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Jogadores fazem campanha contra abusos sexuais no futebol

Arte: Reprodução/Estadão


Devido as várias denúncias de assédio sexual no meio esportivo nos últimos meses, jogadores de times de futebol brasileiros se uniram em uma campanha contra este tipo de violência. Um vídeo criado pelo Sindicato de Atletas de São Paulo que reúne 33 jogadores e ex atletas com a hashtag #chegadeabuso é o primeiro dos diversos atos com objetivo preventivo que circularão nos clubes durante o ano.

Diego Lugano, Rodrigo Caio, Leandrão (Boavista), Julio Cesar (goleiro do Red Bull Brasil), Giovanni (ex-Santos), Danilo Fernandes, Felipe (zagueiro do Porto), Souza (ex-Flamengo), Cicinho, Edu Dracena e Moisés, entre outros, estão nas imagens.

“A ideia foi chamar jogadores de destaque, que são ouvidos pelo grande público e são formadores de opinião”, explicou o ex-goleiro e um dos idealizadores da campanha Alexandre Montrimas que já afirmou ter sido alvo de assédio por técnicos, preparadores e dirigentes ao longo de sua trajetória no esporte. “Eu sofri essa tentativa de abuso durante muitos anos, mas sempre entendi o que era isso, pois tinha meus pais perto de mim. Em 10 dos meus 20 anos de carreira, entre categoria de base e clubes pequenos, eu fui assediado. Justamente em um período em que eu me encontrava vulnerável”, contou.

Desde 2017, o ex-jogador ministra palestras para crianças e adolescentes a fim de alertar sobre o perigo. “O assédio vem em forma de convite, de abuso psicológico. Explico aos jovens o que é assédio e o que fazer para evitar e como denunciar. Após as palestras, às vezes eu tenho relatos de abusos sexuais, não no clube, mas de um amigo de alguém. Eles se identificam com isso, pois acaba criando uma ligação de confiança”, comentou.

O presidente do sindicato, Rinaldo Martorelli, afirmou à reportagem que aproximadamente 1.500 jovens já foram atendidos pelas palestras. “A ‘autoridade’ do assediador acaba intimidando o assediado. Em outros casos, a fragilidade, inclusive financeira, do assediado leva a esse tipo de situação. É a ‘autoridade’ do treinador, do preparador, do agente. Muitas vezes o menino nem entende que é assédio”, disse.

Montrimas e Martorelli falaram também que campanhas como esta podem auxiliar na prevenção de casos como o da ginástica dos Estados Unidos revelado em janeiro quando o médico Larry Nassar foi acusado de abusar de 156 mulheres e condenado a 175 anos de prisão.

Na última segunda-feira (19/02), outro caso deste tipo de violência ganhou os noticiários. O ex-treinador inglês Barry Bennell também foi condenado por abusar sexualmente de 12 crianças com idades entre 8 e 15 anos de um time da quarta divisão inglesa. Ele cumprirá 30 anos em regime fechado.

“Se tivesse tido campanha explicando o que é abuso, até para os pais, talvez esses episódios tristes não tivessem acontecido. Futebol é um esporte de massa e os alvos ficam fáceis para esses predadores. Queremos chamar atenção para o assunto”, finalizou Montrimas.

Veja vídeo:

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