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Renato Dias recebe prêmio por livro sobre a ditadura

  • Solenidade de premiação ocorrerá na próxima quinta-feira, em Porto Alegre [RS]
  • Renato Dias conta a história do desaparecimento de Marcos Antônio Dias Batista
  • É o quarto ano consecutivo que o repórter é contemplado no prestigiado concurso nacional
  • Lucas Figueiredo [MG] obteve o primeiro lugar. Ele é da Editora Cia. das Letras[SP]


Em 10 de dezembro último, em que se comemora o dia internacional dos direitos humanos, o jornalista, especialista em Políticas Públicas, sociólogo e mestre em Direito e Relações Internacionais, Renato Dias, 48 anos de idade, recebeu, em Porto Alegre, prêmio pela autoria do livro-reportagem, lançado em 2015, ‘O Menino que a Ditadura matou’.

Trata-se do 32º Prêmio Nacional de Jornalismo em Direitos Humanos, promovido pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Associação dos Repórteres Fotográficos [Arfoc-RS] e a Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Rio Grande do Sul. Ele obteve a terceira colocação na categoria Grandes Reportagens [Publicados no suporte livro].

A solenidade ocorreu no Auditorio da OAB [RS]. A obra do autor goiano premiado narra o desaparecimento do estudante secundarista Marcos Antônio Dias Batista, em maio de 1970. O militante integrava a Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares [VAR-Palmares], a mesma organização clandestina de luta armada contra a ditadura civil e militar de Dilma Rousseff.

Marcos Chinês, como era chamado em 1968, nas revoltas estudantis em Goiânia, morreu com apenas 15 anos de idade. A sua mãe deixou a porta da casa da família aberta por exatos dez anos esperando em vão o seu retorno. Maria de Campos Baptista, cujo apelido era ‘Dona Santa’, visitou presídios, percorreu estados, vasculhou pistas sobre seu paradeiro.

Os seus restos mortais nunca foram entregues para que os Dias Batista pudessem celebrar o ritual milenar do luto, patrimônio cultural imaterial da humanidade, registra o jornalista do Diário da Manhã. Um crime ainda sem castigo, afirmou no ato, ao lembrar que a Justiça de Transição da Ditadura Civil e Militar para a democracia teria sido inconclusa.

‘O Menino que a Ditadura Matou’ narra que, desesperada para encontrar os seus despojos, conseguiu, na Justiça Federal, que o ministro da Defesa [Chefe do Exército, Marinha e Aeronáutica], à época, José Alencar, o vice-presidente da República na Era Luiz Inácio Lula da Silva, a recebesse, em audiência, em seu gabinete, em Brasília, Capital da República.

Data: 15 de fevereiro de 2006. O ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, Paulo Vanucchi, um ex-preso político com autuação na Ação Libertadora Nacional, a ALN fundada pelo carbonário baiano Carlos Marighella, participou do encontro. Ao sair da reunião, ela morreu em um trágico e suspeito acidente automobilístico.

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Perfil


Especialista ainda em ditadura civil e militar [1964-1985], esquerdas e socialismos [1917-2015], o autor de lançou, em abril deste ano, 'Pequenas histórias - Cuba, hoje - Uma revolução envelhecida ou a reinvenção do socialismo?’. Mais: em 2012 colocou nas prateleiras do mercado editorial “Luta Armada/ALN-Molipo - As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz”.

No ano seguinte, “História – Para além do jornal – Um repórter exuma esqueletos da ditadura civil e militar”. O escritor quer lançar, em 2016, “Os Sem Gravatas - Um repórter vai à Grécia, diagnostica a crise e descobre qual é a do Syriza e da Troika, com imagens inéditas de Juliana Dias

Ela é jornalista graduada na Universidade Federal de Goiás [UFG] e repórter da TV Brasil Central. Já o design gráfico leva a assinatura de Eric Damasceno, diagramador de O Popular. A infografia é uma produção de Elson Souto, designer do jornal Diário da Manhã. Registro: reportagens da crise que sacudiu a Europa e levou radicais, hoje moderados, ao poder.

- As ilustrações são de Mariosan Gonçalves.

Renato Dias publicará ainda, no ano que vem, uma segunda edição revista e ampliada do livro ‘Luta Armada/ALN-Molipo As Quatro Mortes de Maria Augusta Thomaz’. A ex-guerrilheira treinada em Cuba e que morreu dia 17 de maio de 1973, na Fazenda Rio Doce, município de Rio Verde, Goiás, ao lado de Márcio Beck Machado, em uma operação que teria tido as participações de Carlos Alberto Brilhante Ustra e Marcus Antônio de Brito Fleury, ex-diretor regional da Polícia Federal [GO].

O repórter investigativo pretende lançar também em 2016 ‘Memórias – Documentos para o Amanhã – Anos de Chumbo, época de sombras no Brasil e na América Latina’. Com design gráfico de Eric Damasceno, infografia de Elson Souto, caricaturas de Mariosan Gonçalves. Um painel do terror de Estado, com prisões ilegais, torturas, execuções extrajudiciais e desaparecimentos

O repórter especial do DM dá texto final a ‘Transição sem Justiça – Uma análise da passagem da ditadura civil e militar no Brasil para a democracia em comparação com os países do Cone-Sul, Europa e África do Sul’. Ex-soldado de Liev Davidovich Bronstein [Leon Trotski/1879-1940], Renato Dias escreve ainda livro sobre o que pensam os trotskistas, hoje, no Brasil,como Luciana Genro, José Maria, Markus Sokol, João Machado

- O título provisório é ‘Dose para Leon – Os trotskistas no Brasil, hoje’.


Números da Ditadura


1964 Golpe de Estado civil e militar no Brasil

1968 Revoltas estudantis em Goiânia e no Brasil

1969 Nasce a Vanguarda Armada Revolucionária n- Palmares

1970 Em maio, desaparece Marcos Antônio

Dias Batista

1980Maria de Campos Baptista descobre a história trágica do filho

1995 Com a Lei 9.140, é emitido atestado de óbito de Marcos Chinês

2006 Em 15 de fevereiro, morre Maria de Campos Baptista

2012 Morre Marcus Fleury, suspeito pela morte de Marcos Chinês

2014 Em 10 de dezembro, sai o relatório final da Comissão Nacional da Verdade

2015 É lançado 'O Menino que a ditadura matou'. Livro é premiado

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