Um equipamento que promete desinfetar o ar do ambiente e inibir o coronavírus, por meio da emissão de raios luz ultravioleta (UV-C), foi desenvolvido por quatro estudantes dos cursos de engenharia elétrica e mecânica da Universidade de Brasília (UnB).
O UV-tech, como foi batizado pelos criadores, "limpa" o ar dos cômodos e dificulta a proliferação do vírus. Outra vantagem é a economia, já que custa cerca de 60% da média de preços de aparelhos similares no mercado. O primeiro protótipo já está em uso em uma clínica odontológica em Brasília.
Três jovens da Enetec, empresa júnior de engenharia elétrica e um da Tecmec, empresa júnior de engenharia mecânica foram os responsáveis pelo projeto. Tais instituições, sem fins lucrativos, são formadas por estudantes sob a orientação de professores. O dinheiro arrecadado com as vendas de produtos é reinvestido em pesquisas e treinamentos.
Funcionamento
O integrante da equipe, Lucas Ferreira, de 20 anos, conta que o UV-tech possui um suporte de lâmpadas de raios luz ultravioleta em alta intensidade, que geram o “efeito germicida”. A mesma tecnologia é utilizada em equipamentos para esterilização de materiais.
“Basicamente, a luz ultravioleta altera a composição genética do vírus. Por conta da energia que carrega, consegue alterar a estrutura do vírus e inativar ele de fato”, explica.
Para a gerente do projeto, Helena Coutinho (21), do 6º semestre de engenharia elétrica, o produto deve ser utilizado como “ uma medida extra”.
“O equipamento não substitui a limpeza com produtos químicos. Ele serve para reforçar a proteção contra o vírus em ambientes de risco”, ressalta.
O aparelho pode ser controlado à distância, por meio de um aplicativo de celular para não causar danos à pele. Outra opção é o manuseio direto, com uso de roupas específicas.
O projeto, desenvolvido também pelos estudantes Gustavo Faber e Fernanda Madeiro, foi elaborado e executado no prazo de 20 dias úteis. "Só levou mais tempo porque algumas peças precisaram ser trazidas de fora de Brasília e tinha o prazo da entrega."
Mudança de planos
A princípio, a ideia do projeto era fazer um equipamento para desinfetar máquinas de cartões, para uso em comércios, mas foi modificado após uma sugestão.
“Um dentista, colega de família, me mostrou um equipamento usado em clínicas que usa a emissão de raios ultravioleta para desinfetar o ambiente e perguntou se a gente poderia desenvolver”, explica Helena.
O dentista que financiou o material do aparelho é Carlos Eduardo de Almeida, de 52 anos. O profissional atende clientes de todo o DF em um consultório na Asa Norte. Como passa muito tempo dentro do consultório e fica exposto ao contágio diariamente, encomendou o equipamento para uma maior segurança.
“Aquele equipamento que usamos em tratamento dentário, que tem aquele barulhinho conhecido e sai água, tem um aerossol – capaz de contaminar o ar. O jato pode jogar o líquido junto com saliva para até dois metros”, explica.
Mesmo com a rotina de limpeza do consultório, entre o intervalo de um cliente a outro, Carlos conta que com a pandemia, tais protocolos não são suficientes.
“O vírus é invisível. A minha roupa é descartável e eu sempre troco e jogo fora a cada atendimento. Mas e as superfícies, e o ar?”, questiona.
Solução
Por meio de pesquisas na internet, o dentista, que atende há 30 anos, descobriu o equipamento de desinfecção com raios ultravioleta, contudo o preço estava fora de seu orçamento.
“Cheguei a encontrar pelo custo de R$ 20 mil. Imagina em um cenário como esse, onde muitos profissionais estão em crise, quem pode investir esse valor?”
Para Carlos, sugerir o equipamento às empresas juniores “foi uma boa solução”. “É uma alternativa que contribui para o desenvolvimento de pesquisas na universidade e para alternativas mais acessíveis”.
De acordo com a gerente do projeto, Helena, o equipamento pode ser produzido a partir de R$ 5 mil, variando de acordo com o tamanho do espaço a ser descontaminado. "É uma empresa sem fins lucrativos, então, o nosso objetivo não é replicar vários, mas aprimorar e prestar consultoria sobre o projeto também".
*Com informações do G1