+O lavrador Arilson, que conta ter recebido uma cura do Divino Pai Eterno, leva a família a Trindade em carros de boi, em agradecimento.
Na madrugada de ontem, o lavrador Arilson Dias saiu com a família (a esposa, seus três filhos e genros) de Damolândia, rumo a Trindade. A viagem é de carro de boi e dura três dias para percorrerem os quase 70km que separam as duas cidades. Mas o ritual é sagrado: é assim para a família Dias há 27 anos em toda Romaria do Divino Pai Eterno. “Nestes dois anos que ficamos sem ir, foram muito tristes”, lamenta o lavrador.
De família religiosa, participar da festa, que segue até 3 de julho (domingo), para o lavrador, era um sonho de criança que demorou a ser concretizado. A tradição começou após seu “renascimento”. Diagnosticado com pancreatite, foi desenganado pelos médicos. “Minha única chance era uma delicada cirurgia. Ninguém tinha muita esperança”, conta.
Assim, antes do procedimento, Arilson chegou a despedir dos filhos e esposa, mas não esqueceu da conversa de sempre com o Divino Pai Eterno. E o inesperado aconteceu: ele voltou ainda melhor da cirurgia para a família.
“Enquanto acontecia a cirurgia, a imagem do Divino Pai Eterno apareceu para mim e disse que tudo ia ficar bem, minha saúde se restabeleceria e eu compraria meus bois. Ele revelou até que eu teria um filho homem, que eu queria muito na época”, recorda, celebrando que o menino hoje tem 12 anos.
Para agradecer ao milagre, com apenas 45 dias de operação, o lavador partiu pela primeira vez rumo a Trindade a pé. “Quase morri no caminho, mas quando cheguei aos pés da imagem do Divino Pai Eterno, ela sorriu para mim. Depois desse dia, minha saúde só melhorou e trago sempre a minha família para a festa de Trindade”, revela.
Sala dos Milagres
Muita gente pode pensar que casos como o de Arilson, são difíceis de acontecer. Porém, na Sala de Milagres que está localizada no subsolo do Santuário Basílica de Trindade, falta espaço para tanto milagre. Pois, este é o local destinado para os fiéis guardarem um símbolo da graça recebida.
De acordo com o coordenador do espaço, Rozimar José da Silva, a Casa dos Milagres possui mais de 20 mil objetos, entre fotos, quadros, aparelhos ortopédicos e laudos de exame que comprovam a cura. No local há até uma moto e uma homenagem ao cantor Leandro (da dupla Leandro e Leonardo). “Todo ano antes da festa, a mãe do cantor vem e troca as roupas e os objetos que aqui estão exposto”, conta.
Há 20 anos na coordenação da Sala dos Milagres, Rozimar diz que o espaço recebe visitas durante o ano inteiro. Mas, na Romaria do Pai Eterno, passam pelo local cerca de 30 mil fiéis por dia. E o trabalho se resume em presenciar graças do Divino Pai Eterno constantemente. Logo, histórias de milagres não lhe faltam.
Ele, mesmo, contou ao DM que sua vida é também uma graça de Deus. “Eu era usuário de drogas, roubava e tinha uma vida de pecado. E ateu, fui à uma missa para não desagradar o pai de um amigo. Lá fizeram uma oração simples para o Divino Pai Eterno e um milagre aconteceu. Eu senti um amor tão grande e minha vida mudou para sempre. Nunca mais usei drogas ou roubei”, recorda.
Pela própria experiência, as conversões sempre deixam Rozimar emocionado e são muito comuns na Sala dos Milagres. Uma, que o coordenador nunca esqueceu, foi a história de certo senhor, que entrou na sala apenas por curiosidade e viveu um momento de transformação.
“Ele era um senhor rico que traía a esposa há 30 anos. Entrou aqui e começou a chorar. Se arrependeu, procurou um sacerdote, fez a confissão e teve uma mudança profunda em seu comportamento”, conta.
Milagres ao vivo
Ao longo dos anos, Rozimar viu acontecer outros milagres no local. Ele relembra, por exemplo, a história de uma brasileira que morava em Portugal diagnosticada com câncer de ovário e todos os dias ela tinha hemorragia.
“Em Portugal, os médicos da moça disseram que ela podia voltar para sua terra para morrer ao lado dos familiares e, assim, fez. Quando chegou, veio à Sala dos Milagres, pediu e foi curada instantaneamente. Fez exames e o nódulo desapareceu”, diz Rozimar, ressaltando que a moça levou uma bandeira de Portugal para a sala e retornou para aquele país curada.
Ele conta ainda que outra vez, havia um senhor com uma turma de cem pessoas rezando o terço. Quando terminou a oração, ele pediu para falar com Rozimar. “Ele falou: posso dar um testemunho na frente de todos? Disse que sim e ele prosseguiu contando que chegou à sala com uma diferença de 5 cm de uma perna para outra, mas no decorrer da reza, a sua perna tinha voltado ao normal. Ele usava um tamanco para corrigir a diferença, deixou ele aqui na sala e foi embora caminhando normalmente”, afirma.
Sem explicação
Rozimar explica ainda que um dos relatos de milagres que mais o impressionou aconteceu com um agricultor de Anápolis que recebeu um tiro na cabeça, enquanto estava batendo veneno no canavial.
“Para receber atendimento, ele precisou dirigir uma moto até o hospital na cidade. A bala havia atravessado sua cabeça. Ele pediu ao Pai Eterno para que tivesse consciência para chegar no hospital e ele conseguiu e quando foi atendido, perdeu os sentidos. Após o tratamento se recuperou e ficou sem sequelas”, afirma.
O caso do adolescente de Brasília, de família muito pobre, é também uma das histórias favoritas do coordenador da sala. Segundo ele, um milagre aconteceu para o rapaz diagnosticado com câncer terminal e com a previsão de vida de uma semana.
“Um dia esse garoto estava deitado, sem forças, assistindo a missa de Trindade e pediu ao Divino Pai Eterno que pudesse levantar para fazer uma última refeição. Assim que o padre terminou a benção, ele sentiu o corpo fortalecido, levantou, tomou banho e comeu normalmente. A mãe ficou desesperada achando que seria aquelas melhoras das pessoas que estão próximas da morte. Porém, o menino estava completamente curado e, em agradecimento, deixou a TV preto e branca na Sala dos Milagres”, diz.