Que o câncer mata não é novidade, e neste dia 4 de fevereiro, em que a data é lembrada como Dia Mundial de Combate ao Câncer, os médicos ficaram ainda mais preocupados. Isto, porque durante a pandemia, o número de diagnósticos da doença teve uma redução e fez com que pacientes desenvolvessem estágios mais avançados, pois não procuraram os médicos para ter o diagnóstico correto e iniciar o tratamento.
A importância da prevenção assumiu o protagonismo nos anos anteriores, e agora, a urgência recai na busca pelo diagnóstico. Entre janeiro de 2020 e outubro de 2021, foram realizados pouco mais de 99.600 diagnósticos de câncer de pele, independentemente do tipo, em todo o país.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de novos casos esperados para o triênio 2020/2022 é de 1.185.380 para cada ano. Ao total, serão 556.140 novos diagnósticos, entre os diversos tipos de câncer de pele (melanoma e não melanoma). Isso significa que entre o início de 2020 até outubro de 2021, o número de diagnóstico de câncer foi cinco vezes menor do que a incidência da doença.
Para o Dr. Danilo Araújo de Gusmão, membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) o número baixo de diagnóstico está relacionado com a pandemia da Covid-19. "Diante desse cenário, muitas pessoas deixaram de fazer seus exames de prevenção, como mamografias, colonoscopias, colpocitológicos vulgo "papanicolau". Dessa forma o diagnóstico precoce de diversos tipos de câncer foi prejudicado e hoje enfrentamos um novo desafio: O surgimento de vários casos da doença em estágio avançado, que poderiam ter sido diagnosticadas precocemente. Hoje recomenda-se que aquelas pessoas que estão com seus exames atrasados,, os coloquem em dia, desde que já tenham sido devidamente vacinadas."
Dados da União Internacional para o Controle do Câncer (UICC) apontam que o câncer mata quase 10 milhões de pessoas por ano, e cerca de 70% dessas pessoas têm 65 anos ou mais. A organização também aponta que comparando ambientes de alta e baixa renda, as taxas de sobrevivência ao câncer infantil são superiores a 80% em países de alta renda, no entanto, caem cerca de 20% em países com índices de baixa renda. Além disso, 90% da mortalidade por câncer de colo de útero ocorre em países de baixa e média renda.
Causa
O câncer não tem uma causa única. Há diversas causas externas (presentes no meio ambiente) e internas (como hormônios, condições imunológicas e mutações genéticas). Os fatores podem interagir de diversas formas, dando início ao surgimento do câncer.
O médico oncologista do Hospital Albert Einstein, Dr. Rodrigo Nogueira Fogace, aponta que a idade é um dos principais fatores, pois, o câncer costuma ser mais prevalecente em pessoas idosas. "Além disso, sabemos que fatores comportamentais são muito importantes. O tabagismo é relacionado a diversos cânceres como os de garganta, pulmão e bexiga. O etilismo também está relacionado ao desenvolvimento de tumores de garganta, esôfago, pâncreas e fígado. O consumo de carnes vermelhas e processadas está relacionado ao desenvolvimento de tumores de intestino e de estômago. Existem também os fatores genéticos. Sabemos que descendentes de pessoas que tiveram câncer, têm mais chances de desenvolver a doença", comenta.
Tipos de câncer e os mais comuns
Os mais comuns são os cânceres de pele não melanoma. Entretanto, segundo Fogace, os cânceres não melanoma estão longe de ser os mais graves, e muitas vezes, nem são considerados nas estatísticas. O mais comum no homem é o câncer de próstata, respondendo por 29,2% dos casos. Na mulher, o câncer de mama é responsável por 29,7% dos casos.
Dados da Sociedade Brasileira de Mastologia Regional de Goiás (SBM-GO), em 2019, Goiás realizou apenas 12% da cobertura mamográfica em mulheres elegíveis atendidas pelo SUS. Em 2020, esse número caiu para 6% em razão da pandemia. Em 2021, os números oficiais ainda não foram divulgados, mas houve uma pequena elevação em relação ao ano anterior, só que ainda está longe do desejado.
O câncer de pulmão é o subtipo que mais mata os homens, respondendo por 13% das mortes. Nas mulheres, o câncer de mama, além de ser o mais prevalecente, é o que mais leva pacientes a óbito, sendo 16,4% dos casos de morte.
Tratamento
Depois de confirmado o câncer, o médico irá discutir com o paciente as melhores opções de tratamento para o caso específico. Cada câncer tem o seu próprio tipo de tratamento. De acordo com o Dr. Rodrigo Fogace, o que os guia, são as informações obtidas na biópsia e nos exames de imagem. "Com essas informações podemos indicar quimioterapia, cirurgia, radioterapia, imunoterapia, entre outros tratamentos."
O Dr. Danilo Gusmão acrescenta que cada uma das modalidades de tratamento têm um papel fundamental na cura ou no controle dessa doença. "A cirurgia robótica, recém implantada em Goiânia, pode trazer vários benefícios nas cirurgias para alguns tipos de câncer. Além disso, hoje dispomos de drogas mais modernas, como as chamadas "drogas inteligentes", que são medicamentos que conseguem atacar tumores malignos específicos, minimizando os efeitos colaterais e aumentando os benefícios."
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