O estado de São Paulo pode chegar a enfrentar um colapso no sistema público e privado de saúde, com esgotamento dos leitos de UTI para pacientes com Covid-19, em ate 25 dias, caso o atual ritmo de avanço da pandemia permaneça.
Todos os leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponíveis para Covid-19 nas redes pública e privada do estado devem acabar nesse prazo, se o ritmo atual de internações pela doença e de abertura de novos leitos se mantiver o mesmo do mês de março.
Em maio de 2020 o secretário municipal da Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, alertou que o sistema de atendimento na cidade poderia estar "profundamente comprometido", caso a população não colaborasse para a elevação da taxa de isolamento social.
"Mesmo com todo o esforço feito até agora, na ampliação de leitos e de [disponibilização] dos novos leitos que já estão sendo contratados, isso tudo será insuficiente para o grau de evolução que estamos tendo nesse momento aqui na cidade", disse o secretário.
Hoje em 2021, o país registrou 2.349 mortes pela covid-19 nas últimas 24 horas, o maior número desde o começo da pandemia, e totalizou nesta quarta-feira (10) de março, 270.917 óbitos.
Segundo a matemática Simone Batista, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e doutora em engenharia de sistemas pela Poli-USP, a pedido do portal G1, levantou dados que, caso não haja alterações significativas no ritmo atual de internações e de criação de leitos para UTI no estado o esgotamento pode ocorrer em menos tempo.
A taxa média de ocupação de UTIs em São Paulo é de 83%, a maior de toda a pandemia. Na quarta-feira, o estado registrou 469 novas mortes e 15.541 casos da doença.
Após divulgação dos números o secretário da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, reconheceu que a abertura de novos leitos de UTI não é uma medida capaz de, sozinha, conter o avanço da pandemia no estado.
Jean volta a fazer o apelo para que todos fiquem em casa, "Ampliamos leitos e continuaremos a ampliar leitos, mas nós não daremos conta de abrir mais. Eu vou repetir: nós não daremos mais conta de abrir mais leitos. Precisamos da ajuda de todos. Precisamos que todos fiquem em casa e só saiam em condições de absoluta necessidade, que usem máscaras, que evitem as aglomerações. Nos ajudem para que, dessa maneira, possamos ajudar a todos".
O médico Márcio Sommer Bittencourt, pesquisador do Hospital Universitário da USP, o colapso do sistema de saúde pode ocorrer antes que o total de leitos ocupados supere o total de leitos criados no estado.
"Na verdade, a gente já está meio em colapso, porque já tem muito lugar que tá sem leito, já tem muita fila de espera para leito, já tem muita gente que não tá sendo adequadamente atendido. A situação já é muito complicada, independe do número", disse.
De acordo com levantamento, na fila de espera pelos leitos de UTI, pelo menos 38 pacientes com coronavírus morreram no estado de São Paulo nestes primeiros nove dias de março, os pacientes aguardavam liberação de leitos intensivos em cidades localizadas na Grande São Paulo e no interior do estado.
Em praticamente todos os casos de mortes na fila de espera, as prefeituras ou os hospitais responsáveis pelos pacientes disseram que vagas de UTI haviam sido solicitadas por meio do sistema estadual de regulação de leitos, o Cross, mas que os pedidos não foram atendidos , seja por indisponibilidade de vagas, seja por impossibilidade de fazer a transferência de pacientes em estado grave.
A Secretaria da Saúde disse que não negou leitos e que as transferências não ocorreram porque os pacientes não puderem ser removidos com segurança devido ao quadro de saúde instável.
Confira a sequência da última semana na média móvel:
- Quinta-feira (4): 1.361 (recorde)
- Sexta-feira (5): 1.423 (recorde)
- Sábado (6): 1.455 (recorde)
- Domingo (7): 1.497 (recorde)
- Segunda-feira (8): 1.540 (recorde)
- Terça-feira (9): 1.572 (recorde)
- Quarta-feira (10): 1.645 (recorde)
Com isso, a média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 1.645, também um recorde. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de 43%, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.
*Com informações do G1, Uol e yahoo!
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