Após passar mal na noite da última terça-feira (01), Cristiane Pedro Gomes, de 42 anos, morreu no ponto de ônibus do Caju, Zona Portuária do Rio de Janeiro. A remoção do corpo só aconteceu às 8h47 dessa quarta-feira (2). Segundo Alexandre Graciano dos Santos, viúvo de Cristiane, os agentes da Polícia Militar e do Samu estiveram no local, mas houve um "jogo de empurra".
"Meu filho recebeu uma notícia de que ela estava passando mal aqui no ponto. No meio do caminho, até a nossa casa, eu recebi um telefone de que ela tinha ido a óbito. Ao chegar aqui, por volta das nove (horas da noite), fomos atendidos por uma viatura da PM. Após umas dez, onze horas, pelo Samu. Peguei a declaração de óbito. E só não consegui fazer a remoção até agora. A luta toda é essa para fazer a remoção", afirmou Alexandre.
De acordo com o viúvo, "A Polícia Civil confirmava o que já tinha dito da primeira vez: para eu recorrer ao Samu. Quando eu chegava no Samu, o Samu simplesmente não fazia a remoção. Aí pedia que eu entrasse em contato com a Defesa Civil. Mas eu já tinha entrado. Mais de cinco vezes. E empurrava de novo para o Samu. E nesse pingue-pongue, fiquei até agora para resolver as coisas", conta.
Alexandre lamentou o que classificou como "falta de bom senso, comunicação e esclarecimento". Para ele, o Samu, que emitiu o atestado de óbito, deveria ter dado orientações para que ele cumprisse as etapas até fazer o sepultamento de Cristiane.
"Um ser humano ficar desse jeito, um trabalhador, 12 horas numa calçada, próximo a uma lixeira porque não tem como remover para resolver? Não importa para onde levassem, mas que levassem para algum lugar decente. Agora o corpo continuar na calçada até agora? Se não tivesse acontecido o que está acontecendo agora, de repente eu ficaria o dia inteiro aqui. Felizmente, eu corri atrás e vamos resolver da melhor maneira possível", disse.
O corpo de Cristiane foi recolhido por uma viatura da Defesa Civil e levado para o Hospital municipal Souza Aguiar. O órgão não deu explicações sobre o motivo da remoção ser feita para uma unidade de saúde.
Em nota, a PM afirmou ter dado orientações à família e destacou que "o recolhimento de corpo não é atribuição da Polícia Militar".