O governo do Maranhão está investindo pesado para tornar o Porto do Itaqui o principal ponto de exportação da carne brasileira processada das regiões Norte e Centro-Oeste do Brasil. Com novos investimentos do governo do Maranhão já em andamento, a expectativa é que o tempo de desembaraço burocrático para a exportação caia em torno de 80% em relação aos trâmites tradicionais. O anúncio foi realizado pelo presidente da Empresa Maranhense de Administração Portuária-Emap), Ted Lago, ontem, em São Luis.
De acordo com o presidente da Emap, as negociações para a inserção do Porto do Itaqui no mercado de exportação de carne processada levam em consideração também peculiaridades do porto: sua profundidade, sua localização e principalmente a sua interligação ferroviária com a região. “Todos estes diferenciais, somados ao desempenho da nossa Receita Federal, considerada hoje mais eficiente, além de todos os investimentos em tecnologia por parte do Governo do Maranhão, irão garantir fretes mais competitivos, menos tempo e um processo muito mais dinâmico”, destacou Ted Lago.
O Porto de Itaqui fica na Baía de São Marcos, a 11 quilômetros de São Luiz. A partir da década de 70, obras e aprofundamento e construção de novos cais, o porto passou a ser frequentado por navios de grande calado. Agora, o governo do Maranhão está investindo 1,3 bilhões de reais na sua ampliação. Ligado a várias ferrovias, inclusive a Estada de Ferro dos Carajás, o Porto de Itaqui é acessível pela Ferrovia Norte Sul, que vai de Açailândia a Anápolis. Em Açaílândia a FNS se entronca com a Ferrovia de Carajás.
A modernização inclui diversas etapas, desde a inspeção até a emissão da documentação para exportação. “Dentre as iniciativas, uma delas é eliminar o papel. A carga praticamente não vai parar. Vai sair da origem e ir quase direto para o destino final. Ou seja, vamos diminuir o máximo tempo possível de desembaraço do contêiner, passando de 60 horas para três a cinco horas, em média”, explicou Lago.
Outro ponto de avanço é a condição de rastreabilidade, ou seja, o acompanhamento de todo o processo de exportação da carne processada. “Isso é muito importante neste momento em que se questiona, de forma errônea, a qualidade da carne brasileira, que é, sem dúvida, uma das melhores do mundo”, reforçou o presidente.
Mercado norte-americano
O mercado norte-americano manifestou interesse por este novo modelo adotado e um projeto de exportação de carne para esta região nasceu a partir de uma demanda do Ministério de Relações Exteriores. A expectativa é criar uma saída, pelo Arco Norte, de parte da carne processada na região Centro-Oeste. Atualmente, a totalidade dessa carne é exportada pela região Sul e Sudeste, de caminhão.
A expectativa das empresas é fazer o embarque piloto no segundo semestre deste ano. “Somos um dos elos dessa cadeia logística, mas com os investimentos em andamento temos condições de fazer este processo. Com os portos das regiões Sul e Sudeste congestionados, este será um novo canal. Como exemplo do que foi a soja há algum tempo, hoje nós consolidamos o Porto do Itaqui como o principal exportador de grãos da região. Passo a passo, vamos inserir a carne maranhense nesse processo e tornar o Maranhão um grande exportador de carne”, finalizou Ted Lago.
O governo do Maranhão é chefiado por Dino Flávio, que foi eleito pelo PC do B. Os comunistas que governam o Estado, que já foi feudo político da família Sarney, estão empenhados em promover o desenvolvimento econômico da região, em bases capitalistas, evidentemente.
A melhorias no Porto de Itaqui chegam no exato momento em que a Ferrovia Norte Sul ficou, desde o fim do ano passado, plenamente operacional. Quase todos os pátios de embarque e desembarque já estão concluídos. Várias empresas logísticas já vem operando na ferrovia, depois de ter adquirido os direitos de usar seus trilhos.