Ribombam as chibatas da vaidade, estraladas nas costas das consciências sujas no egoísmo, manchadas de suor decantado gota a gota na dor alheia e aos litros derramados de lágrimas esgotadas no relicário do coração humano.
Encarcerado pelos elos da corrente do ferro materialista e lançado às masmorras lúgubres dos vícios, o homem moderno continua escravizado. É escravo de si. De seus pensamentos; de seus atos; de suas instituições e; de seus governadores em todas as esferas.
Desta vez, a escravatura transaciona-se multicolor. Todos os tons de pele estão sob o pesado grilhão do pessimismo. A mulher e homem, atuais, assenzalaram-se subjugados ao comércio das vaidades mundanas. Seja a da aparência estética no rosto, que um dia desvanece-se na encanescência; seja a da aparência de poder, que um dia tomba-se cabisbaixada ao ostracismo, que é o espaço reservado na História para os assanhados no mundanismo, como a glória é o espaço na História para os humildes e plantadores de esperanças no peito das multidões.
Vagantes esquecidos de si, estamos náufragos ante o oceano das possibilidades, apoiando-nos em pedaços escombrais do navio de nossas mazelas. Aonde a humanidade perdeu a bússola que a apontava para o Norte? Aonde, nas noites frias de escuridéu, não pudemos enxergar o caminho das estrelas mapeadas no firmamento, apontando-nos as destinações evangélicas rumo às baías do amor, para atracarmo-nos nos portos de Deus na prática de todas as nossas múltiplas virtudes?
Na viagem da embarcação humana, a linha do céu desce sobrepondo-se a serpenteação do mar, e muitos confundem a órbita dos olhos ao fitar a lonjura dos horizontes. Preferem ocupar-se com a vida que existe no intervalo entre o berço e as catacumbas, olvidando os ensinos imortais que atravessaram civilizações inteiras e que hoje, mais do que nunca, ressoam como verdades que exigem sua cumprição. Os clarins das profecias tocam no agora, porém, afogados no materialismo, as audições estão tampadas de vaidades e não ouvem o clamor dos tempos: “é chegada a undécima hora!”.
Foi preciso que os mortos ficassem de pé, voltassem do além e pegassem a mão de vários médiuns no século 19, precisamente na década de 1850, Paris, para ecoar do seio da França para todo o mundo: “Estamos vivos! E vocês virão para cá. Façam o bem, somente o bem, para colher Deus. E se, o mal, colherão as dores da própria consciência até que os olhos encontrem a secura das lágrimas e o coração ache o agreste dos arrependimentos tardios.” E com o avanço da filosofia espírita, obtida por pesquisa exaustiva pela razão do cientificista Hippolyte Léon Denizard Rivail, que viria a se chamar Allan Kardec, hoje o mundo goza de milhares de templos espiritistas que recebem mensagens dos ditos mortos e que vêm dos céus consolarem as dores da Terra.
AS VOZES DA ETERNIDADE
Nesse contexto de intercâmbio com a vida espiritual, chegou pelas mãos da sensitiva Divina Barros no último dia 18 de fevereiro, uma nova missiva enviada pelo jornalista Fábio Nasser, filho de Batista Custódio, editor-geral deste diário.
Filho e pai trocam pensamentos de cá pra lá e de lá pra cá, entre preces e mensagens recebidas por diversos médiuns do Brasil, onde Fábio Nasser, auxiliado por Alfredo Nasser e outros espíritos, que também já enviaram suas mensagens, como Humberto de Campos, Bezerra de Menezes, Pedro Ludovico Teixeira, François-René de Chateaubriand, Joaquim Teotônio Segurado, entre outros, nobres ou anônimos, que seguem na vida espiritual sob a bandeira do Evangelho de Jesus.
Bandeira cuja causa é a instauração completa do reino de amor sobre a Terra, segundo as inúmeras profecias, como a de dom Bosco, que avisou que no Centro-Oeste brasileiro, nasceria a civilização que governaria a Terra no terceiro milênio, provendo amor e sendo celeiro para a humanidade. Assim como Jesus, que enunciou mediunicamente para o São João Evangelista que, quando o mundo parecesse virar contra si próprio, é que chegara o momento da grande transformação, que se cumpriria na mal interpretada escritura apocalíptica que, não prevê o caos, porém uma nova era, habitada por pensamentos regenerados e bons, e os maus, por plena incompatibilidade, não encontrariam aqui, mais abrigo para seus ideais empedernidos. E aí, ceitil por ceitil, estará julgado e, o trigo, purificado.
A ANÁLISE
Na nova mensagem, Fábio começa solucionando ao seu pai, uma questão que só cabe aos dois decifrar, visto que o espírito o esclareceu: “Eu sou você antigamente e você será o que eu fui um dia! É confuso compreender o que eu quis dizer, mas nós dois sabemos e, é o bastante.” Porém, Batista, confidenciou a este que vos fala, que trata-se de questão familiar.
Adiante, o espírito recorda, nostálgico, as múltiplas existências da individualidade ao longo das reencarnações e as várias vivências dentro de uma mesma existência. “Pai querido, quantos passos nós já demos para realizar sonhos e desejos! / Não nos cansamos até hoje e a luta há de continuar!” , sentencia Fábio, avisando ao pai, que as batalhas pelo ideal de liberdade precisam seguir firmes na nau do Diário da Manhã.
Há espíritos em toda parte. O próprio Chico Xavier — uma das mais ressoantes antenas medianímicas que pisaram na Terra —, dizia que ao arremessar uma bolota de papel no ar, por quase certo que se acertaria a cabeça de um transeunte invisível. E na missiva, Fábio afirma que sempre está presente ao lado do pai, acompanhado de toda a família que já se encontra no plano da erraticidade, como a Consuelo Nasser, sua mãe, e o tio, Alfredo Nasser. “Visito-o sempre. / Toda a família reunida: eu, minha mãe e, nosso Nasser”. Este, por sua vez, tem papel maior no Plano Superior, pela sua moralidade consagrada ainda quando vivo, e Alfredo Nasser, segundo informa Fábio, é “incansável, a escrever e a eternizar suas verdades, principalmente junto aos representantes do Poder Constituído.” Ou seja, Batista Custódio, quando escreve, está amparado pela inspiração do amigo Alfredo Nasser que também intercede por ele em outras esferas da vida. E Fábio avisa que, todos eles, e o próprio pai, estão “fieis aos princípios da igualdade e da coerência.”
A LUTA DA LIBERDADE
O Diário da Manhã criou o ideário OpiniãoPública, que dá voz a quem outrora esteve amordaçado, a quem não tem como ser ouvido.
Este quem vos escreve, no início da implantação do caderno OpiniãoPública, não acreditava que uma ideia como esta pudesse sobreviver em um País onde o pensamento, que não se submete a vontade dos poderosos, é sufocado. Mas eu estava enganado.
Buscando fôlego na honra dos pensadores que articulam suas ideias livremente, o Diário da Manhã — ao dar espaço para os de honra espancada em praças públicas, aos apedrejados nos erros e servir de pedestal para os consagrados no bem —, faz justiça. E Fábio filosofa: “Justiça. Essa toma todo o itinerário do planeta, para passar em cada um, o que deve e pode ser feito pela criatura humana que não mais tem a oportunidade de gritar e ser ouvida.”
A verdade sempre vai ao cume para ser contemplada pelos que ainda tateiam à beira da montanha e Fábio, então, explicita a realidade do Brasil, ao dizer que, tanto as religiões, com hinos vazios; tanto as bandeiras ideológicas, amassadas pela corrupção; tanto as lutas políticas, usurpadas; estão sendo usadas por ladrões da fé, ratos e gatunos que se entrecercam para impedir que seus erros sejam expostos. É o remanejar das corrupções de um nos atos do outro. E de, manejo em manejo, a verdade vem vindo à tona em todo lugar. “Hinos, bandeiras, lutas, todas vazias e, o sonho de sonhar um mundo melhor, ainda mora onde os ratos e os gatunos aprisionaram essas vontades, para que não sejam levados, como noutros tempos, às praças, às prisões, para lhes fazer calar a vontade de que o Poder seja firme na condução dos homens, mas que os direcione sem a força e o Poder, apenas com AMOR!”, clama o espírito de Fábio para que os governantes governem com a força redentora do mundo: o amor.
Novamente, Fábio relembra ao pai que esses 15 anos em que envia mensagens psicografadas têm o propósito de dar às pessoas confiança e esperança no futuro, e repete que sempre está ao lado do pai, em simbiose espiritual, para que ambos se fortaleçam dos golpes da vida. “Registro aqui, o quanto lutamos e lutamos, através do que tínhamos, para dar às criaturas da Terra, mais confiança e esperança em seus dirigentes, tudo isso através da palavra escrita nas madrugadas, onde o nosso espírito já se arranchara para não alimentarmos mais as nossas emoções golpeadas pela dura realidade do SER.”
A AVE QUE ARREBENTOU CORRENTES
Avançando sobre a conceituação metafórica da “verdade”, Fábio cita a ave condoreira de maior relevância nos céus da história da literatura brasileira: Castro Alves. E compara a narração poética dos tempos do poeta baiano, com a atualidade, afirmando que se lermos o Navio Negreiro vamos encontrar “o retrato fiel na realidade dura deste momento na Terra”.
“Verdade, o senhor sabe, é um sonho ‘dantesco’ como expressava, no passado, em Navio Negreiro, o nosso amado Castro Alves, deixando que nos aprisionássemos em seus versos que expressavam tudo o que os ‘senhores’ e os ‘escravos’ sentiam”, relembra.
Eis trechos esparsos da poesia que nasceu das dores da escravatura brasileira e foi parar na história pela pena de Castro Alves. E observem como a carta psicografada do Fábio Nasser, bebeu nas águas oceânicas do Navio Negreiro, para narrar a situação da realidade vigente, comparando-a a escravidão daqueles tempos, mas que na metáfora poética permitida, pelo bom analista literário, ainda se encaixa tão fiel e viva aos parâmetros atuais.
“Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar...” [...] Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus?! Ó mar, por que não apagas Co’a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! [...] “Existe um povo que a bandeira empresta P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!... E deixa-a transformar-se nessa festa Em manto impuro de bacante fria!... Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta, Que impudente na gávea tripudia? Silêncio. Musa... chora, e chora tanto Que o pavilhão se lave no teu pranto! ...”
O QUE RESTARÁ
“Mas os sentimentos bons e de liberdade se eternizam nesse Universo que mais não é, a expressão Maior da VIDA e da VERDADE de Jesus!”, tranquiliza a todos, o espírito, dizendo que, escatologicamente, somente a Verdade prevalecerá e que o Bem e a Liberdade são os principais sentimentos a eternizarem-se no Universo. E que Deus, no fim de todas as contas efetuadas na economia da conduta humana, atenderá ao suplício de Castro Alves, que bradou desesperado “se é loucura... se é verdade /tanto horror perante os céus?!”
A MENSAGEM PSICOGRAFADA
“Meu velho pai e amigo, a sua bênção. Em suma: o que nos faz admirarmos, um ao outro, é aquela velha história que eu conheço, como você, esse lado, esse assunto. Eu sou você antigamente e você será o que eu fui um dia! É confuso compreender o que eu quis dizer, mas nós dois sabemos e, é o bastante. Pai querido, quantos passos nós já demos para realizar sonhos e desejos! Não nos cansamos até hoje e a luta há de continuar! Visito-o sempre. Toda a família reunida: eu, minha mãe e, nosso Nasser, incansável, a escrever e a eternizar suas verdades, principalmente junto aos representantes do Poder Constituído. Somos fieis aos princípios da igualdade e da coerência. Justiça. Essa toma todo o itinerário do planeta, para passar em cada um, o que deve e pode ser feito pela criatura humana que não mais tem a oportunidade de gritar e ser ouvida. Hinos, bandeiras, lutas, todas vazias e, o sonho de sonhar um mundo melhor, ainda mora onde os ratos e os gatunos aprisionaram essas vontades, para que não sejam levados, como noutros tempos, às praças, às prisões, para lhes fazer calar a vontade de que o Poder seja firme na condução dos homens, mas que os direcione sem a força e o Poder, apenas com AMOR! Registro aqui, o quanto lutamos e lutamos, através do que tínhamos, para dar às criaturas da Terra, mais confiança e esperança em seus dirigentes, tudo isso através da palavra escrita nas madrugadas, onde o nosso espírito já se arranchara para não alimentarmos mais as nossas emoções golpeadas pela dura realidade do SER. Paizão, verdade, o senhor sabe, é um sonho “dantesco” como expressava, no passado, em Navio Negreiro, o nosso amado Castro Alves, deixando que nos aprisionássemos em seus versos que expressavam tudo o que os “senhores” e os “escravos” sentiam. Até hoje os leio e o retrato é fiel na realidade dura deste momento na Terra. Mas os sentimentos bons e de liberdade se eternizam nesse Universo que mais não é, a expressão Maior da VIDA e da VERDADE de Jesus! Meu amor, muito especial nessa oportunidade ímpar em nossas andanças... Seu filho, Fábio Nasser Custódio dos Santos"