Nesta quarta-feira (13), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu o uso do remédio cloroquina no tratamento de Covid-19 após Nelson Teich, atual ministro da Saúde, fazer um alerta sobre os riscos do medicamento. O presidente afirmou que os ministros de seu governo devem estar de acordo com ele.
A declaração foi feita durante entrevista coletiva na saída da residência oficial do governante do país, em Brasília. Bolsonaro disparou “olha só, todos os ministros, eu já sei qual é a pergunta, têm que estar afinados comigo. Todos os ministros são indicações políticas minhas e quando eu converso com os ministros eu quero eficácia na ponta”.
Na terça-feira (12), Teich publicou em sua rede social Twitter que a prescrição da cloroquina deve ser feita em comum acordo entre paciente e médico e que ela apresenta efeitos colaterais. Complicação cardíaca está entre os efeitos colaterais já conhecidos do medicamento que é utilizado no tratamento de malária.
Bolsonaro defende a cloroquina como uma alternativa de combate à doença desde o registro dos primeiros casos no Brasil, entretanto não existem evidências científicas da eficácia do remédio no tratamento de Covid-19. O presidente afirmou que pretende conversar com o ministro da Saúde sobre o protocolo atual. Para ele, a cloroquina deve ser usada desde o início no tratamento dos casos.
"Nós estamos tendo centenas de mortes por dia. Se existe uma possibilidade de diminuir esse número com a cloroquina, por que não usar? Alguns falam que pode ser placebo. Pode ser. Você não sabe. Mas pode não ser também.” declarou Bolsonaro. O uso da cloroquina têm sido estudado por vários países em pacientes infectados, porém ainda não foram encontrados resultados conclusivos.
Eficácia da cloroquina não comprovada
De acordo com portal G1, pesquisadores da Universidade de Albany em Nova York, realizaram um estudo com 1.438 pacientes infectados com coronavírus e não encontraram relação entre o uso do medicamento e a redução da mortalidade pela doença - que foi a mesma que dos pacientes que não tomaram o medicamento. A conclusão foi de que associado ao uso de azitromicina houve mais chances de parada cardíaca.
Na semana passada, o jornal Carta Piauí havia publicado que o Hospital Regional Tibério Nunes, localizado em Floriano (PI), registrou a cura de oito pacientes com Covid-19 a partir do uso de um coquetel composto por hidroxicloroquina, azitromicina e corticoides.
Na França os estudos realizados com pacientes contaminados que receberam a hidroxicloroquina associada à azitromicina, que é um antibiótico, tiveram resultados “promissores” segundo o G1, mas dividiram os cientistas sobre a possível eficácia do medicamento. Foram testados em uma amostra de apenas 30 pacientes.