O periódico científico Nature Medicine informou, na última segunda-feira (22), que imunidade contra a covid-19 pode não ter um efeito de longo prazo. Um estudo conduzido por cientistas chineses apontou que os anticorpos desenvolvidos pelo corpo humano contra a covid-19, após uma infecção, podem durar dois ou três meses.
Esta situação pode afetar as possíveis aplicação das novas vacinas em desenvolvimento e questiona estratégias como a dos "passaportes de imunidade" para pessoas que já se curaram. O estudo indicou ainda que pacientes assintomáticos podem produzir menos anticorpos que aqueles que apresentaram sintomas.
O estudo foi chamado de "Avaliação clínica e imunológica de infecções assintomáticas por Sars-Cov-2", pela Universidade de Medicina de Chongqing, no sudoeste da China. Os resultados da detecção de anticorpos no sangue de 37 pacientes sintomáticos e 37 assintomáticos, sendo homens e mulheres com idades entre 8 e 75 anos, foram comparados.
Foi constatado que a maioria dos infectados produziu anticorpos para a covid-19, especificamente IgG e IgM. O último é o primeiro anticorpo que o organismo produz para combater uma nova infecção, apareceu normalmente em primeiro e com a menor duração.
Já o anticorpo IgG, que pode levar tempo para se formar após uma infecção, mas também dura mais tempo, é o anticorpo mais farto no corpo. Ele fornece imunidade contra infecções bacterianas e virais. Segundo o estudo, de três a quatro semanas após a infecção os pacientes assintomáticos apresentavam uma taxa de IgM de 62,2% e de IgG de 81,1%. No grupo com sintomas, a IgM foi de 78,4% e a IgG foi de 83,8%.
Mesmo que as infecções assintomáticas apresentem níveis mais baixos de anticorpos, o nível de anticorpos da maioria das pessoas infectadas mostrou uma diminuição considerável de dois a três meses após a infecção. Os níveis de anticorpos IgG em 93,3% do grupo assintomático e 96,8% do grupo sintomático começaram a diminuir oito semanas após a alta.
OMS alega que imunidade não é comprovada
Um relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 24 de abril, certifica que "não há evidências" que possam provar que os anticorpos produzidos após a infecção possam proteger o organismo de uma segunda infecção.
Portanto, o professor de virologia Jin Dong-Yan, da Universidade de Hong Kong analisou as conclusões e alegou que o estudo não nega a possibilidade de outras partes do sistema imunológico poderem oferecer imunidade.
Dong-Yan enfatizou que o número de pacientes estudados foi pequeno. "A descoberta neste estudo não significa que o céu está desabando", declarou.
*Com informações do portal Terra