Muitos cultivam o hábito de, no final de cada ano, planejar o ano seguinte, seja por listas escritas ou metas traçadas mentalmente. “Esse ano eu vou emagrecer”, “esse ano vou fazer mais exercícios físicos”, “esse ano vou viajar mais”, são algumas das metas mais comuns que são ouvidas e, muitas vezes pessoas fazem.Acontece que, na maioria das vezes, as metas traçadas na virada, com o cotidiano do ano seguinte, acabam esquecidas e não são cumpridas. E, no ano seguinte (ou nos anos seguintes), os mesmos objetivos são novamente traçados com a promessa: “esse ano vai”.
É o caso de Ronara Costa, 25 anos, que trabalha com eventos. Todos os anos ela se promete que vai juntar dinheiro, mas nunca consegue cumprir a promessa. “Já me prometi juntar por dia, mas não deu certo. Já me prometi juntar por semana, mas também não deu certo. A última tentativa seria por mês e mais uma vez não cumpri. Acabei desistindo. As vezes me sinto frustrada com isso, pois essa é a única promessa que me faço”, explica.
Embora a maioria das pessoas relatem dificuldades em cumprir os planos feitos por elas para o ano, muitas relatam histórias de êxito. A professora de inglês Nayara Cristina de Andrade, 27 anos, por exemplo, conta que das 23 metas traçadas para 2015, ela conseguiu cumprir 14.
Nayara conta que há 8 anos participa de uma campanha em sua igreja chamada “Projeto de vida”. A campanha é realizada durante os doze primeiros dias de janeiro (cada dia correspondendo a um mês do ano), no qual ela planeja o ano em cinco aspectos: espiritual, familiar, profissional, financeiro e sentimental. O planejamento é guardado em envelopes e consultado durante o ano.
Entretanto, nem todos os itens do planejamento são cumpridos. “No projeto espiritual, uma das coisas que escrevi foi que nesse ano de 2015 gostaria de agradecer o alimento antes de consumi-lo, pois sempre achei lindo esse hábito. Por incrível que pareça, eu consegui realizar as metas mais difíceis, mas as mais fáceis como essa de agradecer antes das refeições eu não consegui”, conta Nayara.
Para Nayara, o hábito de planejar o ano seguinte a auxilia a ter foco no que ela espera do ano em questão. “Talvez se não tivesse a lista e não pudesse riscar as coisas que consegui teria uma visão pessimista do ano 2015”, explica ela, que já tem planos para 2016, como engravidar, terminar o mestrado, ir ao Rio de Janeiro, dar continuidade ao curso de licenciatura em Português e voltar para as aulas de francês.
Lilian Maciel Barros, 36 anos, coach, terapeuta, pedagoga, gestora de empresas e analista comportamental se especializando em gestão de pessoas, explica que o hábito de traçar metas não deve se restringir a apenas uma época do ano, mas que deveria ser frequente.
“Fixar metas é um ato de extrema importância para se alcançar resultados. Uma meta é algo totalmente diferente de um sonho ou de um desejo. Metas devem ser sempre claras, escritas e específicas. Deve ser sempre mensurada, assim seremos capazes de saber se alcançamos ou não. Estabelecer metas proporciona a sensação de significado e propósito, conferem senso de direção em nossas vidas e, a medida que nos movimentamos em direção as nossas metas, nos sentimos mais fortes, confiantes e consequentemente mais felizes, mais competentes”, explica.
Para Lílian, o hábito de traçar metas é relevante pois muitas pessoas fracassam na vida pelo fato de não saberem o que querem, portanto aceitam qualquer coisa. Ela explica que ao fixar metas, a maior responsabilidade diante de si é investir o tempo que for necessário para ter absoluta clareza sobre o que exatamente é desejado e qual a melhor maneira de alcançar. “O ponto de partida de qualquer processo de concretização de metas é o desejo, é preciso ter um desejo intenso”.
Sonho não é meta
Para não correr o risco de não cumprir o planejado, a coach Lilian Maciel Barros, 36 anos, recomenda disciplina. “É importante ter foco para cumprir as metas, pensar no que foi estabelecido e ter muita determinação, acreditar em si mesmo. Metas são passos para se alcançar um objetivo, por isso é tão importante ter foco”, esclarece.
Ela explica que algumas pessoas não cumprem suas metas pelo fato de que na verdade o que se tem é uma série de sonhos ou desejos, como por exemplo ‘ser feliz’ ou ‘ganhar muito dinheiro’. “Um detalhe importante é que as metas devem ser muito bem definidas, claras e mensuráveis. Algumas metas são inatingíveis ou irrealistas o que dificulta ou impossibilita o seu cumprimento”, conclui.