A Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater) desenvolveu uma pesquisa com fruteiras nativas do Cerrado com coleta de diferentes variedades dessas plantas. O pequi teve 1.500 tipos diferentes registrados, dos quais 53 são próprios para comércio. As principais características observadas foram polpas espessas, coloração alaranjada, branca, amarelo-claro, sabor amargo, resistência a doenças, alta produtividade e até mesmo frutos sem espinho.
“Nós conseguimos observar que existe pequi grande, com bastante polpa, sem espinhos, avermelhados e com uma boa indicação para a indústria, porque as fatias são facilmente retiradas”, relata a engenheira agrônoma Elainy Botelho Carvalho Pereira, uma das pesquisadores da Emater. A fatiagem dos pequis comuns é feita manualmente e sua produção em larga escala poderia expandir o mercado do fruto. Além disso, um pequi sem espinho pode ser facilmente consumido por crianças e turistas.
O surgimento de diferentes variedades de uma mesma planta acontece devido às recombinações genéticas, assim como acontece na espécie humana. O objetivo do projeto é identificar quais os melhores destinos para cada variedade do fruto, que é um dos principais símbolos da culinária goiana. Os pequis pequenos e com cores fortes são ideais para misturar com outros alimentos, como o arroz. Para o cultivo em jardins ou vasos, o pequi anão é mais recomendado.
A Emater também trabalha com o melhoramento genético de algumas variedades, clonando sementes dos tipos desejados. Elainy explica como é o processo de melhoramento genético de pequis sem espinho. “Coletamos os pequis sem espinho e cruzamos eles com outro tipo de pequi. Em seguida, avaliamos os filhos, selecionamos aqueles que nascem sem espinhos e clonamos”, detalha.
A demanda por variedades de pequi aumentou após a aprovação do novo Código Florestal Brasileiro, que obriga toda propriedade rural localizada na região de cerrado a ter 35% de reserva legal e, nas regiões de campos, 20%. Reserva legal é uma região que possui cobertura de vegetação nativa. A porcentagem de reserva legal varia para cada estado e, em Goiás, a exigência é de 20%.
A determinação, que pode multar o proprietário rural que não manter o mínimo da reserva, aumentou a procura por tipos específicos de pequi. Essa é uma saída encontrada por muitos produtores rurais que querem atender a lei e, ao mesmo tempo, não deixar a terra improdutiva. O plantio de uma semente de pequi com boas condições de produtividade e comércio atenderia as duas necessidades.
O baixo custo de produção e a alta procura pelo fruto, também são fatores que tem aumentado a busca por sementes específicas. “O pequi é muito valioso. Um litro custa em média R$ 10 e o processo de cultivo e colheita é muito simples”, explica a pesquisadora. Nas épocas chuvosas, o pequi atinge rápido desenvolvimento e alta produtividade.
A Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego), através da Frente Parlamentar do Cerrado e da Frente Parlamentar do Agronegócio, organizará uma visita técnica à futura sede da Emater. Na ocasião, as pesquisas e seus resultados, que também envolvem fruteiras como mangaba, cagaita e araticum serão apresentados. A nova sede será no Campus II da Universidade Federal de Goiás. O evento ainda não tem data definida .