A pandemia provocada pelo novo coronavírus Sars-CoV-2 (covid-19), isolou familiares e amigos do lazer e da convivência social. Entretanto, a saudade e a necessidade de preservar a vida, principalmente dos idosos, que formam o grupo mais vulnerável em contaminação e complicações, em decorrência das doenças pré-existentes. E são os que mais padecem e necessitam de uma maior atenção.
Os protocolos orientam que fiquem isolados, e os jovens, especificamente às crianças (que muitas vezes são assintomáticos), devem manter distância das pessoas com mais de 60 anos. E com isso podem ocorrer para os idosos uma sensação de abandono e tristeza.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de letalidade do vírus é baixa, em torno de 2% e 3% no mundo. Afirmam que 80% da população vai ter a infecção e apresentar apenas sintomas leves. Mas a seriedade se modifica com o avanço dos anos, as evidências demonstram um aumento de 8% em pacientes de 70 a 79 anos e atingem 15% em maiores de 80 anos. Porém, é necessário proporcionar aos idosos momentos de lazer e entretenimento.
Mas, antes de qualquer intervenção a ser feita com os idosos, é necessário que aqueles que estão no convívio direto, sejam familiares, amigos ou cuidadores, estabeleçam uma boa comunicação, para poder entender as preferências e rotinas do idoso. Pois dessa forma, a conciliação de atividades que envolvam cuidados e lazer tornam-se mais efetivas, e com isso geram mais satisfação.
No caso, é importante incentivar os idosos a estarem utilizando principalmente a internet para criar algumas situações, como jogos e brincadeiras virtuais, que incluam todos da família. Incentivar a acompanhar as cerimônias religiosas por meio virtual, transmitir vídeos e fotos. Inserindo-os nos lazeres da família.
Para a pensionista Matilde Lima Barbosa, 86 anos, moradora na Cidade Satélite São Luís, Aparecida de Goiânia, com sete filhos, nove netos e 12 bisnetos, a pandemia mudou muito sua costumeira rotina. Além de impedir a convivência com os seus familiares.
Idosa revela que sente falta do contato com as crianças da escola que passavam por sua quitandinha
Antes, ela acordava todos os dias às 6h30, para atender as crianças da escola, em frente a sua casa, na quitandinha de balas e doces, seu passatempo predileto. Agora que a escola fechou por conta do decreto governamental, ela afirmou que está sem chão. "Não está tendo aulas, as escolas estão fechadas, quando reabrir eu começo novamente a trabalhar. Estou sentindo muita falta dos meninos, pois para mim era a terapia melhor que tinha", destacou.
O contador aposentado Umberto Luiz, 68 anos, ressaltou que sua maior ansiedade e tristeza é ficar longe dos amigos e familiares, mesmo mantendo interação através do celular. E com temor de contrair covid-19, tem se afastado das saídas e caminhadas matinais.
"Não costumo sair, só saio quando não há outra pessoa da família que possa atender minhas necessidades. E quando saio, tenho todo cuidado, como uso de máscara, álcool em gel e distanciamento social", salientou.
E quanto ao desafio emocional que a pandemia acarreta, busca nos livros e programas educativos o entretenimento para preencher o tempo. "Como ser gregário, me sinto confinado e com o sentimento de privação de liberdade. Sendo amante do futebol, de ir ao estádio, ver o dragão jogar, também fazer minhas caminhadas, o que mais me faz falta, então busco ler bastante", destacou o contador aposentado.
Psicólogo afirma que é preciso afastar os idosos de notícias trágicas e deprimentes sobre a pandemia
De acordo com o psicólogo Leonardo Ferreira Faria, especialista em Neuropsicologia, com atuação cognitiva e forense, é importante incentivar o idoso, concedendo tempo na agenda para atividades prazerosas, assim como ter uma dieta equilibrada, evitar o consumo de álcool e tabaco, ter uma rotina de sono regular. Orientar os idosos a se afastar das notícias trágicas, monotemáticas e deprimentes sobre o vírus.
"Mesmo dentro de casa, incentivá-los a encontrar um local para banho de sol, e à prática de atividades físicas leves, e caminhada", declarou o especialista.
Ainda segundo Leonardo Faria, é necessário manter uma comunicação clara e respeitosa, com informações compreensíveis, realistas e cuidadosas sobre a condição de saúde do idoso, assim como possíveis medidas para manter a saúde, e prevenir a infecção pelo novo coronavírus.
"As argumentações devem explicitar que as preocupações e as orientações que estão sendo feitas, são pelo fato de termos amor por eles, e não o contrário. Ao mesmo tempo explicar também que todos nós na vida passamos por frustrações, que foram causadas por momentos onde tínhamos que renunciar àquilo que gostamos, para não termos consequências negativas em nossas vidas. Isso pode ser feito com o uso de exemplos, e momentos de superação que o idoso já tenha passado na vida. Por isso é importante falar dessas situações e buscar resoluções possíveis", destacou.