Mulheres Rikbaktsa transformam a castanha em oportunidade
Redação DM
Publicado em 20 de abril de 2025 às 12:51 | Atualizado há 3 horas
No coração da Terra Indígena Erikpatsa, as mulheres Rikbaktsa estão reinventando sua relação com a natureza e gerando renda através da castanha-do-pará. Sob a liderança de Neiriane Taerik, a primeira presidente mulher da Associação Indígena da Aldeia Barranco Vermelho (ASIBV), um projeto inovador está não apenas melhorando a economia local, mas também empoderando as mulheres da comunidade.
Empoderamento feminino
Nas aldeias, 16 mulheres estão diretamente envolvidas no beneficiamento da castanha. O projeto possibilitou a instalação de um galpão equipado com máquinas, que permitem a retirada da casca, valorizando o produto e aumentando os ganhos. Antes, a comunidade vendia o ouriço a preços irrisórios; agora, elas arrecadaram R$ 25 mil em um ano, vendendo 2,5 mil quilos a R$ 10 cada.
Neiriane destaca que o projeto não apenas oferece uma fonte de renda, mas também promove independência. “As mulheres ficam em casa, cuidando dos filhos e dependentes. Agora, elas têm a possibilidade de trabalhar e conquistar seu próprio dinheiro”, afirma. Essa mudança é um passo significativo em um contexto onde as mulheres frequentemente assumem papéis secundários.
Valorização da cultura
A castanheira, além de ser uma fonte de renda, faz parte da cultura Rikbaktsa. A prática de coletar castanhas é ensinada às crianças, preservando a tradição. Dauri Tsoimy, um membro da comunidade, explica que todos participam do processo, desde a coleta até o beneficiamento, fortalecendo os laços familiares e comunitários.
O projeto Biodiverso não se limita ao beneficiamento da castanha; ele também inclui iniciativas educacionais que visam promover a sustentabilidade e a preservação das tradições indígenas. Com a ajuda de recursos, como os oferecidos pela Petrobras, a expectativa é de que o galpão seja ampliado para incluir mais mulheres e oferecer melhores condições de trabalho.
Os jovens, antes atraídos pelas promessas de trabalho em fazendas, agora veem uma alternativa viável em suas próprias terras. O coordenador do projeto, Sávio Gomes, enfatiza que essa autonomia é fundamental para a sobrevivência cultural e econômica dos Rikbaktsa. “Estamos criando um futuro onde eles não precisam deixar sua terra para encontrar trabalho”, conclui.