Nesta sexta-feira (21), o Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) deflagrou uma operação para apurar um esquema de lavagem de dinheiro na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), responsável pelo Santuário Basílica de Trindade. Ao todo 16 mandados de busca e apreensão serão cumpridos.
Um dos alvos da operação é o fundador e presidente da Afipe e reitor da Basílica, padre Robson de Oliveira Pereira, 46 anos. São investigados os crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro, falsificação de documentos, sonegação fiscal e associação criminosa.
As ordens foram expedidas pela juíza Placidina Pires. No entanto, de acordo com portal G1 ainda participam 20 promotores de Justiça, mais de 50 servidores do Ministério Público, quatro delegados, oito agentes e mais de 60 policiais militares.
A operação denominada Vendilhões, teve início em 2018 após uma denúncia de extorsão feita pelo padre Robson de Oliveira. De acordo com as investigações ele teria sofrido extorsão entre março e abril de 2017 e pago parte do valor solicitado usando contas da Associação.
Conforme requerimento, padre Robson teria determinado o pagamento de R$2.930.000,00 (dois milhões, novecentos e trinta mil reais) das AFIPES para terceiros que ameaçavam divulgar informações sobre sua vida pessoal. Apartir desses pagamentos foram verificados outras apropriações e negociações envolvendo os bens da entidade.
Pedido de prisão de padre Robson
Nesta manhã o Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) divulgou que o Ministério Público solicitou a prisão de padre Robson Oliveira, presidente da Afipe, entretanto a juíza Placidina Pires negou o pedido. A magistrada retirou o sigilo do processo por se tratar de um caso de interesse público porém também negou o afastamento do clérigo da Afipe.
No pedido de prisão o Ministério Público de Goiás afirmou que há vários anos o sacerdote estaria se apropriando de recursos da Afipe, pediu ainda que ele fosse afastado do cargo e proibido de entrar nos imóveis da associação.
Segundo o MP, houve pagamentos indevidos de quase R$ 120 milhões da Afipe para grupos de empresas e pessoas e que esses gastos tinham vínculo com negócios indevidos, como a compra de imóveis, propriedades rurais, bem como emissoras de rádio.
Em um dos documentos enviados pelo MP consta que “valendo-se da condição de presidente das associações, padre Robson apropriou-se de valores arrecadados pelas entidades, ignorando a finalidade da criação dessas pessoas jurídicas, e mais, utilizou-se dos imóveis da associação em proveito próprio e de terceiros”.
No entanto, para a juíza, as alegações do órgão não são suficientes para determinar a prisão do líder religioso que além de ser réu primário possui “bons antecedentes criminais”. Posteriormente ressaltou não haver informações concretas de que permanecendo em liberdade o padre poderia destruir provas ou intimidar testemunhas.