No entanto, especialista alerta que em maio deste ano a Caixa também anunciou aumento dos juros das operações pelo Sistema Financeiro Imobiliário para imóveis com preço acima de R$ 750 mil
Na segunda-feira, 18/07, a Agência Caixa de Notícias divulgou que a Caixa Econômica Federal vai alterar a partir do próximo dia 25 de julho as condições de financiamento habitacional nas operações com recurso de poupança na instituição. No Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), o valor máximo de imóveis que podem ser financiados pelo banco passou de R$ 1,5 milhão para R$ 3 milhões. Além disso, as quotas de financiamento, no mesmo sistema, também serão alteradas e será possível financiar não mais 60% do valor do imóvel usado, mas sim 70%, para imóveis novos a regra passou de 70% para 80%.
Nas operações contratadas com Interveniente Quitante, ou seja, aquelas em que haverá quitação de financiamento com outra instituição financeira, a quota de financiamento passará de 50% para 70%. Em nota no site, a Caixa esclareceu ainda: “O novo modelo de concessão de crédito, que levará em consideração aspectos de perfil do cliente, como rating ou menor quota de financiamento, ainda está em estudo e não tem previsão de data de lançamento”.
Para o incorporador Rogério Queiroz, da Queiroz Silveira Construtora e Incorporadora, o mercado imobiliário goiano também ganha com a nova regra. “Essa é uma sinalização de que a economia está reagindo bem. Sentimos na nossa empresa uma melhora significativa no último mês tanto nas vendas de imóveis residenciais e comerciais, quanto nas locações”, avalia.
Rogério considera que a principal mudança anunciada pela Caixa é uma forma a mais para aquele cliente de alto padrão negociar. Agora ele poderá investir em outros negócios o dinheiro que pagaria à vista no imóvel. “Pelo que notamos, a notícia mostra que a Caixa também entrou em uma onda de maior confiança na economia brasileira, e está em busca desse cliente com maior poder aquisitivo. Vale lembrar que essa pessoa também precisa se cercar de informações, deve avaliar até que ponto as taxas de juros e condições oferecidas são de fato interessantes”, ressalta.
Aumento dos juros
No entanto, paralela à mudança, em março deste ano a Caixa também anunciou o aumento dos juros do financiamento de imóveis novos e usados para quem não é cliente do banco. Falando especificamente das operações pelo Sistema Financeiro Imobiliário – acima de R$ 750 mil, que é o caso em que se encaixa a mudança atual, subiu de 11,5% para 12,5% ao ano. O motivo apontado para essa medida é a quantidade de depósitos na poupança, que é a principal fonte de dinheiro do crédito imobiliário.
Para o presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros, Reinaldo Domingos, a notícia deve ser bem analisada. “Ao mesmo tempo que o valor limite do imóvel subiu e a porcentagem do financiamento foi esticada, os juros também subiram, o que significa uma dívida ainda maior. Portanto, antes de qualquer coisa, a pessoa que pensa em comprar sua casa própria precisa ter total ciência da sua vida financeira. É ótimo poder financiar a maior parte, mas é de extrema importância que não se deixe levar pela ansiedade e impulsividade. É preciso analisar minuciosamente as finanças, fazer simulações, etc”.
Pode parecer óbvio, mas muita gente não tem o controle dos seus ganhos e gastos e não se programa para ver se realmente consegue honrar com um compromisso de alto valor e longo prazo como esse. Somente com esses números em mãos é que é possível avaliar se dá ou não para realizar a aquisição.
Domingos ressalta que outro ponto que deve ser levado em consideração é a atual instabilidade política e econômica do País. “Estamos passando por um momento complicado; é preciso ter confiança extra nas finanças pessoais, estar bem estruturado, ter dinheiro poupado e segurança de que não perderá a renda, ou que, caso venha a perder, tenha reserva financeira para suportar esse contratempo e não comprometer seriamente o orçamento e os planos”.
Para quem já compreendeu essa situação e minimamente se programou para a realização desse sonho, pode ir mais a fundo no planejamento para adquirir um imóvel nesse momento. “A chave do negócio é ter cautela e buscar o máximo de informação possível, não apenas saber sobre a própria situação financeira – respeitando ao máximo o padrão de vida –, como também se atentar bem às taxas de juros praticadas no financiamento, por exemplo. Ter cautela e conhecimento geral é o que vai levar a tomar a melhor decisão”, explica o educador financeiro.
Para aqueles que não possuem dinheiro agora ou nem sequer estavam com planos de comprar um imóvel, não é interessante fazer uma dívida desse valor no momento. “Não estamos falando de uma peça de roupa em promoção. O momento exige educação financeira, para agir com consciência e sustentabilidade. A melhor alternativa sempre é poupar antes e gastar depois”, finaliza.