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Imprensa perde Batista Custódio

Luminar da imprensa nacional, Batista fundou jornais que enfrentaram a ditadura e lutaram pela liberdade de expressão

Imagem ilustrativa da imagem Imprensa perde Batista Custódio

Fundador dos jornais "Cinco de Março" e Diário da Manhã, o jornalista Batista Custódio não suportou complicações de uma pneumonia e faleceu na manhã desta sexta-feira, 24, no Hospital São Francisco. O profissional tinha 88 anos e seguia atuante no jornal, pautando e editando a capa em colaboração com os demais editores. Em casa, Batista se alojava em sua biblioteca, de onde polia as palavras e fazia de seu texto barroco-informativo uma arma a favor de sua indignação.

O jornalista deixa esposa e cinco filhos.

A família ainda não tem maiores detalhes sobre velório e enterro do editorialista, mas familiares de Batista estão eternizados no tradicional cemitério Santanna, no setor dos Funcionários, em Goiânia.

Batista enfrentou dois meses de internação e uma recente cirurgia na mandíbula. Também convivia com um câncer de pulmão.


		Imprensa perde Batista Custódio
Divulgação


Considerado um dos maiores jornalistas e editorialistas do país, Batista comandou redações com os melhores profissionais do jornalismo brasileiro, caso de Washington Novaes e Aloysio Biondi. Sob sua batuta, ganharam prêmio Esso e outras condecorações, como o terceiro lugar de Melhor Veículo de Comunicação do Brasil, honraria concedida pela Academia Brasileira de Letras (ABL), em 1984.

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Ditadura

Perseguido e preso na ditadura, Batista Custódio foi luminar de uma era de ouro da imprensa. Sua morte coloca fim a uma parte da história que atravessa os tempos.

Batista abriu mão de qualquer espécie de indenização por parte do Estado após a abertura democrática. E sempre optou pela imprensa em vez de cargos públicos ou mandatos. Herdeiro intelectual de Alfredo Nasser, ex-senador da República e ex-ministro da Justiça, ele construiu um capítulo dentro da liberdade de imprensa.

O DM surgiu em 1980 após Batista Custódio, Telmo de Faria e Consuelo Nasser terem se aventurado na época, como estudantes de agrimensura e secundaristas em preparatório para o curso de direito, na redação do "Cinco de Março" nas décadas de 1950, 1960 e 1970.

Este último foi um instrumento de defesa contra políticos corruptos e apaniguados do poder, principalmente os defensores da ditadura militar.

Conforme relatos históricos em teses acadêmicas, o "Cinco de Março" surgiu diante de uma premonitória manifestação de estudantes, que foi reprimida pela polícia. Após o enfrentamento, os jovens se reorganizaram. Um dos produtos deste embate foi o "Cinco de Março".

No início da década de 1980, a equipe do "Cinco de Março" deu um passo à frente e lançou o Diário da Manhã.

O DM rapidamente tornou-se escola de grandes profissionais, caso de Jorge Braga, Renato Dias, João Bosco Bittencourt, Ulisses Aesse, Marco Antônio Lemos, dentre outros.

Hoje, nomes de destaque da mídia nacional e correspondentes internacionais levam um pouco de suas histórias no DM. É o caso da jornalista da TV Globo, Lilian Teles, que iniciou sua carreira em 1987, no DM. Jornalistas já falecidos, caso de Cristina Lôbo, que frequentou a redação de ambos e do extinto "Folha de Goyaz", 'aprenderam' jornalismo no DM.

O jornal é considerado uma escola de grandes jornalistas. O "Cinco de Março" venceu o prêmio Esso de 1964, ano em que o jornal se reorganizou em decidiu enfrentar, de vez, a ditadura.

Tanto o "Cinco de Março" quanto o Diário da Manhã sofreram ataques dos governantes, que, ancorados no conservadorismo, tentaram destruir a flama da liberdade.

O jornal segue sob presidência de Júlio Nasser, com destaque em sua edição online e impresso.

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