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Uma nova SGPA

O economista Tasso José Jayme foi lançado candidato a presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura (SGPA) e sua chapa caminha para ser a única, podendo unir todas as correntes dentro da entidade. O consenso buscado por agropecuaristas tem tudo a ver com a situação da entidade e com a situação política vivida pelo Brasil. “Na busca por fazer um processo de fortalecimento institucional e estrutural da SGPA, muitos sugeriram que se fizesse uma chapa de consenso e meu nome foi lembrado para representar as diversas correntes e promover o progresso da entidade que representa os produtores rurais de Goiás”, explica.

Tasso Jayme é empresário do ramo de locação de máquinas agrícolas e agropecuarista. Casado, 55 anos, economista e há 30 anos na atividade agropecuária, ele tem tradição vinda de família ligada à terra e às atividades classistas e políticas. Diante da possibilidade de ser candidato de consenso para a eleição que deverá ocorrer no final de outubro, ele manifesta o desejo de unificar discursos, propostas e anseios dos milhares de filiados à SGPA. Ele terá como candidata a vice-presidente a médica Ana Maria Miranda, esposa de Wagner Miranda, presidente da Associação Goiana de Criadores de Zebu (AGCZ). Tasso tem apoio da atual gestão, com palavras elogiosas do presidente, o médico Hugo Goldfeld. “Tasso é um excelente candidato e temos certeza que fará um bom trabalho pela SGPA”, resume.

Em entrevista ao DM, ele falou sobre o que espera poder fazer para a entidade que congrega pecuaristas e agricultores, fez uma avaliação da situação política e econômica do Brasil, narrou o que sabe que lhe espera pela frente na SGPA e indicou algumas alternativas para sanar as finanças da entidade e fortalecer o caixa. Com preocupação, ele falou sobre a exposição agropecuária desse ano, realizada em três semanas no parque de exposições de Nova Vila, sobre o prejuízo que a festa deixou para os cofres da entidade e o que poderá ser realizado no futuro.

A Entrevista


Diário da Manhã – Como será sua chapa e qual o sentido do consenso buscado?

Tasso Jayme – A intenção era promover uma candidatura que unificasse as tendências dentro da entidade e que tivesse condições de oferecer um trabalho em prol do fortalecimento e da unificação de nossas propostas e discursos. A candidata a vice em nossa chapa será a médica Ana Maria Miranda, esposa do presidente da Associação Goiana dos Criadores de Zebu (AGCZ), Wagner Miranda, com forte atuação na pecuária e profundos conhecedores da realidade do agronegócio de Goiás. Ela teria todas as condições de ser candidata a presidente, uma pessoa muito influente no meio e o fato de compor conosco a chapa já é um indicativo de fortalecimento da proposta de consenso. Essa chapa de consenso é perfeitamente possível porque não temos desavenças nem intrigas entre nós a ponto de formar grupos distintos.

Diário da Manhã – Como está a SGPA em termos financeiros e administrativos?

Tasso Jayme – A SGPA hoje está passando por um momento muito difícil financeiramente e isso eu não atribuo a ninguém e nem ao atual presidente, Hugo Goldfeld, que faz uma eficiente gestão. Também não atribuímos aos ex-presidentes. Isso é fruto de um modelo econômico que vem sendo praticado ao longo dos quase 70 anos de existência da entidade e principalmente ao resultado do processo econômico que o Brasil enfrenta e que Goiás sofre reflexos muito duros. Goiás até há 15 anos ainda era um Estado que tinha muito do agronegócio e que oportunidades para a indústria e comércio criaram condições para que isso fosse mudado e o agronegócio deixasse de ser atividade prioritária hoje. Assim, nosso estado sofreu esse revés que impactou a atividade e por conseguinte a SGPA. A renda da entidade vinha praticamente da festa agropecuária que é realizada uma vez por ano e nesse ano de 2016 uma sucessão de fatores contribuiu para que isso agravasse ainda mais a situação precária de nossas finanças. A SGPA captava seus recursos durante essa festa e isso servia para custear as despesas durante todo o resto do ano, esperando até a festa do ano seguinte. Acontece que esse ano o fluxo de pessoas na festa que durou três semanas no mês de maio foi cerca de 10 por cento do que tínhamos há 10 anos, ou seja, o volume de pessoas não ficou nem perto do que era esperado.

Diário da Manhã – Qual o impacto desse insucesso?

Tasso Jayme – O resultado foi que restou um prejuízo grande para a entidade, porque não deu sequer para pagar as despesas. Isso acendeu um sinal de alerta para nós e ficou decidido que será preciso mudar o foco para não agravar ainda mais a situação. Já há algumas propostas indicando caminhos a seguir e muito precisará ser feito para suprir essa falta de recursos para a gestão da SGPA. Não bastasse isso nós tivemos um bloqueio da renda da bilheteria determinado por uma medida judicial que reteve todo o dinheiro para pagar uma dívida com o Ecad [Escritório Central de Arrecadação e Distribuição de Direitos Autorais] que ficou com tudo de uma noite.

Diário da Manhã – O que poderá ser feito?

Tasso Jayme – A SGPA tem um custo operacional básico de aproximadamente R$ 100 mil todo mês, com manutenção do Parque Agropecuário, segurança, funcionários e tributos. Isso precisa ter uma fonte necessária e frequente. Estamos pensando em muitas alternativas para arrecadar fundos que cubram essas despesas, como locação de espaços que ficam subutilizados todo o ano. Temos um tattersal de elite dentro do parque moderno e com muito conforto que pode ser locado para eventos diversos como festas e formaturas. Isso automaticamente gera renda para a entidade. Nós temos um projeto em discussão para trazer a feita que acontece nas imediações do Terminal Rodoviário para o Parque de Exposições. Podemos oferecer muito mais espaço e conforto para expositores e compradores. Com o diferencial de termos estacionamento e os locais já apropriados para receber os expositores sem que seja preciso armar barracas e com segurança reforçada para quem vende e para quem compra.

Diário da Manhã – Há alguma mudança prevista para a formatação da festa agropecuária?

Tasso Jayme – Sim, com toda certeza precisamos mudar isto. Esse ano a festa durou três semanas e na última haviam somente shows e nenhum animal exposto. Não temos estrutura para manter 21 dias de festa. Pensamos que isso tenha que acontecer em no máximo 10 dias, começando em uma sexta-feira e terminando no outro domingo, com shows melhores e atrações que agreguem público e renda. 

Diário da Manhã – O que significa a SGPA para o segmento agropecuário de Goiás?

Tasso Jayme – É a entidade-mãe, de onde surgiram todas as outras. Significa muito para os agropecuaristas porque é uma entidade surgida há quase 70 anos e que tem credibilidade junto ao setor. É a entidade que toma a frente das discussões e da defesa do agronegócio. Todos os associados têm o parque à sua disposição e uma assessoria ao seu dispor para socorrer com conceitos e orientações para suas necessidades. O detalhe é que os quase 4.000 filiados não pagam nada para a SGPA a título de mensalidade nem de anuidade, o que poderia ser repensado. O custo operacional da SGPA é de cerca de R$ 100 mil mensais. Se cada associado pagar uma mensalidade de R$ 50,00 já dá uma média mensal de R$ 200 mil, que já dá para cobrir as despesas e fazer algum investimento no parque. Temos assessoria veterinária e jurídica e ainda o Credi-SGPA que é uma cooperativa de crédito para auxiliar os produtores rurais e tudo funciona dentro do Parque Agropecuário.

Diário da Manhã – A situação política e econômica do Brasil provocou impactos no setor rural? Qual medida a ser tomada para contornar isto?

Tasso Jayme – A instabilidade política foi mais sentida, porque a econômica não foi tão sentida. Nós somos um dos setores do Brasil que enfrentou com mais facilidade essa recessão e essa crise. Hoje nós temos uma agricultura e pecuária bem desenvolvidas, com tecnologia e modernização das técnicas que causam inveja a muitos países. Somos um setor hoje totalmente dinamizado, que não é totalmente autossuficiente, mas nossa dependência em relação a outras categorias é bem menor, que depende muito menos do governo. Hoje, um agricultor de soja produz 70 sacas por hectare, quando há alguns anos uma produtividade excepcional era de 50 sacas. O pecuarista consegue ter uma produtividade de leite praticamente o dobro do que era há 10 anos e conseguem abater bois com 18 meses dependendo da eficiência do produtor. Nós aprendemos a lutar com as nossas próprias armas e aquele que não se profissionalizou foi expulso do setor. Não existe mais o fazendeiro tradicional, há um empresário rural altamente profissionalizado.

Diário da Manhã - Esse sucesso se deve principalmente ao trabalho de pesquisa de excelência que a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) fez. O senhor concorda com a privatização da Embrapa?

Tasso Jayme – De maneira alguma. A Embrapa precisa continuar a ser um órgão de pesquisa ligado ao governo porque a iniciativa privada não faria isso que foi feito. Ela é a grande responsável por esse ganho de produtividade que tivemos nas últimas décadas. O agronegócio do Brasil não seria o mesmo se não fosse a Embrapa. Nós somos autossuficientes em tecnologia e isso é fruto da Embrapa. Ao invés de privatizar o governo precisa é investir e dar prioridade para o trabalho de excelência que é feito.

Diário da Manhã – Qual é a receita para o Brasil sair dessa crise?

Tasso Jayme – Reduzir os gastos do estado e direcionar investimentos. Aumentar impostos como a CPMF não é a saída e não justifica aumentar a cota de sacrifício dos brasileiros.

A SGPA tem um custo operacional básico de aproximadamente R$ 100 mil todo mês, com manutenção do Parque Agropecuário, segurança, funcionários e tributos. Isso precisa ter uma fonte necessária e frequente. Estamos pensando em muitas alternativas para arrecadar fundos que cubram essas despesas, como locação de espaços que ficam subutilizados todo o ano”, Tasso Jayme A melhor receita para o Brasil sair da crise é “reduzir os gastos do Estado e direcionar investimentos. Aumentar impostos, como a CPMF, não é a saída e não justifica aumentar a cota de sacrifício dos brasileiros”, Tasso Jayme

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