A médica oncologista e imunologista Nise Yamaguchi, cotada para assumir o Ministério da Saúde após a saída de Nelson Teich, voltou a defender o uso da cloroquina para tratar casos diagnosticados do novo coronavírus e, sem apresentar resultados criticou estudos que demostram a toxidade da substância.
Em entrevista ao UOL, a médica declarou que " tudo começou" no Instituto de Saúde dos Estados Unidos, num grupo formado por médicos baseados no estudo da Amazônia, o qual ela classificou como "infeliz". Para a oncologista "esse estudo mostrou que a cloroquina matava, que dava arritmia. A cloroquina em doses altas a gente sabe que mata, nem precisava desses estudos", destacou.
"Outro estudo que mostra é o estudo dos veteranos, que é outro estudo pobre, baseado na evidência. O grupo que tomou era o grupo mais grave e o que não tomou era menos grave e aí eles disseram que os que morreram foi porque tomaram hidroxicloroquina, não porque estava mais grave", afirmou Nise.
Ainda não há consenso na comunidade científica sobre o uso da cloroquina
De acordo com Yamaguchi, [cloroquina] "não tem essa toxidade toda. É uma tristeza porque o Brasil não deveria fazer um papelão desses. A gente acaba sendo uma vez na contramão. Outro estudo que foi feito e também não foi prospectivo, é estudo de casos que tem evidência mais baixa, mas tem.
Provou que em pacientes moderados e graves que usaram hidroxicloroquina não teve aumento da toxidade. Esse estudo mostrou que os casos mais graves tiveram a mesma evolução que casos mais leves", declarou. A médica ainda citou que há um estudo do New England Journal of Medicine que mostraria que a toxidade da hidroxicloroquina é baixa. Porém a mesma publicação divulgou o maior estudo com mais de 1.300 pessoas apontando que o uso da substância é ineficaz contra o novo coronavírus.
Um estudo feito pelo Journal of The American Medical Association (JAMA), também apontou a ineficácia do tratamento e destacou ainda que a hidroxicloroquina pode causar problemas no coração, tanto sozinha como quando associada a azitromicina. Desde o início da pandemia, estudiosos do mundo todo têm feito testes para avaliar a eficácia e segurança do medicamento contra o novo coronavírus (Sars-Cov-2), mas até hoje não há comprovação da sua eficácia.