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A diretoria do Jóquei Clube de Goiás e a Sociedade de Educação e Cultura de Goiânia S/A negociam uma saída honrosa para o uso da sede social do aristocrata clube que tem um passivo de mais de R$ 30 milhões. O terreno e o prédio que já foi uma joia da arquitetura goiana estão encravados entre a Avenida Anhanguera e Rua 3, em pleno Centro de Goiânia, um dos endereços mais valorizados da capital.
“Não sei se sou presidente do clube ou síndico de uma massa falida”, lamenta o atual presidente, Manoel Mota. O advogado e ex-deputado tem pela frente a missão de administrar o que sobrou do dilapidado patrimônio do Jóquei Clube que após décadas de desmandos e acúmulo de dívidas é apenas um elefante branco de concreto armado no coração de Goiânia. Uma quadra que já quase não é mais utilizada, piscinas cheias de rachaduras que acumulam água da chuva suja e fedorenta e que sempre viram criadouros de mosquitos da dengue, o que foi o glamouroso salão de baile hoje padece de sujeira e muitas goteiras e o que era um bonito bosque virou um estacionamento que alguns espertos usam para salvar algum dinheiro. Até o piano de cauda, relíquia dos tempos dourados do aristocrático clube foi surrupiado e ninguém sabe onde foi parar.
A novela do Jóquei se arrasta há coisa de 10 anos, desde que a diretoria da época tentou vender tudo e passar o patrimônio nos cobres. Ações pontuais de sócios impediram a negociação, mas não serviram para impedir que a dilapidação continuasse. Na época o empresário Walter Paulo Santiago, dono da Faculdade Padrão, tentava comprar a sede da Avenida Anhanguera para montar uma unidade de sua faculdade. Foi feito um contrato com uma entidade que poderia dar destinação diversa de clube à construção e terreno. Essa entidade era uma tal Sociedade de Educação e Cultura de Goiânia S/A e à sua frente estava Alex Marcório Santiago, filho de Walter Paulo Santiago.
Depois disso a Padrão afundou-se em dívidas, notas baixas do Ministério da Educação e Cultura, caiu de 11.000 alunos para pouco mais de 1.000 gatos pingados em suas salas de aula e perdeu o bonde da história, além de não ter mais canja para pleitear a exploração do patrimônio que sobrou da sede social do Jóquei Clube. Walter Paulo virou vice-prefeito de Senador Canedo e abandonou a educação.
Hoje a direção da Sociedade de Educação e Cultura de Goiânia está a cargo de um advogado que gere os interesses de terceiros interessados em salvar o que restou do patrimônio e dar alguma destinação decente ao prédio e terreno.
Dívidas
As dívidas trabalhistas do Jóquei Clube ainda beiram R$ 8 milhões, enquanto o que o clube deve de IPTU ultrapassa a casa dos R$ 10 milhões e ninguém sabe ao certo como isso deverá ser quitado. O que se sabe é apenas que tentam enxugar gelo e rolar o passivo para ser pago em suaves prestações.
Um advogado que assessora o grupo que administra o clube desde os tempos da Faculdade Padrão conta que a tentativa de revitalizar o local passa obrigatoriamente pela negociação para uma nova destinação. “Há grupos interessados que já ofereceram acordos plausíveis para uma ocupação correta e que gere renda capaz de solucionar os problemas e evitar o acúmulo de débitos”, explica. Esse mesmo consultor dá o mote do que poderá se suceder com a sede do Jóquei Clube.
“Representantes da Igreja Universal acenaram positivamente com a intenção de erguer um templo porque a Avenida Anhanguera é uma das principais artérias da capital e o tráfego de pessoas é alto, o que interessa muito a uma igreja popular assim”, comenta. Outro segmento que tem grande interesse no local é um atacadista que quer atingir o público do Centro e Setor Oeste, setores nobres de Goiânia desprovidos de um serviço assim. Um atacadista instalou recentemente em plena Avenida Independência, onde um dia foi a Casa de Prisão Provisória.
“Acreditamos que a negociação flua com rapidez e segurança nos próximos meses para podermos concluir a tentativa de salvar o que restou do patrimônio”, finaliza.
