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FIM DE SEMANA

Roubo e furto de gado têm redução em Goiás

Goiás aparece em sexto em ranking de roubo e furtos de gado. Iniciativas que têm ajudado a reduzir crimes é uso da tecnologia

De acordo com dados de 2021 da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), possui 10,8% do rebanho nacional Foto: Agência Brasil

Rariana Pinheiro

Muita gente pode estar alheia ao assunto, no entanto, a criação de gado, ao mesmo tempo em que se mostra lucrativa, pode trazer prejuízos. No estado, que possui o segundo maior rebanho do país - de acordo com dados de 2021 da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), possui 10,8% do rebanho nacional - há desde pequenos furtos, até quadrilhas especializadas no roubo desses animais.

Naturalmente mais vulneráveis aos crimes, pesquisas apontam que o campo goiano pode não ser tão tranquilo assim. Dados do Observatório de Segurança Rural do Conselho Nacional de Agricultura (CNA), divulgados ano passado, mostraram que Goiás está em sexto lugar na lista de estados com mais crimes no campo no Brasil.

A grande extensão do Estado dificulta a fiscalização e controle desse tipo criação e possibilita tais crimes. Assim, não raramente, casos de roubo de gados aparecem na mídia.

No final do mês passado, três homens foram presos suspeitos de furtar 24 cabeças de gado de uma fazenda em Orizona, a 130 km de Goiânia.

O Batalhão Rural abordou um caminhão boiadeiro suspeito de transportar os animais e os agentes conseguiram localizar uma fazenda, próxima ao município de Rio Quente, que teria receptado o gado.

De acordo com informações da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg), foram registrados cerca de 10 casos de furto de gado de grandes proporções que foram solucionados, no ano passado.

Mas há casos que, por se tratarem de volumes pequenos de animais, não entram nas estatísticas da Polícia Militar. Neste tipo de crime, os gados são levados para abatedouros clandestinos ou para consumo isolado.

Mais segurança

Tenente Coronel Saliba - comandante do Batalhão Rural diz que a tecnologia tem ajudado na segurança do campo

De acordo comcom dados do Batalhão Rural da Polícia Militar, que pertence ao Comando de Operação do Cerrado da Polícia Militar, nos últimos anos houve redução na taxa de roubos no campo de 74%, entre os anos de 2018 e 2022.

Um dos motivos da redução pode ser atribuído à criação do Batalhão Rural de Goiás em 2018. De acordo com o Tenente Coronel Saliba, comandante do batalhão, a iniciativa foi favorável ao campo goiano que estava carente de policiamento especializado nessas regiões.

"Não tínhamos uma tropa específica para combater os crimes rurais, principalmente aos crimes de crime e roubo a propriedades rurais. Hoje adquirimos uma expertise própria e produtiva, uma frota que passou por um treinamento específico e a atividade nos faz aprimorar”, diz.

Ainda conforme o comandante, três fatores têm ajudado na redução dos crimes no campo. O uso da tecnologia é um deles, já que o batalhão tem investido no cadastramento das propriedades rurais com georreferenciamento que fornece a localização específica, para agilizar o atendimento das ocorrências.

“A capacidade operacional da Polícia Militar que conseguimos para atender os 246 municípios também conta muito, junto com a proximidade que conquistamos com produtores e segmentos organizados, com sindicatos e federações como Faeg, por exemplo, isso faz com que a estreitamos as relações com produtores e consegue acesso à notificações que não estão registradas e temos uma visão real da mancha criminal”, destaca.

Como agir

Quando questionado sobre as dicas para evitar roubo de gado, o comandante Saliba explica que o melhor a fazer é ter informações detalhadas sobre o rebanho.

“A gente sempre orienta o acompanhamento de área do rebanho. Ao se ter maior controle maior do rebanho, os produtores podem ter indicativos e pista para ajudar na localização dos animais”, explica o comandante.

Fazendeiro denuncia impunidade em caso de roubo de gado no Nordeste goiano

Gado de C.A.S.C. que teria sido roubado e a marca alterada (Foto: Arquivo pessoal)

Há mais de 50 anos, o rebanho bovino do empresário e jornalista C.A.S.C é reconhecido na região Nordeste de Goiás por trazer uma marca de peixe. Porém, a identificação, de acordo com ele, não evitou o roubo de seus animais. Em entrevista ao Diário da Manhã, ele conta que um funcionário de uma fazenda próxima à região onde ficam suas criações (na fronteira entre Goiás e Bahia), apoderou-se indevidamente de algumas reses, e colocou outra marca em cima da sua.

O funcionário em questão é P. P., que teria se apoderado de 19 cabeças de CASC. O acusado afirmou que teria comprado os animais de outro funcionário da fazenda, MA. “O caso foi parar na polícia e lá P.P disse que a marca de Marco Antônio se assemelhava com a minha”, conta.

NaDelegacia de Polícia de Posse, C.A.S.C. pediu flagrante, mas afirma que enfrentou demora para registrar a ocorrência e que nada foi comunicado sobre as providências por parte das autoridades em seu caso.

“Parece que querem passar o pano nesse crime gravíssimo. A polícia não me pediu provas da minha queixa, e, eu as tenho de sobra: documental e testemunhal. O gado continua na posse de P.P, e pode desaparecer ou ser trocado a qualquer momento para queima das provas e de arquivo”, argumenta.

Goiás/Bahia

O rebanho bovino de C.A.S.C fica nas terras de seu parceiro agropecuário há muitos anos, o CZB. A fazenda está localizada no município de Mambaí, próximo à Serra Geral, marco divisor dos estados de Goiás/Bahia. “Lá é chamado de “Gerais”, uma área extensa, e é refrigério no período de forte seca”, detalha SC.

Ele acrescenta que, por volta de outubro, a fazenda de C.Z.B recebeu em torno de 300 reses do jornalista. “Nesse período, o gado passou a sumir, em torno de 40 ou 50 reses. Logo, foi observado que o gado subia a serra e ia parar em fazendas da Bahia, entre elas, a fazenda onde P.P é funcionário”, explica.

O técnico em veterinário Thiago Dantas conta que percebeu a marca do gado do jornalista na fazenda onde P.P trabalha. “Reconheci a marca em várias novilhas, e eu sei que ele não vende gado novo de criar. Por isso, fotografei algumas reses com sua marca e com outra marca nova. E comuniquei-lhe o fato”, diz Thiago.

Após relato do veterinário, C.A.S.C conta que foi com o parceiro agropecuário, CZB, até à fazenda indicada, onde constatou o fato. “Um pequeno fazendeiro da região nos informou que aquele gado era de P.P”, conta. Por sua vez, CZB entrou em contato com PP, que justificou que havia comprado as 10 cabeças de M.A.

“P.P me disse que a marca de M.A parece muito com a minha, sem que eu lhe falasse da minha marca. Disse-lhe que ali havia gado que me pertencia e, se ele o comprara, ele era receptador. P.P quase quebrou o telefone e disse que queria falar sobre aquilo na Polícia Civil”, recorda.

O jornalista afirmou então que ir à polícia era exatamente o que queria. Porém, quando chegou à delegacia sentiu que P.P tinha intimidade com os funcionários e era tratado, segundo C.A.S.C, com “deferência” no local.

Na polícia

Conforme C.A.S.C, o delegado não estava na delegacia e não conseguiu muitas informações no local, apenas foi informado que lá não era o local de denunciar o flagrante.

“O doutor delegado não tem culpa do silêncio ou ruído que ocorrem na delegacia de que é titular. Mas eu lhe aviso que ali existem silêncios e ruídos desnecessários”, diz o jornalista.

Na tarde do mesmo dia, conta que foi chamado para depor, onde foi acompanhado do advogado. “O escrivão nos tratou com respeito e urbanidade. Relatei os fatos acima descritos e, ao final, pedi-lhe que fizesse a retenção do gado. Ele me disse que não precisava, pois, a polícia deveria tomar essa providência”, conta.

Em depoimento, CASC conta que P.P reafirmou que comprou o gado de M.A, 12 ou 13 novilhas e 5 vacas, (sendo uma parida). Disse ainda que comprou o gado no início de 2022 e carregou em março do mesmo ano.

“Se fosse verdade, essas novilhas já seriam vacas, com mais de 30 meses. A marca que P.P diz ser semelhante à minha e que ele apresenta sendo do senhor não tem qualquer semelhança

Sobre as duas marcas sobrepostas, CASC diz que P.P comprou esse gado há mais de ano e só foi marcar agora. Estranho. “Quem sabe ele dá notícia das outras 30 que estão sumidas, porque são do mesmo gado, e se veio da Bahia, é preciso nota fiscal”, cobra S.C.

Prejuízo

Ainda de acordo com S.C, há muito tempo, reses que sobem à serra geral, não voltam mais. Ele denuncia que existem várias propriedades na Bahia nas quais o povo simples e pobre tem perdido o seu gado.

“A truculência e a barbárie autorizam gerentes dessas fazendas a matarem o gado e colocá-lo no freezer, às vezes sem o conhecimento dos donos dessas fazendas”, diz SC, completando que ligou três dias seguidos para o dono da fazenda que P.P trabalha, sem ser atendido.

Dicas para deixar o gado mais protegido

1- Reúna amigos e pessoas da mesma comunidade e faça um grupo em aplicativos de mensagens instantâneas. A partir desses grupos, o alerta sobre atitudes suspeitas, pessoas estranhas circulando entre as propriedades pode aumentar a vigilância e também acionar a polícia local. Outro ponto de apoio para o grupo é o alerta para focos de incêndio, que quanto mais cedo for controlado, menos estragos causados.

2- Marque todos os animais da sua propriedade. Hoje, além da marcação a ferro, existem brincos eletrônicos que identificam e também armazenam dados como peso, vacina, entre outros. A identificação não impede o furto ou roubo de gado, mas facilita a identificação e a recuperação desses animais. Saiba mais sobre o assunto na dica a seguir: Como fazer a marcação de gado de forma correta?

3- Reserve os pastos próximos a estradas para os animais mais jovens, mais vulneráveis e fracos. Já os animais próximos ao ponto de abate, mais gordos e mansos, podem ficar próximos à sede. Afinal, as quadrilhas especializadas em roubo de gado querem animais realmente prontos para o abate. Após o roubo, os bovinos são abatidos em frigoríficos clandestinos.

4- Faça cercas vivas nas propriedades que são próximas às estradas. Essa ação dificulta a visão e também favorece o clima ao rebanho.

Fonte: Boi Saúde

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