A Polícia Federal (PF) deflagrou na última terça-feira (21/11) a Operação Ouro de Ofir e identificou pastores evangélicos ligados a uma organização criminosa acusada de dar golpes milionários em ao menos 25 mil pessoas no país. O grupo atuava como instituição financeira clandestina e prometia altos lucros às vítimas que faziam investimentos em um negócio fictício.
“A característica principal da fraude está em atingir a fé das pessoas e na sua crença em um enriquecimento rápido e legítimo, levando-as a crer, inclusive, que tal mecanismo seria um ‘presente de deus aos fiéis’, ou seja, trazendo a fé religiosa para o centro da fraude (…) Muitas pessoas não estão interessadas em entender, pensar ou se informar – só estão interessadas em acreditar”, diz trecho de relatório do delegado Guilherme Farias, em relatório.
Golpes
De acordo com as investigações, diversas histórias eram utilizadas para o convencimento das pessoas. A Polícia informou que a quadrilha usava as redes sociais para passar informações sobre "oportunidades" de investimento.
Embora usassem mais de uma narrativa, somente dois crimes realizados com duas histórias foram investigados pela operação. O enredo de uma refere-se a uma suposta família no Campo Grande (MS). Segundo o golpe, esta teria direito a lucros da venda de toneladas de ouro do período imperial (1882-1889).
A família faria um acordo com a ‘Corte Internacional’. 40% do valor recebido por herdeiros seriam doados a terceiros, no caso, as pessoas que investiram.
Em outra, os criminosos pediam certa quantia às vítimas em troca da ‘recuperação de antigas letras do Tesouro Nacional’. O golpe era o mesmo. O grupo cobrava no mínimo R$ mil reais e prometia grandes lucros.
Em ambos casos, as vítimas nunca receberam. As investigações apontam que alguns deram mais de R$ 20 mil.
De acordo com a PF, os criminosos se juntavam com pastores evangélicos para a venda do 'negócio' a fiéis das igrejas evangélicas. Os religiosos atuavam com a estimulação do investimento.