O professor Odailton Charles de Albuquerque Silva, 50 anos, morto por envenenamento em 4 de fevereiro de 2020, teria ligação com o uso irregular de recursos do Programa de Descentralização Administrativa e Financeira (Pdaf) da Secretaria de Educação. As fraudes teriam acontecido entre 2018 e 2020.
Informações indicam que o ex-diretor do Centro de Ensino Fundamental (CEF) da 410 Norte cometeu suicídio. E veio a óbito no Hospital de Base, cinco dias depois de ingerir suco de uva com “chumbinho”.
A Operação Quadro Negro mostra ações que Silva pode ter executado, e foi deflagrada pelo Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor) na manhã desta terça-feira, 10.
As autoridades fizeram buscas na sede da Secretaria de Educação. A investigação está sendo feita pela Delegacia de Repressão à Corrupção e pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), por intermédio das Promotorias de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep) e das Promotorias de Justiça de Defesa dos Direitos Difusos (Proreg).
Os indícios apontam uma provável emissão de notas fiscais frias por empresas integrantes do plano criminoso, as quais recebiam verbas públicas do Pdaf sem fornecer bens ou serviços.
Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão em empresas e nas casas dos empresários, em Asa Norte, Asa Sul, Guará, Samambaia, Sobradinho e Taguatinga. Cumpriram também medidas judiciais na Coordenação Regional de Ensino de Plano Piloto e na Diretoria de Prestação de Contas (Dipresc), da Subsecretaria de Administração Federal (Suag), da Secretaria de Educação. A ação contou com 60 policiais civis, delegados, agentes, escrivães e peritos criminais.
Conforme a PCDF, as investigações buscam elementos probatórios e identificar demais envolvidos nos desvios de verbas públicas do programa.
A Secretaria de Educação informou, em nota que, “em nome da transparência, acompanha e apoia as investigações da Polícia Civil”. “A secretaria espera firmemente que todas as ações sob investigação, por fim, provem-se lícitas e benéficas à educação do DF”, afirmou.
Morte de Odailton
O caso aconteceu em janeiro de 2020. Desde que as apurações começaram, investigadores da 2ª Delegacia de Polícia da Asa Norte ouviram mais de 30 pessoas, entre parentes, testemunhas e funcionários da escola pública.
Odailton havia enviado áudios angustiantes dentro do centro de ensino, a familiares e colegas, nos quais pedia socorro e falava sobre seu estado de saúde. O professor disse nas gravações, que suspeitava de algum elemento estranho em sua bebida. Afirmou ainda, ter ingerido um suco de uva oferecido por uma colega da escola, mas esta informação nunca foi confirmada pela PCDF.
A direção do CEF 410 Norte, à época do ocorrido, afirmou em nota, que nenhum funcionário do colégio ofereceu qualquer “substância líquida” ao docente.
“A única substância líquida que o professor Charles ingeriu no CEF 410 Norte foi água, o que o fez por vontade livre, colhendo-a na sala dos professores diante de outras pessoas”, alegou a direção do colégio.
*Com informações do Metrópoles