O papa Francisco diz que é preciso renovar os cantos durante a liturgia nas missas. O Vaticano reconhece que as canções estão “desgastadas” e repetitivas. O Pontifício Conselho para a Cultura admite que “o nível e a qualidade dos cantos são sempre modestos e não respeitam a diversidade cultural”. Será que a Igreja Católica seguirá o mesmo caminho das igrejas evangélicas que passaram a adotar estilos mais jovens como o heavy metal e pop em seus cultos?
Desde o Concílio Vaticano II, visto como um divisor de águas na história da igreja católica, várias mudanças foram realizadas em suas formas de culto. Sem sombra de dúvida, a mudança mais notável foi a missa ser rezada na língua local do povo, pois antes era celebrada em latim. Atualizar o segmento musical pode ser um contra-ataque às investidas das igrejas protestantes que possuem uma ampla divulgação musical.
As inovações musicais poderão substituir músicas dos hinários com canções que se adequem a nova realidade. Gradativamente, no Brasil, a igreja católica vem revolucionando o cenário da música, em 1970 com padre Zezinho, em 1990 com Marcelo Rossi e atualmente com Fábio de Melo. Os hinos simples, monofônicos de caráter popular vão aos poucos sendo substituídos por polifônicos, baterias, guitarras e composições próprias.
O assunto sobre os cânticos tradicionais que ocorrem durante a celebração da missa será discutido em uma mesa chamada “Música Se Igreja: Cultura e Cultura em 50 anos de Música Sacra”, entre os dias 2 e 4 de março. Segundo o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do dicastério vaticano da Cultura, o objetivo do evento não será julgar a musicalidade que se tem, mas uma busca pelo aperfeiçoamento. “O encontro propõe estimular uma reflexão profunda, a nível mundial, litúrgico, teológico e fenomenológico que, além das polêmicas estéreis, possa ser uma proposta positiva para um culto cristão, expressão de louvor a Deus e em concordância com a diversidade dos modelos culturais”, explica.