O médico David Uip, chefe do Centro de Contingência do Estado de São Paulo, para monitorar e coordenar ações contra a proliferação do novo coronavírus, confirmou que a imagem de uma receita médica, atribuída a ele, prescrevendo difosfato de cloroquina é real.
Apesar de assumir a veracidade da receita, ele não mencionou se fez uso da medicação. Uip adquiriu a doença Sars- CoV-2, seu teste deu positivo para a infecção em 23 de março. Ele regressou às atividades profissionais na última segunda-feira (6). Os detalhes do tratamento do médico não foram divulgados.
Como eu respeito meus pacientes, gostaria de ser respeitado
Durante uma coletiva de imprensa, nessa última terça-feira (7), David Uip se recusou a comentar sobre o tratamento e responder se usou cloroquina, alegando ser algo pessoal.
"Eu não prescrevi. Se eu tomei ou não antibiótico ou qualquer droga para febre e para enjoo é algo pessoal. Como eu respeito meus pacientes, gostaria de ser respeitado. Não faço isso para esconder nada, mas não quero transformar meu caso em modelo para coisa alguma", afirmou.
Diante de um vazamento e repercussão de receita médica atribuída a Uip, o mesmo assentiu que se trata de uma receita médica real e que a clínica da qual é proprietário comprou o medicamento de farmácia manipulada.
"A receita é da minha clínica. Ela é real. Algum lugar vazou de forma incorreta. O que nada me preocupa. Eu não tenho nada contra o uso de cloroquina. Pelo contrário, eu uso nós meus pacientes internados. O que está se fazendo confusão é a respeito do meu tratamento pessoal. O meu tratamento, o que eu deveria fazer do ponto de vista de preocupação eu fiz, nos primeiros sintomas eu fiz exame. Eu vim a público assim que recebi que estava complicado, eu vim a público, mas divulgar a receita individual de qualquer paciente eu entendo que não é correto. A transparência com o homem público é dizer tudo que eu tenho. Divulgar um tratamento para propagação ou não de medicamentos eu acho incorreto", disse.
Para o médico "essa receita é de 13 de março e meu diagnóstico é de 23 de março. Temos 12 médicos e 9 infectologistas, todos trabalham com infecção. Todos muito envolvidos na linha de frente no tratamento do coronavírus. Na clínica tomamos decisão de comprar diversos medicamentos, entre eles, a cloroquina. Ela não foi comprada em farmácia, foi uma cloroquina manipulada, isso é uma farmácia de manipulação à disposição de uma clínica que está na linha de frente no tratamento de pacientes. Foi vazado de forma irregular", admitiu.
Questão política
David Uip criticou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que questionou nas redes sociais se o infectologista da equipe de Joao Doria (PSDB) havia tomado a medicação.
"Presidente, eu respeitei o seu direito de não revelar seu diagnóstico, respeite o direito de não revelar meu tratamento. A minha privacidade foi invadida. A privacidade da minha clínica foi invadida. Tomarei as providências legais adequadas para a invasão da minha privacidade e dos meus pacientes", disse, Uip.
Jair Bolsonaro é um entusiasta do medicamento, que necessita de mais teste de eficácia e segurança, mesmo sendo receitado em alguns casos preliminarmente.
*Com informações do UOL