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Há tempos a matemática mais assusta do que realmente incomoda quem estudou para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Considerada inicialmente a prova mais difícil das seleções para as faculdades, ela hoje foi ultrapassada pela redação e até mesmo pela filosofia – que no último domingo exigiu, por exemplo, autores e temas que caem até mesmo em complexos doutorados.
Um dia antes da realização das provas de exatas e biológicas do exame que é a porta de entrada para as melhores faculdades do Brasil, o DM traz a opinião dos especialistas sobre o que poderá cair neste domingo. Um aviso: 80% da prova deve ser matemática básica, que se aprende no primário.
Na sexta-feira, a matemática deu a tônica nas principais escolas de Goiânia. No Prevest, Dinâmico, Simbios, dentre outros, imperou a revisão com aquelas questões que os professores apostam um milhão que podem cair.
Ainda dá tempo, portanto, para revisar razão, proporção, grandezas, porcentagem, tabelas e gráficos.
Em tempo: analise, se possível, primeiro as perguntas e depois avance nos textos maiores que abrem as questões.
O que mais cai
O professor Adriano Diniz - dos colégios Dinâmico, Simbios, Córtex e Protágoras - diz que a regra do Enem é privilegiar matemática básica – portanto, aquela matéria mais simples, muitas vezes rejeitada pelos CDFs da sala, é que mais cai na prova. Mas Adriano Diniz alerta: ao contrário da prova de linguagens, seus códigos e tecnologias, que não exigiu nenhuma questão de gramática no exame deste ano, a matemática tem contas – ainda que muitas vezes simples, mas que exigem a capacidade de resolução dos problemas através dos números.
“Mesmo tabelas e gráficos exigem alguma conta. Não tem como fugir. É uma prova de 45 questões. Logo, muita conta no Enem não pode ser surpresa. O aluno tem que ser habilidoso para simplificar contas que facilitam resultados. Em muitas questões, as alternativas não estão tão próximas e o estudante pode visualmente perceber pela distância a resposta ou jogar valores numa função ou equação para chegar na assertiva correta”.
Conforme o professor, em algumas questões o estudante terá mais de um caminho para seguir. Logo, deve escolher o mais rápido e procurar responder ao que pede a prova.
“O esqueleto da matemática no Enem é pronto. Ele já vem se repetindo. A matéria que mais cai é matemática básica. E dentro desta temática, temos a razão, proporção, grandezas, porcentagem, tabelas e gráficos. Grande parte da prova vai estar em torno desta temática”.
O que não se pode esquecer
Adriano Diniz diz que depois da matemática básica, a geometria é o que mais cai no exame. Por isso, outras matérias não podem ser esquecidas: geometria espacial (volumes de sólido, áreas de figuras planas e semelhanças), probabilidade, análise combinatória, estatística, função do primeiro e segundo grau também podem ser exigidas. “Com certeza isso, mais matemática básica, será 80% da prova”, diz o professor dos principais cursinhos e escolas de Goiânia.
Por outro lado, o professor informa que existe um conjunto de temas pouco explorados – e que o próprio Enem já torna explícito. “Desde 2009 o exame tem deixado claro algumas matérias que não caem ou que o aluno deve passar os olhos rapidamente, tipo as matrizes determinantes, polinômios, números complexos, etc. Provavelmente isso não deve aparecer na prova de jeito nenhum”.
Como fazer a prova
Adriano Diniz afirma que o aluno deve começar a resolver as questões mais fáceis. E só depois encarar as mais complexas. “Ele deve fazer a primeira leitura e se não surgiu nenhuma ideia de como resolver a questão, não pode ter vergonha: deve pular. Outra coisa: precisa perceber que são 45 questões. No início provavelmente ele começa nervoso. Então aí que é o momento para não parar e travar”.
Conforme o professor, enfrentar as perguntas mais leves tem uma lógica emocional: “Na medida que você faz as mais fáceis, vai se tranquilizando. Muitas questões são tão difíceis que o estudante deve perceber se compensa mesmo perder tempo. Outra dica é observar as sequências: às vezes tem uma mais difícil e outras mais fáceis.”
Resolva as questões mais fáceis
O aluno Michael Douglas Barreto e Silva afirma ao DM que disputa uma vaga de medicina. Mas não teme a matemática. Para ele, o “diabo” é a redação e a filosofia. “Neste domingo estarei em casa, com meu time em campo. É jogo com casa lotada. Vou fazer as questões mais fáceis e depois tentar matemática, que tem peso menor na faculdade que vou tentar vaga. Esse ‘diabo de números’ já domei no primário”.
O pesquisador em matemática Luís Antônio Souza, que estuda na UFG as questões que caem do Enem, diz que as provas de matemática seguem o modelo das demais: contextualização e textos longos. Logo, existe sempre a barreira da estafa mental para quem já leu muita coisa nos últimos dias: “O estudante precisa ir com calma. O texto tende a cansá-lo rapidamente. O que tenho observado é que as últimas questões costumam ser as mais fáceis. Entender esta topografia da prova é essencial. Não fique nas cordas. Saia de onde não evolui”.
Sua sugestão é: ler a questão, grifar, circular as informações. “Só depois deve tentar resolver a prova. E precisa ter um panorama na cabeça e fazer a seguinte pergunta: será que vou acertar a questão? Caso contrário deve deixar para trás as questões mais complexas e se concentrar nas fáceis”.
Ele orienta que o aluno médio procure recapitular a matemática básica e os que tentam vagas em áreas como engenharia civil, onde o peso de matemática pode chegar a 3 ou 4, devem procurar evitar o famoso “branco”: “Faça um resumo e observe neste sábado, mas sem cobranças”. A segunda prova do Enem será aplicada amanhã, 12, e abordará matemática e ciências da natureza. Diferente da primeira prova, mais longa, a de amanhã terá duração de quatro horas e meia.
O primeiro dia da prova do Enem teve abstenção de 30% dos alunos. A expectativa é de que amanhã o certame tenha ainda um resíduo de 10% de alunos faltosos.
