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Puberdade precoce

Do nascimento ao amadurecimento o ser humano passa por diversas etapas. A fase de transição para adolescência, onde o indivíduo não é mais criança e também não é um adulto, é denominada de puberdade. Período que ocorre várias mudanças físicas e biológicas. Ela começa entre oito e treze anos de idade para as meninas e de nove a catorze para os meninos. Na precoce, os sinais no corpo da criança são semelhantes, mas antes do período considerado normal.

No começo da puberdade, uma parte do cérebro chamada de hipotálamo libera o hormônio gonadotrofina (GnRh), que faz com que a hipófise (glândula presente na base do cérebro) libere outros dois hormônios: luteinizante (LH) e hormônio folículo (FSH). Esses hormônios estimulam o ovário a produzir estrogênio nas meninas e testosterona nos meninos, que levam as mudanças durante a puberdade.

Além de ser um problema que afeta a autoestima e o crescimento dos jovens, a puberdade precoce pode também ser um sinal de que alguma coisa não está certa no corpo e por isso merece atenção por parte dos pais e dos profissionais da saúde. Eles devem ficar atentos para as mudanças físicas, como: crescimento das mamas, pêlos e menstruação. Sendo assim, o filho não corre risco de desenvolver problemas psicológicos e sociais, como depressão e discriminação, até mesmo a gravidez.

Em entrevista para o Diário da Manhã, o médico Luis Eduardo Calliari, endocrinologista pediátrico e professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo explicou que a puberdade precoce pode ser prejudicial ao crescimento da criança. “Quando a puberdade ocorre mais precocemente, todo o processo de amadurecimento se acelera e os hormônios (masculino e feminino) terminam o fechamento das cartilagens de crescimento. Com isto, há perda importante de estatura final”, afirma.

O médico Luis Eduardo conta que a indicação é procurar um profissional de saúde, no caso o pediatra, para poder auxiliar tão logo que seja observado. Através de histórico clínico da criança, exames físicos, imagem e de sangue, o diagnostico pode ser comprovado. Além de testes complementares, como a dosagem hormonal para avaliação da idade óssea.

As causas da puberdade precoce ainda são desconhecidas, porém sabe-se que meninas acima do peso ou expostas a substâncias químicas que alteram os níveis de estrogênios estão mais propensas a desenvolver precocemente. E além das alterações nos ovários e nas glândulas suprarenais. Uma grande consequência é o aumento do risco de hipertensão e câncer de mama nas meninas.

Tratamento

Um dos tratamentos são injeções mensais ou trimestrais que bloqueiam a produção hormonal e impedem a evolução da puberdade. Mas o médico alerta que o tratamento só deve ser indicado quando a puberdade for muito precoce, ou seja, antes dos oito anos da menina e nove anos do menino.

Logo após o diagnóstico, o tratamento já deve iniciar para impedir que a criança chegue a puberdade antes do tempo desejado e possa manter seu desenvolvimento cronológico compatível com a idade da criança.

As diferenças na regulação da puberdade são feitas pelo sistema nervoso central que podem ser responsáveis pela diferença das meninas por meninos. Nas meninas, o principal sinal é a telarca, ou seja, o aparecimento do broto mamário, que pode ser doloroso. Já nos meninos, o que deve chamar atenção são o surgimento de pêlos, acnes, odor axilar e desenvolvimento genital. “O aparecimento destes sinais precocemente indica a presença de produção hormonal que requer esclarecimento e tratamento”, completa o médico.

“O excesso de peso e a alimentação podem estar relacionados à aceleração puberal, principalmente no sexo feminino, embora não se saiba por quais mecanismos isto possa ocorrer”, diz o médico.

Gene ligado à puberdade precoce pode antecipar diagnóstico

Estudo realizado pela Universidade de São Paulo (USP) foi identificado um gene relacionado a puberdade que pode antecipar o diagnóstico e facilitar o tratamento. A pesquisadora Ana Claudia Latronico, atuante na área de genética de doenças endócrinas percebeu ao longo de 20 anos de carreira, a recorrência da presença de histórico familiar entre os casos de puberdade precoce.  “Observamos a ocorrência de familiares afetados e até então não havia nenhum tipo de estudo”, disse. O que se sabia, a partir de um estudo israelense desenvolvido em 2004, é que a hereditariedade da puberdade precoce estava presente em aproximadamente 27% dos casos, informou a endocrinologista.

Com a seleção de 15 famílias, reunindo 40 pessoas. A doença causa o desenvolvimento acelerado do corpo pelo aumento prematuro na produção do hormônio que libera as gonadotrofinas: o GnRH, que comanda o amadurecimento sexual do organismo. A partir do sequenciamento genético desses pacientes, Ana Claudia identificou uma nova causa para o início antecipado da puberdade: uma falha no gene MKRN3. Os resultados foram publicados na revista científica americana New England Journal of Medicine.

O estudo não tem como objetivo trazer mudanças no tratamento da puberdade precoce. “O procedimento terapêutico é totalmente estabelecido e efetivo”, destacou. A partir da compreensão da causa, no entanto, é possível antecipar o diagnóstico e iniciar o uso dos remédios assim que aparecerem os primeiros sintomas. “Se o teste genético estiver disponível, pode-se fazer a análise antes mesmo de ocorrer a manifestação clínica para saber se está ou não sob risco de desenvolver precocemente”, apontou.

(informações da Agência Brasil)

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