Dayana Vítor – repórter do Radiojornalismo
Os moradores das cidades satélites de Ceilândia Oeste, Recanto das Emas e Riacho Fundo II, todas localizadas há cerca de 30 km do centro de Brasília, enfrentam desde as 8h desta segunda-feira (16) racionamento de água – o primeiro na história do Distrito Federal. A interrupção total no abastecimento vai até as 8h de terça-feira (17). Nos dois dias seguintes, o fluxo de água se normalizará aos pouco até voltar ao normal na próxima quinta, quando ficará assim até sábado.
O racionamento de água atingirá cerca de 65% da população do Distrito Federal e, segundo a Companhia de Saneamento Ambiental (Caesb), ocorrerá em ciclo de seis dias: um dia com interrupção completa, dois dias de estabilização e três de fornecimento normal. No sétimo dia, o corte é retomado. Além dos moradores de Ceilândia, Recanto das Emas e Riacho Fundo, serão atingidos pelo racionamento moradores de Taguatinga, Vicente Pires, Águas Claras, Samambaia, Gama, Santa Maria, Núcleo Bandeirante, Park Way, Guará e Candangolândia.
O corte foi anunciado na última quinta-feira (12) pela Caesb que, na ocasião, também recomendou aos moradores das regiões atingidas pelo racionamento que não estocassem água, por acreditar que o volume das caixas residenciais já é suficiente para atender aos moradores – desde que o uso seja de forma racional. A empresa também alertou que alguns reservatórios de água podem ser foco do mosquito Aedes aegypti.
Apesar da recomendação, moradores de Ceilândia ouvidos pela reportagem na manhã desta segunda-feira disseram ter armazenado água para garantir o suficiente para suas necessidades básicas. Lílian Barbosa, cozinheira, tem dois filhos pequenos e disse que guardou água onde conseguiu. "A primeira coisa que eu fiz foi encher todas as garrafinhas PET's que eu tinha com água e os baldes também. Tenho filho pequeno que precisa trocar a fralda, limpar, fazer comida, então, eu precisei estocar”, disse Lílian.
O professor Manoel Alves acha impossível não estocar água neste período de restrição. “Em um primeiro momento, todo mundo vai ficar com medo e vai armazenar. Não tem como tirar água da população. Só que é preciso cuidado: tampar bem as caixas e baldes”, explicou.
Caixas de água
Outra consequência do racionamento foi o aumento da procura por caixas de água. Em uma das maiores lojas de materiais de construção da cidade-satélite de Ceilândia, apenas no último fim de semana foram vendidas 700 caixas de 500 litros, sendo que a média mensal é de 110 caixas.
Segundo o gerente de compras do local, Joaquim Evangelista, o estoque já acabou e o novo já virá com aumento. “Um novo pedido chegará na quarta-feira e já virá com aumento. Nós vamos passar a caixa que custava R$134,90 para R$159,90. Nossa intenção era manter o preço, mas não será possível,” justificou.
A Caesb já divulgou um calendário com a previsão de cortes até o próximo domingo. O calendário completo está no site da companhia.