Por Pedro Caramuru, Amanda Pupo e Matheus de Souza
A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde e médica, Mayra Pinheiro, afirmou à CPI da Covid que "as políticas de lockdown" podem causar danos à sociedade, como "fome, miséria e desemprego".
Segundo a médica, a "doença covid-19 confere imunidade mais eficaz que as vacinas" atualmente em uso e defendeu que "em pequenos grupos" a estratégia de imunização por meio do contágio pode ser eficaz. O uso de medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da covid-19 tem sido usado por integrantes do Executivo nacional como alternativa às medidas profiláticas como o distanciamento físico, uso de máscaras e higienização adequada das mãos.
Neste fim de semana, o presidente Jair promoveu aglomerações no Rio de Janeiro e apareceu sem máscaras ao lado do ex-ministro da Saúde e general do Exército Eduardo Pazuello. Durante o depoimento à CPI, Mayra disse que não comentaria o comportamento do presidente da República.
Apesar das declarações, Maya disse ser "extremamente perigosa" a ideia de induzir a imunidade da população por meio do efeito de rebanho. "Para grandes populações não se sabe quantas pessoas vão precisar ser submetidas a esse tipo de teoria e ela pode induzir milhares de óbitos, então eu não concordo com isso de forma generalizada. Em pequenos grupos populacionais isso pode ser usado", afirmou ainda que tenha destacado ser necessária a vacinação de pessoas que contraíram a covid-19.
"Nós podemos desenvolver imunidade de duas formas e isso está bem claro para a sociedade. A doença em si confere imunidade, mas a vacina confere imunidade em escala. A gente não precisa esperar que muitas pessoas adquiram infecção para terem imunidade", disse ao colegiado. "No contexto atual, sabemos que a doença confere uma imunidade mais eficaz do que a vacina que estamos utilizando porque estamos usando vacinas em fase 3 de testes clínicos pela nossa urgência", completou.
A secretária também criticou decisões da Organização Mundial da Saúde (OMS) e disse que o órgão "errou" no timing para recomendação do uso de máscaras. "A situação de emergência foi em janeiro e somente em junho foi dada a orientação para que todos usassem máscaras", destacou.