo”.

Segunda a enfermeira sua mãe biológica não tinha condições de criá-la e relata que foi vítima de estupro, episódio que resultou na gravidez dela, aos 16 anos. “Meu vitiligo pode ter sido desencadeado por essa história, lá do útero da minha mãe”, ela afirma que também se sentia rejeitada pelas pessoas.

Desde seu diagnóstico na infância a enfermeira enfrenta preconceitos, “me sentia inferior, sempre fui uma criança que se escondia. Sempre me privei de fazer as coisas por causa do vitiligo”. Com uma infância conturbada, conta que enfrentou problemas de autoaceitação, “eu nunca me aceitei. Tive depressão”.

Conscientização

Atualmente ela usa sua experiência e fala sobre a condição nas redes sociais para poder ajudar outras pessoas que sofrem com o problema ou não se aceitam, “eu estou vivendo com vitiligo de uma forma saudável”. A enfermeira afirma que agora aos 35 anos se aceitou e até mesmo atua como modelo, “sou mais feliz, tenho muita fé em Deus”.

Muitas pessoas a procuram para conversar e pedir ajuda, “tem pessoas que preferem queimar a pele a ter vitiligo, eu quero ajudar essas pessoas”. Mirna relatou que sempre teve acompanhamento psicológico e ressalta a importância do mês de conscientização do vitiligo, “acho muito importante que as pessoas tenham conhecimento. Vitiligo não é contagioso. Não altera meu caráter”, finaliza.

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