Os estudantes de Direito, mesmo com diversas áreas de atuação, vivem com o dilema de serem juízes ou delegados, duas das carreiras mais cobiçadas do universo jurídico. Conhecer o mundo de cada profissão é importante para aqueles que estão às vésperas de um diploma e com uma decisão a ser feita: qual carreira seguir após o término do curso.Com o objetivo de ajudar nesta missão, o coordenador do Núcleo de Práticas Jurídicas da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Welington Bessa, realiza uma série de palestras com estudantes do 7º período do curso de Direito.
Na manhã de ontem, 14, o convidado foi o delegado supervisor da Polícia Civil Eduardo Prado, que também é vereador pelo Partido Verde (PV).Eduardo Prado explicou aos estudantes as funções da Polícia Civil e desmitificou o glamour dado ao delegado. “Quando passei no concurso para delegado com 23 anos, fui enviado para Posse, uma cidade bem distante de Goiânia. Tinha a responsabilidade de responder por 14 cidades e, às vezes, percorria mil quilômetros para fazer um flagrante. Aliás, havia lugares que carro não entrava e tínhamos que ir a cavalo. A sala em que ficava era precária”, contou Prado.Apesar dos desafios apresentados, o delegado expôs as gratificações da profissão. Eduardo participou da prisão dos principais traficantes de drogas do estado, como de Renato Pereira do Nascimento (“Macaco), Marcelo Gomes de Oliveira (Zói Verde) e Iterley Martins de Sousa. Prado também fez parte da equipe de investigação que encontrou o serial killer Tiago Henrique Gomes da Rocha.Durante o evento, Eduardo defendeu a municipalização da segurança pública. Segundo ele, a quantidade de guardas municipais é quase igual ao corpo de policiais militares e que a contribuição dos guardas para agir de forma ostensiva ajudaria no combate à criminalidade. Também criticou o sistema prisional brasileiro, que para ele está falido.O grupo de elite da Polícia Civil, GT3, também participou da apresentação com exposição de armamentos utilizados para cada tipo de operação.
PalestrasPara Lucas de Oliveira Gonçalves, 21, estudante de Direito, as palestras oferecidas com profissionais da área são importantes tanto para motivar quanto para esclarecer dúvidas. “Com os esclarecimentos e os vídeos apresentados, tenho mais convicção que quero ser delegado, apesar de estar contrariando meus pais que preferem a magistratura”, explica.Já para Kayque Oliveira Souza, 20, as palestras mostram a realidade e tiram a ideia utópica da profissão de delegado, por exemplo. “Faço estágio na 35º Promotoria de Justiça e sei das dificuldades enfrentadas pelos delegados, principalmente com a falta de efetivos. Mas, mesmo assim, os trabalhos são executados com excelência. Por mais que não queira seguir a carreira de delegado, compreender a rotina do profissional é conhecimento que não deve ser ignorado”.