As forças de segurança pública de Goiás tentam recapturar 99 presos que continuam foragidos do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Na segunda-feira (01/01), o local foi palco de uma rebelião que deixou nove mortos e 14 feridos. As vítimas fatais tiveram os corpos carbonizados e duas delas foram decapitados.
Nesta terça-feira (02/01), a Superintendência Executiva de Administração Penitenciária (Seap) se pronunciou sobre o assunto e informou que ‘não há motivo para pânico’.
“Equipes de toda a força de segurança estão no combate, todos estão atentos com prioridade de atuação, a população deve ter cuidados de segurança normais", afirmou o superintendente Newton Castilho.
A rebelião teve início por volta das 14h de segunda-feira, na Colônia Agroindustrial de Regime Semi-aberto e foi controlada duas horas depois. Segundo informações da Seap, a confusão causou a saída de 90 presos que ficaram na porta da unidade por questão de segurança. Eles retornaram após a normalização da situação. Além deles, outros 242 detentos fugiram. 143 já foram recapturados.
“Eles preferiram sair da unidade por uma questão de sobrevivência, não com o intuito de fugir”, disse o superintendente.
Falta de estrutura
De acordo com Castilho, uma briga antiga entre grupos rivais por conta de tráfico de drogas originou a confusão. Detentos da ala C invadiram as alas A, B e D, locais em que ficam presos rivais.
Ele confirmou ainda que a invasão teve início depois que os presos fizeram um buraco na parede das outras alas no mesmo dia do motim.
Castilho também informou que há uma superlotação na penitenciária. Segundo ele, a unidade tem capacidade para 530 detentos, no entanto, abrigava 768 internos. No momento da rebelião, somente cinco agentes penitenciários estavam presentes no Complexo.
“A estrutura não oferece a segurança adequada em termos de concreto e ferragens para impedir a ação dos presos. É uma estrutura frágil, na qual um buraco pode ser aberto rapidamente”, declarou o superintendente.
Depois da confusão, 153 homens foram transferidos para o Núcleo de Custódia e para o Módulo de Segurança do Complexo Prisional. Algumas localidades da Colônia Agroindustrial estão interditadas já que ficou destruída e deve ser reformada.
Castilho comentou ainda que pediu ao governador do estado, Marconi Perillo (PSDB) que as obras de cinco presídios no interior sejam concluídas rapidamente. Além disso, solicitou o chamamento de vigilantes temporários, assim como a realização de um certame para o cargo de agente prisional.
Resposta do Governo
Durante reunião nesta terça-feira com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública e de outros setores do governo, no Palácio das Esmeraldas, Marconi Perillo anunciou um pacote de medidas de emergência a curto e médio prazo, assim como cobrou celeridade dos trabalhos em andamento em Anápolis, Formosa, Águas Lindas, Planaltina e Novo Gama.
“Estamos aqui para procurar, neste segundo dia do ano, uma resposta definitiva para o problema. Assim como viramos a página da Saúde e estamos resolvendo o problema da Educação e da Segurança. Temos que resolver, e de vez, o sistema penitenciário. Temos que dar solução. Vamos dar celeridade às obras. Estarei à disposição. Podem me acionar a qualquer hora do dia”, afirmou.
Cerca de R$ 17 milhões foram destinados aos novos presídios, assim como R$ 11 milhões para a construção e R$ 6 milhões para os equipamentos.
O governador também afirmou que vai acelerar a aprovação do projeto de Lei já enviado à Assembleia Legislativa, que visa criar a Diretoria-Geral do Sistema Prisional. O objetivo é permitir ao Executivo a gestão da vaga prisional, hoje exercida pelo Poder Judiciário.
“As novas vagas vão ajudar a diminuir os casos de superlotação. Além disso, vamos investir em penas alternativas. Já há um planejamento para isso, a pena alternativa está voltada para presos de baixa periculosidade. Ou seja, o Estado vai realizar um conjunto de medidas e acelerar outras que já estão em curso”, declarou.
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