Verdadeiras guerreiras sustentam suas famílias com as revendas de produtos das mais variadas mercadorias, mas, em geral, os produtos de beleza são os mais presentes. Essas mulheres que na maioria das vezes recebem auxílio governamental como o Bolsa Família levam mais do que alimentos à sua moradia, levam dignidade aos familiares e oportunidades para que outras pessoas também tenham sua renda própria e façam girar a economia de uma região com pouca ou nenhuma estrutura.
Kesia Carla Araújo, 39, moradora de Itaberaí, começou a vender produtos de beleza ainda quando era menor de idade, há 25 anos. Por causa da idade, precisou do nome da mãe para começar a trabalhar, mas quando atingiu a maioridade, passou a vender por conta própria. A renda do Bolsa Família veio há 16 anos e recebia R$ 15, sendo um mês recebendo e no outro não. Kesia mora sozinha e é mãe de quatro filhos, sendo uma com necessidades especiais. A renda do Bolsa Família que chegou, nos últimos meses, a R$ 240 foi cortado após ela abrir um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Sabendo disso, Kesia precisava melhorar as vendas e ampliar os produtos vendidos, mas diz também que sua maior renda vem dos produtos cosméticos "Nesse ramo não há crise. Sempre vende muito", informa.
Pagando dois aluguéis e quatro boquinhas para alimentar, ela não desistiu, em sua loja, ela vende diversas mercadorias e ampliou a renda mensal, que hoje chega a R$ 2 mil. "O Bolsa Família, para mim, foi muito importante. Comecei por necessidade mesmo. Através dele pude fazer vários concursos públicos com isenção e ele complementava minha renda. Encontro, ainda, um pouco de dificuldade após perder o benefício, pois sou sozinha e tenho quatro filhos. Mas o benefício me deu a oportunidade de crescer. Eu brigava com quem falasse que o programa era para beneficiar vagabundo, eu sempre trabalhei muito", revela Keisa.
Niusmar Ferreira da Silva, 38, revendedora na cidade de Goiás, conheceu os produtos da Avon graças a uma tia que já fazia a revenda dos produtos de beleza. Ela explica que o cadastro foi fácil, precisando apenas pagar uma taxa e logo em seguida receber as mercadorias e começar a trabalhar. Apesar do trabalho informal, Niusmar ainda depende do programa governamental para ajudar no sustento de casa. "É a ajuda que eu tenho para pagar minha água, energia e gás. Sou mãe de um menino de 11 anos, sozinha. Perdi outros 3 filhos, dois por problemas no fígado, devido aos altos custos do tratamento, não consegui. Há um ano eu perdi, também, meu filho mais velho em um acidente", explica Niusmar.
A vendedora revela que agora trabalha por conta própria. Enquanto contratada atingiu o cargo de revendedora executiva, era responsável por uma equipe de 60 vendedores e tinha a missão de reunir mais revendedores. Sua renda, caso atingisse as metas, chegava a R$ 900, mas o pagamento era quinzenal. Agora, com uma certa estabilidade, Niusmar leva comida à mesa da sua casa ainda com a venda de produtos, mas de forma independente, ela vê vantagens agora. "Agora trabalho só com as revendas, mercadorias a pronta entrega", analisa.
Essa é a realidade de milhares de mulheres Brasil afora. A ascensão graças ao benefício do governo mostra a importância do programa. Subjugado, na maioria das vezes, o programa serve como ponte para diversas famílias, em destaques mães solteiras que complementam a renda do Bolsa Família com empregos informais até conseguirem tornar-se microempreendedoras.
Saiba mais
O Bolsa Família
É um programa de transferência direta de renda, direcionado às famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o País, de modo que consigam superar a situação de vulnerabilidade e pobreza.
O programa busca garantir a essas famílias o direito à alimentação e o acesso à educação e à saúde. Em todo o Brasil, mais de 13,9 milhões de famílias são atendidas pelo Bolsa Família.
Frutos do Bolsa Família
Em 2015 o ex-ministro da Secretaria da Micro e Pequena Empresa anunciou a marca de 5 milhões de Microempreendedores Individuais (MEI) oriundos do programa Bolsa Família. Graças à Lei Complementar 128/2008, que passou a valer em 2009, trabalhadores informais puderam se tornar, de forma rápida e fácil, microempreendedores e passaram a ter acesso a benefícios trabalhistas, previdenciários e sociais. Além disso, outras medidas adotadas pelo governo da presidenta Dilma buscam desburocratizar e simplificar o processo de abertura e fechamento de empresas, além de permitir que elas cresçam sem medo de pagar mais tributos.