Em maio de 2015, denúncias sobre a precariedade do espaço físico do pronto-socorro psiquiátrico Wassily Chuc provocou grande comoção em Goiânia e em todo o estado de Goiás. Dentre os vários absurdos, faltava leitos, a parte elétrica não estava funcionando direito e a fiação estava exposta, paredes e forros do teto sofriam com infiltrações e mofo e instalações hidráulicas estavam velhas, cheias de vazamento e, em certos pontos, irreparáveis.
Agora, quase um ano após denúncias mostrarem a precariedade do lugar, o Diário da Manhã foi até o pronto-socorro para verificar a situação em que ele se encontra hoje. O enfermeiro Fabrício Meneses, diretor do Wassily Chuc, nos mostrou como está a unidade gerida pelo governo municipal de Goiânia. “Como se pode ver, o pronto-socorro melhorou um pouco, mas ainda assim tem muito o que mudar. Esforços por parte da administração do Wassily e da secretaria municipal de saúde é o que não falta”, explica Fabrício.
No entanto, o pronto-socorro psiquiátrico Wassily Chuc continua sofrendo com uma infraestrutura inviável para receber pacientes. O prédio passa por reformas paliativas em certos recintos, como a sala da direção, duas enfermarias na ala feminina e alguns banheiros. Mesmo assim, em todo o prédio, as paredes e teto ainda sofrem com várias infiltrações, boa parte da fiação ainda está exposta, as enfermarias estão sem sistema de ventilação, e têm banheiros muito pequenos, que oferecem pouquíssima segurança.
“Esse prédio tem mais de 30 anos, a reforma que precisamos é estrutural, senão a situação não vai mudar nunca. O problema é que o prédio é alugado e a prefeitura não pode fazer as reformas. O próprio dono do imóvel também não está interessado em adequar o espaço”, conta o diretor do pronto-socorro. A sala da direção do pronto-socorro teve que ser desocupada para armazenar os materiais e as ferramentas para a realização da reforma, e agora o diretor teve que improvisar uma nova instalação numa sala muito pequena, até que as reformas se concluam.
Segundo Fabrício, as reformas começaram há três semanas, mas está num ritmo lento. Ele apontou como um fator que dificulta e atrapalha a reparação aplicada no prédio é não poder reformar uma ala de uma vez só. “Nós vamos reformar toda a ala de enfermarias femininas, mas nós não podemos desocupar ela toda pra agilizar a reforma, o único espaço que temos disponível é na ala masculina. Ou seja, é completamente inviável. Ela é lenta e gradativa”, pontua o diretor.
O problema no Wassily Chuc, entretanto, não é recente. Segundo o próprio diretor, que gere a unidade desde 2005, o pronto-socorro sempre foi sucateado. Um exemplo é a instalação elétrica, que precisa ser refeita em certos lugares. A instalação hidráulica é também outra grande preocupação, porque existem vazamentos espalhados por todas as partes do prédio. “Há oito anos fomos transferidos para esse prédio, desde então nunca recebemos recursos suficientes pra manter a unidade num bom estado. Essa reforma é o recurso mais significativo que estamos recebendo em oito anos, mas desde muito antes modificações significativas poderiam ser feitas para que a situação em que encontramos hoje não fosse tão grave”, completa Fabrício.
Soluções
Fabrício contou sobre a possibilidade de uma nova transferência do pronto-socorro Wassily Chuc, porque, como já foi dito, uma reforma mais estrutural estaria fora de cogitação. O próprio Ministério da Saúde também se posicionou contra a construção de uma nova instalação para a unidade.
Em entrevista ao DM, Érico de Pina, promotor do Ministério Público de Goiás, adiantou que um prédio já foi vistoriado e apenas falta a emissão do contrato. “O MP avaliou a Clínica Jardim América, no setor Jardim América, e o imóvel já foi aprovado. O processo de emissão do contrato já está em andamento e, em breve, o aluguel já poderá ser efetuado”, explicou o promotor.
Érico explica, no entanto, que o processo de transferência pode demorar um pouco mais. Logo depois de efetuar a locação do prédio, a prefeitura, junto à Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, deverá adequar a estrutura para que as devidas instalações sejam realizadas. Só depois, então, que o pronto-socorro poderá ser transferido.
Enquanto isso ainda não acontece, Fabrício Meneses continuará administrando o hospital na situação precária em que se encontra. “Eu fico muito triste em ter que receber os pacientes nessas condições. Eu vejo uma dedicação muito grande por parte dos funcionários, os médicos nunca faltaram nenhum plantão, oferecemos o melhor acompanhamento aos pacientes que conseguimos, mas a falta de infraestrutura que o Wassily Chuc sofre hoje prejudica todos os nossos esforços e, principalmente, o estado de saúde dos nossos pacientes. Eu espero realmente que a situação mude”, completou ele, emocionado.
Confira galeria da deterioração do Hospital: