Neste final de semana uma reviravolta aconteceu no Bairro São Carlos, perto do Bairro da Vitória, Região noroeste de Goiânia e saída para Goianira. A equipe de reportagem do Diário da Manhã adquiriu informações sobre uma ocupação no local através de moradores da região que ficaram assustados com a movimentação.
De acordo com os as pessoas que se fixaram na área, há um imbróglio judicial, falta documentos para a regularização do espaço e não sabe quem é o real dono do lote. Assim, moradores da região que moram de favor ou de aluguel, tomaram uma atitude para saírem do aluguel e ocuparam a terra.
O espaço pode garantir a moradia de 300 famílias. Foi feita uma delimitação do terreno para futuramente construírem as ruas, calçadas e colocarem postes. Todos os lotes receberam o mesmo espaço, basicamente 10m x 25m, mas futuramente, quando o espaço for regularizado, espera-se que a prefeitura possa fazer os estudos e medidas corretas do local para garantir que ninguém extrapole os limites de um vizinho.
Muitas pessoas já traziam materiais para iniciarem a construção dos barracos. Algumas famílias já tinham levado cama, colchões, pia e fogão.
Terra de ninguém?
No território ocupado havia uma casa destruída. A justiça mandou desocupar a casa que moravam o casal Delfino da Silva e sua esposa Raimunda da Silva. A reportagem conversou com o casal que garante que o juiz deu novo ganho de causa, mas não obteve acesso aos papéis do processo e nem recebeu autorização para conversar com o advogado do caso.
A ocupação não tem grupos ou líderes que encabem o movimento. Os moradores da região em volta adentraram as terras e começaram os preparativos básicos dos lotes, como a roçagem e a capinagem.
Apesar de não haver grupos oficiais como o MST, há pessoas com experiência em casos de ocupação e luta por moradia que deram suporte aos morados da região. Principalmente se tratando de medição de espaços e avisando outras famílias para ajudarem a ocupar o território.
Luta pela casa própria
Cristiane Ferreira Rocha, de 45 anos, mora junto com suas filhas e netos e nunca conseguiu a casa própria. Ela critica que há anos esta no programa do governo para conseguir sua habitação e não consegue. “Todas as famílias que estão aqui precisam de uma casa. São famílias que tem crianças, idosos e não conseguem pagar aluguel, não conseguem arrumar um emprego para sustentar uma casa”, explica.
“Aqui não tem um ‘cabeça’, aqui nós todos reunimos e entramos, porque não queremos mais pagar aluguel”, respondeu Maria José, de 49 anos, ao ser indagada sobre qual movimento pertenciam. “Movimento? Eu sou do movimento ‘não tenho casa pra morar’”, respondeu uma das ocupantes.
Ducival Pereira de Oliveira, 45 anos, é uma das pessoas que conhecem do processo e organização de uma ocupação. Ele explica que a área passa há muitos anos com problemas de documentação e está desocupada, por isso houve uma convocação de famílias de baixa renda para reivindicarem a chácara.
“O projeto ‘Minha Casa Minha Vida’ é muito bonito, mas só na televisão. Esse projeto não chega até a gente”, desabafa Ducival. A necessidade e a vontade da casa própria fazem com que a população persista na luta, independente da dificuldade: “Estamos aqui tomando chuva e sol, no relento ou debaixo de lona, sem ajuda de ninguém”, explica.A reportagem tentou verificar quem era o dono legal do terreno, mas até o fechamento da edição não obteve respostas. Os moradores da região e os ocupantes divergem opiniões e não sabem ao certo.