Diante de um vírus novo, como o coronavírus, tanto indígenas como não indígenas estão imunologicamente sensíveis a ele, podendo vir a se contaminar. Contudo, os povos indígenas são mais vulneráveis a epidemias em função de condições sociais, econômicas e de saúde mais deficientes do que o restante da população, o que amplifica o potencial de disseminação de doenças.
Os Xavantes, 4º maior povo indígena do país, já contabilizam 102 casos confirmados de Covid-19, em Mato Grosso, segundo o último boletim do Ministério da Saúde. Dentre os contaminados, nove não resistiram à doença e morreram.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Barra do Garças, a etnia já ocupa 18 dos 33 leitos da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade e a metade dos 8 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal.
Na semana passada, uma videoconferência foi realizada com os prefeitos da região, junto aos deputados da bancada federal de Mato Grosso, afim de conseguirem ajuda na construção de um hospital para atender o povo Xavante.
Líder Xavante com Covid-19
O presidente da Federação Indígena de Mato Grosso e líder da etnia, Crizanto Rudzo, está internado em Barra do Garças com Covid-19. Ele gravou um vídeo direcionado aos indígenas, para que fiquem em casa e evitem aglomerações por causa do vírus. Ele ainda recomenda que procurem ajuda se tiver sintomas como dor de garganta e febre.
Os xavantes costumam realizar vários rituais durante está época do ano, como a perfuração da orelha, que marca a transição da adolescência para a vida adulta e que ocorreu há cerca de duas semanas na aldeia São Marcos em Barra do Garças.
Em um vídeo gravado por um morador da aldeia durante o evento, observa-se que nenhum indígena usa máscaras de proteção e que o distanciamento mínimo recomendado de 1,5 metro não é respeitado. O líder indígena, Rafael Wéré É, diz que falta orientação adequada por parte das instituições responsáveis.
“Meu povo está sendo dizimado com o coronavírus e nenhum protocolo está sendo aplicado para o povo xavante. Nenhuma orientação do que se deve fazer o que não deve fazer”, afirma.
O representante da Operação Amazônia Nativa (OPAN), Ivar Buzato, alerta que é necessário implantar soluções temporárias durante a pandemia, como a adaptação de rituais para orientar os indígenas.
"É extremamente importante que possa haver pessoas e equipes para dialogar com os líderes dessa sociedade para poder encontrar soluções de todas os problemas que estão aparecendo. Soluções como o que fazer com a pessoa que contaminada com o coronavírus, faleceu e precisa ser enterrado com um ritual adaptado a situação”, afirma.
SOS Xavante
A campanha SOS Xavante, na qual o ator Marcos Palmeira pede ajuda para os indígenas, foi divulgada nesta semana.
“Essa campanha é específica para o povo Xavante que está lutando há 80 anos. Um dos povos mais guerreiros do Brasil. Então é muito importante que você colabore, ajude, pra que esse povo consiga passar por essa pandemia com o mínimo de dignidade”, afirma o ator.
*Com informações do G1