Uma ação da Guarda Civil Metropolitana (GCM) visava atender uma denúncia que alegava a presença de drogas entre os que estavam numa distribuidora de bebidas, no setor Vera Cruz, na noite do último domingo (21). Cerca de seis viaturas da GCM chegaram no local, o qual também se encontrava o advogado Rogério Régis Ferreira, 54, que na hora conversava com o dono do estabelecimento. Segundo Rogério, antes da chegada dos agentes, ele ouviu dois tiros de pistola, e logo em seguida os carros cercaram o local e os agentes abordaram todos os que estavam o local, agindo com violência.
“Até o momento em que eles acabaram de descer das viaturas e começaram a abordar agressivamente os que estavam ali, eu não conseguia entender por que eles estavam fazendo aquilo e daquela forma. Foi totalmente desnecessário a forma exagerada da abordagem”, relata o advogado em entrevista ao
Quando todos os agentes desceram e já começaram a render as pessoas no lugar, Rogério procurou um dos agentes e se apresentou como advogado, dizendo que a forma com que agiam era desnecessária. “Eu ia mostrar minha identificação, mas dois agentes passaram por mim e não deram atenção. Mas um terceiro caminhou em minha direção e logo gritou ‘mão na parede, mão na parede’, e gratuitamente me deu um tapa no rosto”.
Câmeras de vigilância da distribuidora de bebidas gravaram toda a ação. O advogado se recusou a agir da forma que o agente mandava, alegando que eles não tinham nenhuma autonomia para aquela abordagem. Mesmo assim foi empurrado violentamente contra a parede do estabelecimento e o agente segurou o braço de Rogério, mandando ele colocar as mãos na parede.
“Nas gravações da câmera é possível ver que eu segurava uma garrafa de cerveja até então. Logo em seguida, quando ele se afastou de mim, pus a garrafa na extensão do balcão, ao meu lado, e me virei para o agente e disse, de novo, que eu era advogado e que aquilo estava errado. O agente caminhou, novamente, em minha direção, deu um tapa na garrafa, jogando-a para longe e disse para mim, em tom de intimidação, que eu ‘não era advogado, era um vagabundo e um cachaceiro’”, conta Rogério Ferreira, deixando nítida sua indignação.
O advogado, que também é membro da Comissão de Direito Constitucional e Legislativo da OAB de Goiás, já recorreu aos órgãos competentes e denunciou a atitude dos agentes à corregedoria da Guarda Civil. A 18ª Delegacia da Polícia Civil instaurou inquérito e apura o caso. A GCM alega que repudia a conduta por parte dos servidores e adiantou que denúncias como essas podem ser feitas pelo telefone 153.
Rogério terminou a entrevista dizendo que não está agindo apenas pela situação ocorrida no domingo, mas porque ele está cumprindo um dever para com toda a sociedade. “Não consigo entender esse ‘poder’ que a GCM pensa que tem. Se aquela abordagem era realmente necessária, ela deveria ser feita pela polícia, e sem a mesma truculência imposta a todos nós, naquele local. O que os agentes fizeram, além de provarem o quanto são despreparados, foi um ato inconstitucional. Estou trabalhando para que a justiça seja feita, e espero que nenhum cidadão passe pelo que eu passei, pelo contrário, espero que todos sejam tratados igualmente como determina a Constituição Federal”, completa o advogado.