Um grupo de mulheres, com adesivos do PT, foram agredidas por dois bolsonaristas no sábado, 15, em uma lanchonete, no setor Bueno, Goiânia. Os suspeitos foram identificados como Eduardo Silveira, que é advogado, e Matheus Prado. Veja os videos abaixo:
"Foi horrível. Chegamos de uma festa e paramos na 10 para lanchar. Então, chegaram dois homens e uma garota. Em seguida, chegaram outras pessoas com adesivos do Lula e do PT e esses homens começaram a gritar 'Bolsonaro' e a provocar a gente. Nós gritamos 'Lula' de volta e as ofensas começaram", conta a jornalista Júlia Rodrigues de Barros.
Conforme o relato de outra vítima, ela e um grupo de amigos viram os suspeitos atacando as mulheres que estavam com adesivos do Lula e para apoiar gritaram Lula. Isso fez com que os dois ficassem ainda mais agressivos.
"As ofensas que até então estavam sendo dirigidas às meninas veio para gente. Eles começaram a chamar a gente de pobretonas, analfabetas. Disse que ia para casa comer picanha e tomar cerveja e a gente ia comer "miojo" e não parava de repetir isso. Eu e minha amiga não calamos e rebatemos as ofensas dele que me mandou calar a boca senão a coisa não ia ficar boa pro meu lado. Eu não calei e continuamos discutindo. O Matheus se levantou, veio pro meu lado e meu amigo entrou no meio. As meninas que estavam com o adesivo do Lula entraram pra defender a gente e o Eduardo deu um murro nelas. Quando eu falei que ia chamar a polícia eles foram embora debochando", afirma Gabriela Rodrigues de Oliveira.
O caso foi registrado na 4ª Delegacia Distrital Policial de Goiânia. As vítimas foram orientadas a comparecerem no Instituto Médico Legal (IML) para realização de exames. Conforme o advogado das vítimas, o delegado vai intimar os agressores para prestar depoimento até o dia 27.
Em nota, a Seção de Goiás da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO) disse que repudia a agressão e destacou a “necessidade de civilidade nas eleições”, além de pedir respeito aos direitos humanos e políticos dos goianos. “A intolerância ali transbordante fere a democracia, valor maior da nossa ordem jurídica e princípio fundamental da República”, afirmou a nota.
A OAB ainda explicou que acompanhará o caso e as investigações policiais, independente da possível participação de um advogado, que ainda será apurado. Vídeos da agressão circulam pelas redes sociais.“É inadmissível que mulheres sofram agressões brutais e hostis, sejam a que pretexto for”, disse o texto. Confira a nota na íntegra:
A Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) informa que chegou ao seu conhecimento, por meio da imprensa e de vídeos que circulam nas redes sociais, episódio ocorrido em uma lanchonete de Goiânia no domingo (16) onde os presentes se envolveram em agressões verbais e físicas, culminando em socos de um homem, supostamente advogado, em uma mulher, além de vias de fato entre todos os envolvidos.
A OAB-GO acompanhará o desenrolar da denúncia e investigação pela autoridade policial com especial atenção e cuidado, uma vez que o episódio atinge temas muito caros à sociedade e à advocacia: a violência contra os pensamentos divergentes e a agressão a mulheres. A Ordem oficiará junto à Polícia Civil buscando informações e requerendo envio dos autos à OAB-GO após a conclusão do inquérito para eventuais providências.
Independentemente da participação de um advogado no lamentável episódio – o que será objeto de apuração pela OAB-GO –, os fatos são lastimáveis e contrariam o direito constitucional dos cidadãos de se manifestarem livremente e de escolherem legitimamente seus representantes pelo voto. A intolerância ali transbordante fere a democracia, valor maior da nossa ordem jurídica e princípio fundamental da República.
A OAB-GO tem enfatizado a necessidade de civilidade nas eleições e, neste momento, ressalta que é imprescindível para a paz social o respeito aos direitos humanos e políticos das cidadãs e cidadãos goianos. A postura de violência e de ódio constrange a sociedade no exercício maduro e constitucional e o debate necessário para a melhor escolha ao país, razões pelas quais chamamos atenção para a busca do equilíbrio.
Por fim, a OAB-GO condena com toda veemência a violência de gênero, por entender e defender que é inadmissível que mulheres sofram agressões brutais e hostis, sejam a que pretexto for.
OAB-GO
O Partido dos Trabalhadores (PT) goiano emitiu uma nota de repúdio lamentando a violência e que tomará as pertinentes providências legais junto a Justiça Eleitoral, ao Ministério Público, e a OAB-GO.
O DM tenta contato com Eduardo e Matheus para que possam contar a versão deles sobre o caso.