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Um levantamento encomendado pelo Instituto Patrícia Galvão realizado pelo Instituto Locomotiva de Pesquisa mostrou que, apesar de o aborto ser proibido no Brasil, pelo menos 45% dos brasileiros acima de 16 anos conhecem alguma mulher que já tenha interrompido a gravidez.
Dos entrevistados, somente 26% afirmam ser favoráveis ao aborto, como publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo. O trabalho foi realizado em 12 regiões metropolitanas, que juntas, concentram cerca de 80% da população do país.
Ao todo, a pesquisa ouviu 1,6 mil pessoas e foi divulgada no momento em que a Câmara dos Deputados discute a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 181, que caso seja aprovada, vai levar à proibição de todas as formas de aborto no Brasil, incluindo hipóteses de gravidez ocasionadas por estupro e gestações que tragam risco à vida da mulher.
Dados
Entre as pessoas entrevistadas, 10% não são contrárias e nem favoráveis ao direito de a mulher decidir sobre interromper a gestação. Outros 62% se manifestaram contrários e 2% não souberam responder.
Metade acredita que a mulher que pratica o aborto deve ser presa, mas quando a problemática se refere a um conhecido, o cenário muda, segundo a diretora de pesquisas do Instituto Locomotiva, Maria Saruê Machado. Para ela, “quando se humaniza o tema, os números são outros".
Questionados sobre qual medida tomariam ao ver alguém próximo se tornar adepto à prática, apenas 7% disseram que chamariam a polícia. Do total, 47% afirmaram que não fariam nada; 12% dariam apoio e 19% brigariam com a mulher.
Em entrevista à Agência Estado, a médica e diretora do Hospital da Mulher Heloneida Stuart, no Rio de Janeiro, Ana Teresa Derraik, afirma que os resultados mostram a “falta de traquejo da sociedade e o quanto é difícil de as pessoas verem o real impacto da questão".
A profissional acrescenta que os dados comprovam que a clandestinidade não impede altos índices de aborto. "Todos conhecem alguém que fez e todos estão sujeitos a ter alguém próximo que se vê diante de uma gravidez indesejada", finalizou.
Complicações
Dados do Ministério da Saúde revelam uma realidade preocupante sobre a quantidade de casos que são registrados no país de mulheres que morreram por complicações após realizarem abortos clandestinos.
A média é de quatro por dia que buscam socorro nas unidades de saúde por complicações do aborto. A estimativa é de que cerca de 700 mil mulheres interrompem a gestação no Brasil.