A comunidade afetada pelas chuvas da semana passada em Goiânia receberão auxílio psicoterápico da ABRAPAHP (Associação Brasileira de Programas de Ajuda Humanitária Psicológica) - grupo de profissionais que presta apoio a pessoas que sofrem traumas psicológicos causados por catástrofes. As famílias que tiveram as casas invadidas pela enchente, e que ficaram desalojadas, vão receber apoio psicológico qualificado, que busca resultado a curto prazo.
Com a chuva forte e constante do início da semana passada, os ribeirões Anicuns, Meia-Ponte e Cascavel transbordaram, alagando nove bairros da capital. Mais de 700 pessoas tiveram suas casas invadidas pela água e ficaram desalojadas.
De acordo com especialistas
com o ocorrido, muitas das vítimas podem acabar desenvolvendo traumas psicológicos, dos mais simples aos mais complexos. Esses distúrbios também independem da idade, sendo que tanto crianças como adultos e idosos podem, igualmente, sofrer danos psicológicos e emocionais.
O termo trauma psicológico pode ser compreendido como uma experiência de natureza excepcionalmente catastrófica, que colocou em risco a segurança ou a integridade física de uma pessoa ou de um ente querido dessa pessoa. A partir disso, o indivíduo desenvolve um estresse pós-traumático que começa a persegui-lo de forma que não o permita mais seguir sua vida normalmente.
É a partir disso que surge a necessidade de um tratamento psicoterápico. Em casos de catástrofes naturais, como as que atingiram Santa Catarina em 2008, e em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, em 2011, existem casos em que pessoas deixam de sair de casa pelo simples fato de estar chovendo ou por estar ventando forte.
Por isso a ABRAPAHP de Goiânia, coordenada pela psicóloga Priscilla Fonseca, reuniu uma equipe de 11 profissionais para o atendimento à comunidade atingida pela chuva. “A estimativa é de que todas as pessoas que forem buscar o tratamento conosco, no próximo final de semana, obtenham resultados positivos e que possam superar o ocorrido da melhor e mais rápida forma possível”, afirma. A comunidade será atendida na Igreja Batista Independente da Vila São Paulo.
Equipe
Em São Paulo, no ano de 2008, nasceram os chamados PAHP’s, Programas de Ajuda Humanitária Psicológica, coordenados pela psicoterapeuta Ana Maria Zampieri. Com o tempo, por meio de parcerias e da boa vontade de profissionais da psicologia, vários outros grupos se formaram com o mesmo intuito, e depois se unificaram em uma associação. Hoje, os principais apoiadores são a Força Aérea Brasileira (FAB), a Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO) e o Rotary Club International.
Método
Os profissionais que são associados à causa da ABRAPAHP são treinados por meio de um curso chamado “Intervenção Psicológica em Crises e Catástrofes”. Além disso, os psicoterapeutas fazem uso do EMDR, sigla que, em português, significa Dessensibilização e Reprocessamento através de Movimentos Oculares.
O princípio fundamental da terapia com EMDR é que a saúde básica existe dentro de cada indivíduo e o que o método pretende é tirar o bloqueio causado pelas imagens, crenças e sensações corporais negativas provocadas pelo evento, e permitir que o estado normal de saúde da pessoa surja novamente. Os resultados clínicos são obtidos com rapidez e estudos recentes indicam o sucesso e a manutenção das conquistas terapêuticas.
Doações aos afetados pela enchente
A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), em parceria com a Rádio Terra, CEASA, HP Transportes e COMURG começou a recolher, desde segunda-feira (25) doações para as famílias atingidas pelos alagamentos ocorridos nos últimos temporais em Goiânia. Roupas usadas e novas, alimentos, água mineral e produtos de higiene serão coletados e entregues às famílias.
Os pontos de arrecadação estão localizados na Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, no segundo piso do Paço Municipal; na HP Transportes na Vila União; e no Diretório Acadêmico de Comunicação (DACOM) da UFG. Quem não tiver disponibilidade de se deslocar para os pontos de arrecadação, poderá ligar na SMS, através do número 3524 1511 para agendamento do cata treco.
Trabalho preventivo
A Comurg já fez a limpeza dos entulhos dos bairros e as atividades foram intensificadas com a estiagem. A lama que se espalhava pelas ruas também foi retirada e descartada em aterros. A população que perdeu móveis e objetos por causa da enchente estão depositando-os na porta de suas residências e a companhia está recolhendo diariamente esses objetos descartados.
“Já realizamos a lavagem das ruas, além de também fazer a limpeza das redes pluviais e desentupimento dos bueiros. Os diques de contenção de água também foram limpos e reorganizados. Acreditamos que essas medidas preventivas podem evitar prováveis enchentes no futuro”, diz Ailson Alves, diretor operacional da Comurg.