Um artigo científico publicado na revista científica The Lancet Microbe, na última quinta-feira (19/11), aponta que os pacientes da Covid-19 são mais contagiosos na primeira semana da doença, especialmente nos cinco primeiros dias de sintomas. Para o estudo um grupo de pesquisadores do Reino Unido fez uma análise sistemática do tema.
Eles revisaram 98 artigos publicados entre janeiro de 2003 e junho de 2020 sobre os três Coronavírus: o Sars-CoV-2, causador da Covid-19; o Sars-Cov, da síndrome respiratória aguda; e o Mers-Cov, da síndrome respiratória do Oriente Médio. Com isso os pesquisadores pretendiam entender a dinâmica da carga viral, a duração da eliminação do RNA viral e a eliminação do vírus em fluidos corporais.
Com o resultado, o estudo demostrou que a maior concentração de vírus está no trato respiratório (nariz e garganta) nos cinco primeiros dias de sintomas. Por isso a alta transmissibilidade do patógeno em comparação aos outros analisados e a necessidade de isolamento imediato.
“Este achado é apoiado pela observação em estudos de rastreamento de contato de que o maior risco de transmissão ocorre muito no início do curso da doença (alguns dias antes e nos primeiros cinco dias após o início dos sintomas)”, escreveram os autores do artigo.
Conforme um dos autores do artigo, o pesquisador da Universidade de St. Andrews, da Escócia, Muge Cevik, os dados demonstram que o período de maior transmissão do vírus por pacientes sem sintomas severos pode ser de dez dias após o início dos sintomas. Dessa forma, a recomendação é manter o isolamento por um período de 10 a 15 dias. Já nos casos graves, o vírus pode ser transmitido por mais tempo e o paciente deve permanecer mais dias isolado.
Teste positivo para Covid-19
Os estudos ainda demostram que o tempo de duração do vírus com potencial para contaminação é relativamente curta. Os pesquisadores não encontraram evidência de um vírus ativo em amostras de nove dias após o início da doença, desse modo, os testes do tipo RT-PCR, para a detecção do Sars-CoV-2, não devem ser usados para determinar a cura de um paciente, já que eles podem detectar o material genético por semanas ou até mesmo meses depois da infecção, mesmo quando não há potencial para contagio do Vírus.
Sendo assim, os pesquisadores concluiram que “Embora a eliminação do RNA do Sars-CoV-2 em amostras respiratórias e de fezes possa ser prolongada, a duração do vírus viável é relativamente curta. Os títulos de Sars-CoV-2 no trato respiratório superior atingem o pico na primeira semana da doença”, afirmaram no artigo.