Goiânia é um celeiro de influencers. Muitos nomes despontaram daqui para o Brasil, a exemplo de Rafaella Kalimann e Andressa Suita. Na capital reside, ainda, uma das maiores influenciadoras do momento, Virgínia Fonseca, que possui mais de 40 milhões de seguidores. Acompanhada por tanta gente, ela consegue alavancar seus negócios (como uma controversa empresa de maquiagem) e até os clipes e coreografias do marido cantor Zé Felipe, filho do cantor Leonardo.
Isso tudo, Virginia consegue fazer com apenas 24 anos. Seu conteúdo se baseia em sua rotina sobre sua vida movimentada que é dividida com as famosas “publis”. Os produtos que divulga, ela promete usar para manter os cabelos, corpo e pele impecáveis.
Virgínia é, sem dúvidas, um fenômeno neste seguimento. Em de 24 horas, após o nascimento de sua filha Maria Alice, a influencer ganhou 10 milhões de visualizações nos Stories do Instagram. Isso é mais que a audiência adquirida por toda a grade da Record, do SBT e da Band.
E qual será o seu segredo? Para especialistas, são diversas questões que a fazem superar expectativas, a exemplo de falar a língua de seu público - majoritariamente feminino. Também é apontada a sua espontaneidade e a capacidade em traçar estratégias inteligentes nos lançamentos de seus produtos.
“Ela consegue instigar o público, gerar buzz e curiosidade. Uma produção de conteúdo contínua, comunidade engajada e alta taxa de conversão. Esses fatores deixam qualquer contratante feliz, por isso ela tem uma base de clientes tão sólida quando se fala de publicidade. Além do talento nato, Virgínia ainda é casada com Zé Felipe que é fruto ali do movimento sertanejo que tem um dos públicos mais engajados dentro e fora da internet”, disse ao Metrópoles, a CEO de empresa que agencia influencer Priscilla Jaffé.
Ja na tese de Cláudia Borges de Lima, Elza Kioko Nakayama Nenoki do Couto e Michelly Jacinto Lima Luiz – “O mito diretivo das digitais influencers como potencializador do discurso consumista”, que analisou os os perfis do Instagram das influencers goianas Danila Guimarães, Rafaella Kalimann e Andressa Suita, também explica a identificação do público com esses tipos de perfis.
“Pode-se perceber que é a identificação como heroínas que as fãs atribuem às digitais influencers que as torna potencializadoras de um discurso consumista, uma vez que instigam, nas seguidoras, o desejo de adquirir o mesmo sentimento de realização e pertencimento ao universo que as circunda”
Compra-se amigos
Contas como das influencers citadas, os seguidores interagem e dão o famoso engajamento de - literalmente - milhões. Porém, a busca incessante pela fama, ou simplesmente por ser notado e admirado, nem sempre é algo honesto com os outros usuários das redes sociais.
Pois, no mundo atual, não apenas é possível comprar seguidores, como é muito fácil. Ofertas para obter seguidores chegam até aleatoriamente por WhastApp. A reportagem teve acesso a uma dessas ofertas em que o interlocutor se identifica como uma empresa de engajamento de redes sociais.
No anúncio, a empresa promete enviar os seguidores em até 10 minutos. Os preços variam entre R$5 (cem seguidores) até R$450 (para obter 50 mil seguidores (veja no box o anúncio completo). Ao dar um rápido Google, com as palavras “comprar seguidores”, aparecem diversas matérias que indicam os melhores sites para se comprar “amigos virtuais”.
Mas, os usuários neste caso pagam por números. Muitos desses seguidores são contas de bots (robôs) ou inativas, o que significa que elas nunca irão se envolver com suas postagens.
Lucros
As compras, na maioria, acontecem no Instagram, uma das redes mais lucrativas. Conforme informação do Instagram Business, 60% das pessoas usam o app para encontrar novos produtos e 90% seguem ao menos uma marca.
Ao contrário do YouTube, que renumera os criadores de conteúdo e vende espaço de publicidade no canal, o Instagram não paga diretamente seus usuários, celebridades e influenciadores.
Os influencers recebem pelos contratos que fazem com marcas para divulgar seus produtos e serviços. Cada inflencer tem o seu preço, que, é baseado na relevância tal perfil na internet.
Conforme especialistas em marketing, de grande astros como Beyoncé, postagens são milionárias. Já perfis com pelo menos dez mil seguidores e que ostentam grande engajamento, podem gerar uma receita de US$ 100 dólares (cerca de R$ 500, na conversão para o real) em cada postagem.
Porém, quem tem menos seguidores também consegue lucrar e há também a preferencia de marcas por influencer com poucos seguidores, mas com um publico específico. Estima-se que as empresas chegam a pagar US$ 10 (R$ 50) por mil seguidores e US$ 500 (R$ 2.600) por cada mil seguidores.
Perfis com pelo menos dez mil seguidores e que ostentam grande engajamento, postes podem custar cerca de R$500. Foto: Reprodução
Entrevista
“Todo mundo influencia alguém”
A estrategista digital e mentora Yraima de Macedo, trabalha com Instagram. Ela ajuda outras empreendedoras a usarem o perfil nos negócios. Com este intuito, já viralizou alguns vídeos depois disse sempre que pode, dá dicas para seus seguidores sejam também notados por mais gente. Em entrevista ao DM, fala sobre como a venda de uma imagem de uma vida irreal prejudica a fama dos influencers que podem ter conteúdo e esclarece se compensa ou não comprar seguidores.
DM - Você já conseguiu viralizar alguns vídeos. O que faz um vídeo se espalhar pela web?
Yraima de Macedo - Sim! Já consegui viralizar alguns vídeos e um chegou a bater mais de 500 mil visualizações. O fato é que um vídeo viral precisa ter três pontos importantes: um assunto atual, retenção no vídeo e efeito looping (o que faz com que as pessoas assistam várias vezes).
DM -Você se considera influencer?
YM - Eu considero que na vida, todo mundo influencia alguém. A internet só é um meio de reunir isso com maior intensidade e intencionalidade. Hoje temos várias pessoas que são influencers de discursos de ódio, de corpos perfeitos, do mundo que não é real nem mesmo na vida dela. Esse movimento acaba fazendo com que outras pessoas desistam, inclusive, de serem influencers ou estarem presentes da internet agregando valor e divulgando o seu negócio.
DM - Percebe um número crescente de pessoas interessadas em se tornarem influencers?
YM - Acredito que muitas pessoas se interessam sim por serem influencers… porém ser influencer requer trabalho, narrativa, portfólio, apresentação de resultados para as empresas que desejam contratar uma influencer. Não é só postar por postar. Existe uma estrutura básica pra você conseguir ganhar dinheiro divulgando marcas e produtos.
DM - Adianta comprar de seguidores?
YM - Muitas pessoas acham que é só ter um número vantajoso de seguidores e por isso acabam comprando seguidores. Resultado: engajamento baixo e pouquíssimo resultado. O que vai atrapalhar diretamente em contratações futuras.
DM - É possível então lucrar como influencer com quantos seguidores?
YM - Tudo depende! Se a influencer tem constância e com poucos seguidores tem uma comunidade forte que consome seu conteúdo e é fiel ao que ela segue, ela conseguirá ter resultados sim com as vendas. E claro…você precisa começar com as marcas menores e ir crescendo de acordo com o seu resultado! Inclusive já tive alunas que com menos de 2.000 seguidores conseguiram fechar parcerias.
DM - Quais os influencers mais admira?
YM - Admiro muito a trajetória da Bianca Andrade (a Boca Rosa), que começou como influencer, em seguida criou a sua marca de maquiagem e hoje é milionária com o seu próprio negócio. Em Goiânia, não dá pra discutir, com certeza a influencer que continua crescendo e com alta visibilidade é a Virgínia Fonseca.
Box
Modelo de tabela de preço de Instagram que é enviada pelo WhasApp de forma aleatória
100 seguidores =R$ 5,00
200 seguidores =R$ 7,00
300 seguidores R$ 10,00
400 seguidores R$ 12,00
550 seguidores R$15,00
1.000 seguidores R$25,00
2.000 seguidores R$35,00
3.000 seguidores R$45,00
5.000 seguidores 80,00
10.000 seguidores 140,00
15.000 seguidores 199,00
20.000 seguidores 240,00
30.000 seguidores 279,00
50.000 seguidores 450,00