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Investigadora se arrisca para desvendar casos extraconjugais

Cleópatra, 51, é detetive particular. Ela era funcionária da prefeitura de Goiânia na década de 1980 e começou a investigar a vida de colegas de trabalho que recebiam salários inferiores ao seu, mas ostentavam joias e perfumes importados. As descobertas que fazia - “Quem tinha romance com quem, quem tinha caso com quem, porque subiam de cargo” - compartilhava com um amigo mais velho, o delegado, mestre de cerimônias e detetive Juvenal de Barros.

“Ele foi meu padrinho, um grande padrinho”, conta Cleópatra em seu escritório ao lado do Lago das Rosas. “Ele foi me dando alguns trabalhos e no final me deu toda a clientela. Ele aposentou e eu assumi”. Aprendeu a profissão na prática. Mais tarde fez um curso de investigação por correspondência, “mas fiz por fazer mesmo”, diz.

Hoje ela atende clientes durante todo o ano e pode escolher os casos que quer trabalhar. A maioria é de suspeita de relacionamento extraconjugal e os desconfiados costumam ser do sexo masculino. “Um bom julgador por si se julga”, brinca a detetive.

Para dinamizar suas investigações, Cleópatra sempre se atualiza com novas tecnologias. Por detrás de um computador consegue fazer a maior parte do trabalho sem sair do escritório, mas para finalizar o serviço segue a vítima na rua. “A gente vai lá e registra tudo aquilo que já sabemos. Eu não posso trabalhar com ‘achômetro’, preciso de provas”, explica.

Nessas empreitadas tem que pisar no acelerador para seguir o carro da pessoa investigada e chega a conversar com ela. “Eu levo vantagem nessa área por ser mulher e por ser muito discreta. Então eu entro, saio, converso com as vítimas e elas nunca vão pensar que eu sou uma investigadora”, conta.

O único tipo de trabalho que Cleópatra não aceita é investigação criminal. “Já atuei bastante, mas é uma área perigosa e tem muitas outras pessoas disponíveis para fazer esse serviço”. Apesar dessa cautela, a detetive já correu risco de vida ao lidar com traições em relacionamentos.

Perigo


Uma mulher que suspeitava do marido, junto com a mãe, procurou os trabalhos da investigadora. “Ela: jovem, muito rica e feia. Ele: jovem, muito bonito e pobre”, descreve Cleópatra em tom de piada. Finalizado o trabalho ficou provado que o suspeito traía a esposa com uma médica. O relacionamento acabou, e ele, representante comercial na empresa do sogro, perdeu o emprego.

“Ele não quis ficar fora da empresa e convenceu que nunca mais a trairia, se ela contasse quem foi a pessoa que fez o serviço de investigação”, conta. Com a ajuda de amigos, ele decidiu se vingar da detetive. Passou-se por outra pessoa e fingiu que precisava do trabalho de Cleópatra.

“Eu só percebi que era ele, quando eu o encontrei em uma situação bem complicada que eu não vou citar. Aí que percebi que era uma armadilha”, diz. Uma intervenção policial salvou a investigadora, que foi parar na delegacia, junto com o homem, comparsas e a mulher traída.

Mesmo com os riscos, Cleópatra diz que gosta muito da profissão, não pensa em se aposentar em breve, mas também se compadece do drama dos clientes: “Eu mudaria de profissão tranquilamente se as pessoas parassem de trair, com sinceridade. Porque é a dor maior para todos”.

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