Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) traçaram, durante um ano e meio, as características do perfil das mulheres profissionais do sexo na capital. O estudo ocorreu em locais públicos e privados da cidade e fizeram parte mulheres de todas as camadas sociais, incluindo profissionais de luxo.
Os resultados apontaram que muitas das profissionais do sexo são casadas ou possuem companheiro fixo, e um número significativos delas disseram ter escolhido a prostituição porque no mercado formal os ganhos são menores. Cerca de 70% delas, especialmente as que trabalham em casa de luxo, as quais chegam a receber R$ 60 mil por mês, são responsáveis pelo sustento de filhos, pais ou maridos.
Para realizar o levantamento de dados os pesquisadores utilizaram a metodologia de amostragem Respondent-Driven Sampling (RDS), o que tornou possível alcançar locais de prostituição antes inacessíveis onde, consequentemente, as profissionais do sexo acabavam por ficar à margem dos serviços de saúde e dos inquéritos de saúde.
Os resultados proporcionados pela nova metodologia de amostragem, descritos pelo pesquisador da Faculdade de Enfermagem, o professor Marcos André de Matos identificaram prevalências mais altas das doenças hepatite B e C, HIV e HTLV nas profissionais do sexo do que na população de uma forma geral. E, durante o estudo, todas as participantes foram vacinadas contra Hepatite B, difteria, tétano e gripe e receberam orientações.
A análise constatou que elas encontram dificuldades em acessar o serviço de saúde pela discriminação que sofrem nos locais e pelos seus horários de trabalho, geralmente noturno. Ainda, devido às características inerentes à prostituição, essas mulheres estão expostas a inúmeros comportamentos que colocam a saúde em risco, define o estudo.
Através da pesquisa, realizada em chácaras de luxo, bares, boates/casa de show erótico, bordéis, cinemas, casas de espetáculos eróticos e nas ruas, foi possível ainda, utilizando georreferenciamento, mapear os locais de prostituição em Goiânia, demonstrando que a comercialização sexual está concentrada em pontos das Regiões Central e Sul da capital, sendo que Goiânia é considerada uma importante rota de prostituição e turismo sexual nacional e internacional.
Realidade da praça
A empresária, Maria Nunes Perdigão, 58 anos, que atua no mercado goiano com cerca de 50 profissionais do sexo, descreve que suas profissionais atuam em toda grande Goiânia, em locais como casas noturnas, bares, avenidas movimentadas, regiões de motéis e até em pontos de ônibus. “Atendemos todos os bairros da capital. Onde há aglomeração nós atuamos”, brinca.
Ela avalia que cerca de 70% das mulheres que trabalham com ela hoje, não tiveram escolha ao se tornarem profissionais do sexo. No entanto, ela observa que há uma parcela que corresponderia os outros 30% que estão na prostituição por opção, tendo por finalidade o simples objetivo de ostentar. “São mulheres livres”, define ela.
Sobre Goiânia ser considerada uma importante rota de prostituição e turismo sexual nacional e internacional. Maria Nunes descreve que as mulheres que trabalham com ela atendem a classe media alta. Mas, não definiu valores cobrados pelo programa. “Valores é complicado porque cada uma faz sua negociação com o cliente” esclarece.
Ela reconhece que em média as profissionais do sexo recebem dois clientes estrangeiros por semana e 90% dessas mulheres sustentam suas famílias. Os pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) com a pesquisa que traça o perfil das profissionais do sexo em Goiânia constatam que o resultado do estudo foi uma amostra significativa principalmente pelo o acesso a locais que até então eram desconhecidos.