O projeto social Móvel Solidário, do coletivo Ideias Urbanas, arrecada sobras de madeira que não são utilizadas mais para converter o produto reciclado delas em alimentos. O resultado é doado a instituições sociais de Goiânia e pessoas em situação de vulnerabilidade social. Neste mês, o projeto será destinado à uma campanha especial de Natal, em benefício aos refugiados que vivem no município.
De acordo com designer de interiores e acadêmico de arquitetura, Filemon Alves Tiago, idealizador do projeto, o Ideias Urbanas sempre esteve envolvido em ações sociais, mas diante da pandemia algumas campanhas foram reformuladas. O dia mundial da limpeza se transformou em cada um cuidando do seu quadrado, o start para a campanha.
“Comecei a observar o lixo que eu produzia dentro da minha marcenaria e tentei achar uma solução para isso. O que sobra em algum momento vai pro lixo, não temos uma coleta seletiva para esse material”, explica.
Diante disso, em parceria com algumas industrias de móveis ele começou a arrecadar o material excedente e promover oficinas de marcenaria. “Queríamos dar um destino diferente para esses pedaços de madeira, começamos a fazer bancos, cadeiras, poltronas. Hoje estamos com um leque maior de produtos”.
Parcerias do bem
Segundo o designer, toda a produção é funcional e através dessas oficinas o projeto foi encontrando Organizações Não Governamentais (ONGs), entre elas a Missão Amar Sem Fronteiras (MASF), que apoiam pessoas refugiadas. “Promovemos uma oficina com eles. A partir desta oficina trocamos o móvel produzido em alimentos”, aponta.
Agora, a ideia é abraçar novas causas, Filemon relata que está em busca de recursos para aquisição de um maquinário que o permitirá auxiliar internos de casas de recuperação. “Estamos com uma instituição em vista. Nosso intuito em 2021 é melhorar ambientes, como creches, orfanatos e asilos com esses materiais”.
Fazendo a diferença no meio ambiente e social
A arquiteta Stephanie Drogomireck afirmou ao DM que foi professora de arquitetura do Filemon e na época, já via o interesse dele por questões sociais e sua preocupação com o próximo. “Esse ano ele me contactou e me perguntou se eu poderia ajuda-lo nesse projeto. Fiquei encantada com o projeto e o destino dessas cestas. Hoje, tanto eu quanto minha família ajudamos nesse projeto maravilhoso!”, comenta.
Para a profissional, o projeto tem impacto em todas as pessoas que se envolvem nele, não apenas com bens materiais, mas pelo que ele representa. “Para quem produz os móveis e para quem doa as cestas, é algo que se torna pessoal, é algo que percebemos que queremos fazer mais e mais, pois é onde podemos ajudar de alguma forma as pessoas mais vulneráveis, esquecidas e sem querer nada em troca”, diz.
Já sobre o quesito sustentabilidade, ela afirma que o projeto não é sustentável apenas pela a reutilização de madeiras, mas também por estar diretamente ligado ao desenvolvimento sustentável da ONU. De acordo com Stephanie Drogomireck, os cursos oferecidos pelo projeto buscam beneficiar e melhorar a qualidade de vida de grupos economicamente vulneráveis.
“Acredito que trabalhos dessa forma, acabam estimulando outras pessoas a fazerem ou participarem de projetos sociais e consequentemente mostrando melhor a realidade de tantas famílias vulneráveis que existem no Brasil. Como sempre digo, não importa o tamanho do projeto, mas sim a diferença que ele irá fazer na vida das pessoas que precisam de ajuda”, declara.
Como participar do Móvel Solidário
As oficinas duram em média de 3 a 4 horas, são realizadas com material doado por empresas parceiras e uma equipe organizada pelo estudante de arquitetura ensina os voluntários. “Claro que é tudo básico, mas já é uma introdução à marcenaria”.
As trocas podem ser realizadas na própria marcenaria que fica localizada na Rua Manaus, quadra 149, lote 11, no Parque Amazônia - basta levar sua doação de alimento. Caso deseje participar das oficinas do Móvel Solidário, você pode acessar o perfil do coletivo nas redes sociais, @ideiasurbanas.
Quem já participou garante: "Participar desse projeto foi extremamente gratificante. Foi uma experiência única, principalmente em saber que realmente a arquitetura pode ajudar muitas pessoas através de restos que iriam para o lixo e poluir mais o meio ambiente", afirma Stephanie.
"Minha família fez quatro trocas depois que eu fiz a minha. E o mais interessante é que esse projeto é feito com tanto amor e carinho, que os móveis são lindos, diferentes e principalmente confortáveis", finaliza a arquiteta.