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FIM DE SEMANA

As ruas verdes da capital

Nas calçadas de muitas ruas e praças desta metrópole, árvores emprestam sua acolhedora beleza e sombra

Nas calçadas de muitas ruas e praças desta metrópole, árvores emprestam sua acolhedora beleza e sombra. Em algumas, há dezenas delas, como na 5º Avenida, no Setor Universitário, que possui oitis em boa parte de sua extensão e ainda há coqueiros nos canteiros que separam as vias. No Centro há as mais antigas delas, como: Ficus, Flamboyant, Monguba e Gameleira.

Pelo cuidado com suas árvores e parques, Goiânia já foi considerada a capital mais arborizada do Brasil, dentre os municípios com mais de um milhão de habitantes. O mapeamento do último Censo Demográfico do IBGE, de 2010, constatou que a taxa de arborização de Goiânia é de 89,3%.

Na época, a capital possuía mais de 900 mil árvores, de 382 espécies diferentes, isto é, 94 m² de área verde por habitante. Com isso, recebeu o título de a cidade mais verde do país, seguida por Campinas, em São Paulo, com uma taxa de arborização de 87,5%.

De acordo com dados da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA), os setores Jaó, Leste Universitário, Sul e Oeste são mais arborizados do que Negrão de Lima, Bueno e especialmente Campinas, por exemplo.

O Engenheiro Florestal Rodrigo Carlos, que é Doutorando em Ciências Ambientais pela UFG e um dos autores do livro “As 5 Cidades que Nasceram Arborizadas”, salienta que, atualmente, não há um censo sobre a arborização. Mas acredita que a cidade continua no ranking das cidades mais verdes.

“Basta dar um passeio singelo pela capital goiana que já conseguimos identificar um vasto verde”, diz, ressaltando que, além da arborização urbana, os 45 parques espalhados pela capital, também considerados como áreas verdes, vitaminam o número de árvores da capital.

“Os parques estão inseridos na Macrozona Construída do Município de Goiânia e desempenham um papel fundamental no incremento da qualidade de vida da população da cidade”, explica.

O engenheiro conta também que a arborização urbana e a presença de parques eram preocupação dos arquitetos que projetaram Goiânia (veja entrevista). Além disso, outras ações continuadas pelo poder público colaboram para a preservação das árvores espalhadas pela cidade.

“O manejo e a fiscalização das árvores auxiliam grandemente para a arborização urbana, atuando com atividades de podas, tratamentos e extirpação e fiscalização para evitar cortes irregulares sem a devida autorização”.

Desafios

Mas nem tudo são flores, quando o assunto são as árvores da capital. Rodrigo Carlos analisa que as árvores de Goiânia, que são administradas pela prefeitura da capital (que realizam análises ambientais, extirpação e podas) necessitam de maior investimento em estruturas, tecnologias e equipamentos que garantam uma maior eficácia no gerenciamento arbóreo urbano.

“A falta de informações sobre as espécies presentes no município, assim como o monitoramento das mesmas, pode ser considerada como uma problemática urbana, pois não se sabe ao certo a quantidade e as espécies presentes no território da capital, inviabilizando a elaboração de planos de manejo para as espécies”. argumenta.

Raízes

Por outro lado, o poder público têm realizado projetos de plantio, com intuito de aumentar e preservar a arborização urbana. Após a retirada de 90 exemplares retirados na Avenida Goiás, entre a Praça Cívica e a Avenida Independência, em atendimento a um Termo de Compromisso Ambiental (TCA), vai haver o plantio de 1.350 novas árvores em substituição.

Há também iniciativas como oDisque-Árvore, em que, por meio do WhatsApp do Disque Árvore (62 9639-7495), o morador que deseja ter uma espécie na porta de casa solicita o plantio de árvore em sua calçada, e após análise técnica, a espécie adequada é plantada.

A Amma informa que prepara ainda a segunda edição do Rearboriza Goiânia, que será realizado, na Semana do Meio Ambiente, no bairro mais quente de Goiânia, Campinas, na Rua Quintino Bocaiúva, com o plantio de árvores apropriadas para as calçadas do setor.

De acordo com informações do presidente da AMMA, Luan Alves, na primeira edição deste projeto, a Amma notificou responsáveis pelos imóveis da rua Olinto Manso Pereira (antiga rua 94), no Setor Sul - uma das ruas que estavam menos arborizadas da capital - a plantarem, no mínimo, um exemplar arbóreo por imóvel.

Após o prazo concedido, a Amma executou o trabalho de corte da calçada, perfuração, enriquecimento do solo com composto orgânico e o plantio de árvore recomendado pelos técnicos, conforme a particularidade de cada propriedade.

Ainda conforme o presidente, até janeiro deste ano, a Amma realizou o plantio de cerca de 292 mil mudas de árvores. De acordo com o balanço, 2022 bateu recorde com o plantio de 199.591 mudas de árvores, enquanto em 2021 foram plantadas 92.088.

“A arborização urbana é essencial para a qualidade de vida da população, aumenta a área permeável, diminui os alagamentos ao escoar a água da chuva, regula temperatura, melhora a qualidade do ar quando possibilita a manutenção da umidade relativa e a beleza estética da cidade proporciona conforto térmico, serve como barreira para poluição sonora, abrigo e alimento para animais”, argumenta Luan Alves.

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As 5 ruas mais arborizadas de Goiânia

Em passeio de carro, ônibus ou em uma caminhada, elas dão aquela paz do campo, em meio a metrópole. DM selecionou as ruas mais arborizadas da cidade. Confira.

5ª Avenida - Setor Universitário (Foto: Rariana Pinheiro)

Avenida República do Líbano - (Foto: Divulgação)i

Avenida Ricardo Paranhos - Setor Marista - Divulgação

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Entrevista

“Goiânia nasceu harmoniosa com áreas verdes”

É o que afirma o engenheiro Engenheiro Florestal Rodrigo Carlos, que é Doutorando em Ciências Ambientais pela UFG e um dos autores do livro “As 5 Cidades que Nasceram Arborizadas”. Em conversa com o DM, conta que a arborização da cidade estava presente nos projetos dos arquitetos que projetaram a cidade Attílio Correa Lima para o Engenheiro Armando Augusto de Godoy.

DM - Por que você acredita que Goiânia é uma das cidades que já nasceu arborizada?

O local escolhido para a instalação da cidade de Goiânia era margeado por um cinturão verde que correspondia ao vale dos córregos Botafogo e Capim Puba que deram origem a dois dos três parques iniciais da cidade, Parque Botafogo e Bosque dos Buritis. Com a mudança de Attílio Correa Lima para o Engenheiro Armando Augusto de Godoy algumas mudanças foram feitas como a redução de áreas verdes nas avenidas parques e o redesenho do setor sul, consumando o conceito de Cidade Jardim. Entretanto, tanto no relatório de Attílio assim como no de Godoy, através do escritório Coimbra Bueno, existem vários capítulos referindo-se às reservas verdes e a defesa das áreas de preservação.

DM - Como este ponto de convergência dos relatórios favoreceu a cidade?

Fez com que as nascentes fossem transformadas em áreas parque, assim como as park-ways ao longo do leito dos rios. Alguns elementos novos, relativo ao acréscimo de pontos estratégicos entre eles parques, aparecem no relatório Coimbra Bueno como o Bosque dos Bandeirantes, Parque Capim Puba. O relatório justifica dizendo: “Goiânia nasceu harmoniosa na relação entre áreas construídas (propostas) e áreas verdes a serem conservadas” (CORDEIRO e QUEIROZ, 1990 apud RIBEIRO, 2004).

DM - O que traz ainda nos relatórios dos arquitetos?

O relatório de Attílio traz a preocupação em privilegiar áreas sociais, consideradas à época uma ação modernista: “Dentro do critério moderno que manda prover as cidades de áreas livres plantadas, a fim de permitir que o ambiente seja beneficiado por essas reservas de oxigênio, procuramos proporcionar à cidade o máximo que nos foi possível de espaços livres”. Desse relatório consta a especificação dos espaços livres: Parque Botafogo, Parque dos Buritis, Parque Paineira (desconsiderado no plano de Godoy) Park-Ways (fundo de vales do córrego Botafogo e Capim Puba) Jardins Públicos, Estacionamentos (arborizados), Praças (ajardinadas) e outros. Acrescenta ainda em seu relatório que embora 34,6% de área livre pudesse ser considerado exagerado, a ideia era “preservar certos sítios, já beneficiados pela natureza, para servir de parques e jardins.

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