Um evento que debateu o empreendedorismo como um organismo formado por vários empreendedores foi realizado na última terça-feira, 12, no instituto de renovação parque tecnológico Gyntec. O evento contou com a participação de empreendedores dos mais diversos ramos de negócios de todo o Estado de Goiás. O evento foi realizado pela Ace Gyntec em parceria com a Rede Goiana de Inovação (RGI), a Fundação de Desenvolvimento de Tecnópolis (Funtec), o Centro de Empreendedorismo e Incubação (CEI - UFG) e a ACE Startup.
O evento premiou três empreendedores que foram destaques no ano de 2017, entre eles Emilia Rosangela, presidente da RGI, que recebeu prêmio de Mulher mais Inovadora do Ano. O diretor de marketing e sócio-fundador do Instituto Gyntec Marcos Bernardo Campos destacou os serviços prestados por Emilia Rosangela em prol do ecossistema empreendedor goiano, especialmente à frente do Centro de Empreendedorismo da UFG, nos últimos anos, e em 2017 como presidente da Rede Goiana de Inovação. Emília também recebeu cumprimentos pela posse na diretoria administrativo-financeira da Anprotec (Associação Nacional das Entidades de Apoio a Empreendimentos Inovadores).
O presidente da Funtec, Professor Lázaro Xavier, recebeu o prêmio de Investidor Anjo mais Inovador do Ano, destacando-se pelo empenho em prol da pesquisa, tecnologia e inovação. Reilly Rangel, Presidente do Instituto Gyntec de Inovação, recebeu o prêmio de Empresário mais Inovador do Ano.
A presidente da Rede Goiana de inovação destacou alguns pontos do empreendedorismo no Estado, ela se diz satisfeita com o resultado do ano de 2017. “Meu trabalho começou em 2004 com o projeto de incubadoras de empresas da Universidade Federal de Goiás, nasceu como um programa de incubadora, mas já em 2014 ele deixou de ser um programa para um centro de empreendedorismo e inovação”, explica.
ENTREVISTA
Entrevista com Emilia Rosangela, premiada como a mulher mais empreendedora do ano
Eleita como a mulher mais empreendedora do ano, Emilia Rosangela, presidente da Rede Goiana de Inovação, bateu um papo com o Diário da Manhã sobre a importância das incubadoras e aceleradoras. Emilia acredita que ainda falta mais comunicação para que o empreendedor tenha conhecimento dos meios que podem auxiliar e apoiá-los na hora de empreender.
Diário da Manhã - Qual o papel de uma incubadora?
Emilia Rosangela - É de dar apoio e suporte tecnológico para os três primeiros anos de vida de uma micro pequena empresa , esses três anos são os mais críticos de uma empresa, esse nosso apoio vem para que ela consiga se manter no mercado. A gente trabalha desde a ideação, que é quando a pessoa tem somente a ideia sobre o projeto que deseja realizar. Damos todo o apoio técnico para que ele possa desenvolver o projeto para que ele vire um negócio. No nosso estado os projetos de incubadoras ainda é novo, nasceu somente em 2002, a gente está trabalhando para levar o que está sendo feito e desenvolvido na academia mas também outras propostas que nascem de empreendedores que não estão ligados a nenhuma universidade.
DM - Além da inovação de um produto ou serviço, o que irá dizer se uma empresa terá ou não uma vida útil longa no mercado?
Emilia - Não adianta somente ter um produto excelente, tem que ter também um perfil empreendedor. Por exemplo, o pessoal que vem da academia é mais voltado para o desenvolvimento de produtos, eles são muito bons na técnica. O papel da incubadora é justamente fazer o outro lado, prepará-los para a gestão e para o mercado, fazer com que possam desenvolver um empreendimento inovador, mas que tenham capacidade suficiente para ter sustentabilidade em um mercado altamente concorrido.
DM - Quais as startups goianas que foram incubadas pela CEI e foram destaque no mercado?
Emilia - Temos uma empresa na área de tecnologia, mais especificamente de engenharia elétrica. A ‘Seu Condomínio’, que é uma empresa de softwares de gestão de condomínio que não atende somente em Goiânia, mas atua também fora do estado e principalmente no Distrito Federal. E o Projeto Redação, que faz um excelente trabalho com o sistema de correções de redações para o Exame Nacional de Ensino Médio. O Projeto Redação prepara o aluno para que ele possa obter melhores resultados nas redações do exame. Importante ressaltar que o projeto, no ano passado, teve importante peso para um estudante que tirou nota máxima na redação do Enem, esse aluno que era do Ceará se capacitou através desse projeto.
DM - Por que as empresas de tecnologia são mais privilegiadas para a criação de startups?
Emilia - O empreendedor da área da tecnologia da informação e comunicação ele só vai precisar da ideia e de um computador para colocar essa ideia em prática. Já alguém da área de biotecnologia, por exemplo, ele tem uma demanda de pesquisa, laboratórios, insumos além de todo um processo burocrático como a aprovação da Anvisa. Isso irá demandar um tempo maior para que o seu produto entre no mercado e demore mais a gerar resultados, o empreendedor da área tecnológica tem esse privilégio.
DM - Ainda é difícil falar em empreendedorismo no Brasil?
Emilia - Não acho que seja difícil falar de empreendedorismo no Brasil, eu vejo que é mais difícil empreender. Por que para você empreender você precisa de recursos. As vezes, o que pode ter esse impedimento na hora de empreender é quando o empreendedor não conhece as fontes de apoio que ele pode ter. Poucas pessoas conhecem o que é uma incubadora ou o que é uma aceleradora ou uma fonte de financiamento e fomento como é o caso da Funtec que são instituições que aportam recursos para esse empreendedor poder desenvolver o seu projeto de base tecnológico, sem o acesso a essas informações o empreendedor pode ficar sem rumo. Acho que se fala de mais sobre empreender, mas falta um pouco de ações e comunicações para que esse empreendedor que está querendo empreender tenha acesso a essas fontes de apoio.
O pessoal que vem da academia é mais voltado para o desenvolvimento de produtos, eles são muito bons na técnica. O papel da incubadora é justamente fazer o outro lado, prepará-los para a gestão e para o mercado, fazer com que possam desenvolver um empreendimento inovador”